Pelo segundo ano consecutivo, a nova geração do circuito marca presença na final feminina de Roland Garros. A norte-americana Sofia Kenin e a polonesa Iga Swiatek decidem o título do Grand Slam francês a partir das 10h (de Brasília) deste sábado. Aos 21 anos e número 6 do mundo, Kenin busca seu segundo título de Slam. Ela já foi campeã do Australian Open no início da temporada. Já Swiatek, de apenas 19 anos e 54ª colocada, faz o melhor resultado da carreira.
Kenin e Swiatek nunca se enfrentaram pelo circuito profissional, mas já duelaram há bastante tempo nas quadras de saibro em Paris. Elas se enfrentaram pelo torneio juvenil de Roland Garros em 2016 e a polonesa, então com 16 anos, venceu o duelo por 6/4 e 7/5.
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+ Kenin foi moldada desde a infância para ser campeã
“Lembro que perdi, mas não me lembro de como eu joguei. Mas posso dizer que me sentia menos confortável no saibro do que agora, ou como no ano passado, quando eu comecei a jogar melhor”, disse Kenin, depois da vitória na semifinal sobre a tcheca Petra Kvitova na última quinta-feira. “Não me lembro do que aconteceu no jogo. É claro, nós dois somos jogadoras diferentes e eu tenho que descobrir o que ela faz. Ela teve duas ótimas semanas aqui, com ótimos resultados e está jogando muito bem”.
This will be the 1st time since 2003 that both @rolandgarros finalists are 21-and-under (21yo Henin d. 20yo Clijsters).#RG20 pic.twitter.com/SulmpiXFox
— WTA Insider (@WTA_insider) October 8, 2020
Roland Garros não tinha uma final entre duas jogadoras tão jovens desde 2003, no duelo entre as belgas Justine Henin e Kim Clijsters. Na época, a campeã Henin tinha 21 anos e sua compatriota estava com 20. Já a última final de Grand Slam com duas atletas tão foi no Australian Open de 2008, quando Maria Sharapova e Ana Ivanovic tinham apenas 20 anos e a russa foi campeã. No ano passado em Paris, a australiana Ashleigh Barty venceu seu primeiro Slam aos 23 anos. Sua rival foi a canhota tcheca Marketa Vondrousova, então com 19 anos.
Estilos de jogo das finalistas
Se não há um exato contraste de estilos, já que as duas jogadoras são mais familiarizadas com o jogo de fundo de quadra, vale destacar a variedade de recursos de Swiatek. A polonesa consegue adaptar seu jogo para atuar de forma mais agressiva, quando necessário, já que tem muita potência nos golpes, ou fazer um cheio de variações. Ela tem facilidade para quebrar ritmo com slices e utilizar os drop shots. Ao longo do torneio, enfrentou rivais com estilos muito distintos e se saiu muito bem.
Kenin aposta mais na consistência, mas também tem uma ótima leitura de jogo. Na semifinal contra Kvitova, a norte-americana sabia que não poderia competir com a tcheca na pancadaria, e tentou devolver os saques da rival um pouco mais próxima da linha de base e entrou em quadra ciente de que suas bolas não poderiam ficar curtas. Mesmo dando alguns pontos de graça, manteve-se fiel à tática até o fim.
Pontos, ranking e premiação
É certo que Swiatek terá o melhor ranking da carreira. Com 1.300 pontos já garantidos, ela está saltando para o 24º lugar do ranking. Se for campeã, a polonesa leva 2 mil pontos e entrará no top 20, ocupando a 17ª posição. Já Kenin está igualando o melhor ranking da carreira, ao atingir o quarto lugar, e pode ser a número 3 do mundo em caso de título.
O título de Roland Garros rende uma premiação de 1,6 milhão de euros, ou US$ 1,9 milhão. Já a vice-campeã recebe 800 mil euros, o equivalente a US$ 950 mil. O prêmio acumulado na carreira profissional de Kenin é de US$ 6,2 milhões. Já Swiatek tem US$ 1,6 milhão.
Polonesa ainda não perdeu sets
Swiatek ainda não perdeu sets nesta campanha em Roland Garros. A polonesa cedeu apenas 23 games nos seis jogos anteriores do torneio. A última campeã sem perder sets foi Justine Henin em 2007. Já a campeã com menor número de games perdidos por Steffi Graf em 1988, com apenas 20 games perdidos.
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Há uma diferença significativa de tempo em quadra entre as duas jogadoras. Swiatek passou exatamente 7h em quadra durante o torneio. Em média, seus jogos duraram 1h10. Kenin disputou 16 sets em Roland Garros, venceu 12 e perdeu quatro. A norte-americana passou 10h34 em quadra, com média de 1h46 de duração em cada partida.
