“Vamu Bia” avança em RG e Wild cansa
Por Chiquinho Leite Moreira
junho 3, 2023 às 5:24 pm

Os gritos de “vamu Bia” na quadra Simonne-Mathieu foram decisivos para levar Bia Haddad Maia a ganhar uma vaga entre as 16 melhores tenistas de Roland Garros 2023. Num dia em que não começou bem – Thiago Wild foi eliminado um pouco antes, no mesmo palco – a brasileira não parecia confortável. Sei lá se sentiu o peso de ser única representante em simples num evento do nível do Grand Slam francês. Mas incentivada pela torcida e por seu treinador Rafael Paciaroni ela reuniu forças para superar Ekatarina Alexandrova, de virada por dois sets a 1.

No começo do jogo Bia não esteve bem, Mas aos poucos foi entrando no ritmo e conseguiu igualar a série por 5 a 5. Mas logo veio uma ducha de água fria e acabou perdendo. No segundo impôs seu jogo e no terceiro, quando tudo parecia estar favorável, com dois breaks de vantagem apareceu o fantasma da eliminação. Salvou match point e ganhou ânimo para seguir na frente e celebrar a vitória.

Esse é um daqueles jogos que serve para encher o jogador de confiança. E agora vai ter pela frente a espanhola Sara Sorribes Tormo, número 132 da WTA, e foge de um confronto com Elena Rybakina, que acabou desistindo da competição. Entrar como favorita nas oitavas vai, novamente, exigir muita força mental de Bia.

E essa ausência de força mental foi o que mais ou menos determinou a eliminação de Thiago Wild. Primeiro, ele cansou, perdeu o físico e depois a cabaça também foi embora. É claro que deixa Roland Garros com um feito histórico, tendo vencido o número 2 do mundo Danill Medvedev em cinco sets na rodada de abertura, mas deve ser difícil digerir uma derrota como a que teve diante de Yoshihito Nishioka, pois sabe e mostrou que tem mais tênis que o japonês.

Bigodinho à D’Artagnan de Wild faz sucesso em Roland Garros
Por Chiquinho Leite Moreira
junho 1, 2023 às 5:49 pm

E não é que o bigodinho à D’Artagnan adotado por Thiago Wild para o torneio de Roland Garros está realmente fazendo sucesso e mais, dando sorte para o tenista brasileiro chegar a terceira rodada do Grand Slam francês. Mesmo assim, o seu último duelo em território parisiense não foi nada fácil diante do experiente argentino Guido Pella.

Depois de conseguir um resultado histórico na primeira rodada, alcançando a maior vitória de sua carreira ao derrotar o número 2 do mundo, Daniil Medvedev, Wild entrou na quadra 9 de Roland Garros com o peso do favoritismo. Depois de vencer o primeiro set, cedeu o segundo e seu comportamento explosivo por pouco não lhe custou a partida. É claro que é normal em jogo de cinco sets, os altos e baixos aparecerem, mas exagerou um pouco nas reclamações. O importante é que teve cabeça para retomar o domínio e já ao final da partida contou com a colaboração do argentino, praticamente desistindo do jogo.

Na próxima rodada, Wild volta a ter outro adversário canhoto, como o japonês Yoshihito Nishioka, que é um jogador perigoso. Não exatamente pela potência de seus golpes, mas especialmente pelo seu estilo. Não hesita em jogar a bola p’ra cima com muito giro, corta o físico do oponente e consegue bolas incríveis.

De volta ao bigodinho no estilo do mosqueteiro D’Artagnan, a denúncia de que estaria trazendo sorte para Wild, veio de seu treinador Duda Matos, piracicabano radicado no Rio. Ele após a vitória sobre Medvedev apareceu na tela da TV fazendo menção a nova aparência do tenista brasileiro.

O dia em Roland Garros foi novamente generoso para o tênis brasileiro. Afinal, Bia Haddad Maia voltou a impor seu favoritismo. É lógico que chegou a ser surpreendida pelo bom tênis de sua adversária a russa, radicada na Carolina do Norte, nos Estados Unidos. Não há dúvidas de Diana Schnaider tem muito mais jogo do que mostra o seu ranking, na 108a. colocação da WTA. Mas o importante foi que Bia conseguiu encontrar alternativas para voltar a vencer no saibro de Roland Garros.

Wild selvagem em RG bate a fera Medvedev
Por Chiquinho Leite Moreira
maio 30, 2023 às 8:31 pm

O que poderia parecer uma falta de sorte, ou seja, furar o quali e cair na primeira rodada da chave principal contra o número 2 do mundo e recém campeão no saibro do Aberto de Roma  acabou se transformando num dia histórico: Thiago Wild – com o perdão da ironia – foi selvagem em Roland Garros e bateu a fera Daniil Medvedev.

Já há um bom tempo a grande tenista Dadá Vieira alertou-me sobre o talento de Thiago Wild. Ele até participou algumas vezes do Ace BandSports e demonstrou um comportamento difícil. Tem sua vida marcada por um episódio injustificável, mas a minha ex-colega de trabalho tem razão. O paranaense joga um tênis arrogante, como ele, ás vezes pode parecer. Cheguei também a vê-lo em ação. E sabe como poucos manejar a raquete. Tem jogo para ir longe, aliás como demonstrou na sua estreia na chave principal de Roland Garros.

As condições na Philippe Chatrier não estavam nada favoráveis. E esta foi uma das reclamações do russo. Mas sinto dizer que o vento bateu para os dois jogadores. Por isso, Wild precisou ter muito controle emocional para superar grandes obstáculos e todas as variações que fazem parte de uma partida em melhor de cinco sets. É por isso tudo que para o tenista brasileiro este resultado histórico