Lado mental tem ajudado Swiatek
Algoz de Simona Halep, principal cabeça de chave do torneio nas oitavas de final, Swiatek destaca bastante sua evolução no aspecto mental do jogo. A polonesa tem um trabalho de longo prazo com a psicóloga esportiva Daria Abramowicz, que foi atleta profissional da vela. “Trabalhei com alguns outros psicólogos quando era mais jovem, mas a Daria foi a melhor, porque ela me entende e me conhece muito bem. Ela também foi atleta e treinadora, então faz o pacote completo. Ela me fez mais inteligente e agora sei mais sobre o esporte. Então, ela aumenta o meu nível de confiança”, comentou logo após a vitória sobre Halep no último domingo.
“Acredito que a resistência mental é provavelmente a coisa importante do tênis agora porque todas podem jogar no nível mais alto. Mas aquelas que são mais fortes mentalmente e suportam a pressão são as melhores. Então, eu sempre quis me desenvolver dessa forma”, explica a polonesa. Desde que superou Halep, Swiatek soube atuar como favorita nas fases seguintes. Ela enfrentou a italiana Martina Trevisan e argentina Nadia Podoroska, ambas vindas do qualificatório, e venceu com bastante tranquilidade. “Conversei com Daria sobre isso, mas mantive minha mentalidade das partidas anteriores. Eu fui apenas me concentrando no tênis, e não que eu estava jogando nas quartas de final e nem que estava enfrentando uma menina com ranking mais baixo”.
Mesmo sendo uma juvenil de destaque, teve poucos convites
Apesar de ter sido uma juvenil de destaque, com direito a um título de Wimbledon da categoria em 2018, Swiatek sempre teve que batalhar para disputar os grandes torneios do tênis profissional. Em toda sua carreira recebeu apenas cinco convites, e só para torneios do circuito da ITF, mas diz que a situação a fortaleceu.
“No começo, era muito chato, mas tive que aceitar que se você é de um país pequeno, da Europa Central ou Leste Europeu, pode ser um pouco mais difícil conseguir convites, porque não temos grandes torneios na Polônia e a federação não pode trocar convites com outros países. Assim que aceitei isso, percebi que seria muito melhor se eu merecesse as vagas e apenas continuei trabalhando. Eu sabia que se jogasse bem, não importava se tivesse que jogar o quali, eu conseguiria os pontos no ranking. Sabia que se eu fosse top 50 estaria na chave de qualquer torneio que eu quisesse. Continuei trabalhando duro. No começo era muito chato, mas depois eu não me importei”.
Kenin sofreu um duplo 6/0 há três semanas
Em uma temporada muito atípica do circuito, em razão da pandemia da Covid-19, houve apenas um grande torneio preparatório para Roland Garros. Há três semanas, as principais jogadoras do circuito estavam em Roma. Kenin sofreu uma dura derrota ainda na estreia, um duplo 6/0 para Victoria Azarenka em apenas 61 minutos. A norte-americana explica que retira lições desse jogo, mesmo sem ter nenhuma vontade de assistir ao vídeo.
“Quando eu perco uma partida, não gosto de assistir a mim mesma. Já é assim até quando venço, na verdade. Não gosto de me assistir. E esse jogo de Roma eu nunca quis ver. É claro que a Vika jogou muito bem e eu não vou para tirar qualquer mérito dela. Ela estava jogando um ótimo tênis e eu obviamente senti que não consegui encontrar meu jogo. Depois disso, viemos para Paris e eu tive uma semana ou mais para treinar e acostumar com o saibro e tentei não pense sobre esse jogo. Mas, sim, esse é um jogo que eu nunca vou assistir (sorrindo). Foi um desastre.
Seis norte-americanas já venceram Roland Garros
Na Era Aberta, seis jogadoras norte-americanas já foram campeãs de Roland Garros. A mais recente foi a tricampeã Serena Williams, que triunfou pela última vez em 2015. Jennifer Capriati, Chris Evert, Martina Navratilova, Billie Jean King e Nancy Richey já venceram em Paris. Já em 2018, Sloane Stephens foi vice.
Já Swiatek tenta dar o primeiro de Grand Slam em simples para a Polônia. Ela já repetiu a campanha de Jadwiga Jedrzejowska, vice-campeã de Roland Garros no distante ano de 1939. Recentemente, em 2012, a ex-número 2 do mundo Agnieszka Radwanska foi finalista de Wimbledon.
Que bom! Chega dessas “empurradoras de bolinha”, como aquela HALEP. Jesus, que jogo mais chato. É até uma vergonha pra WTA ter #1 do mundo como ela.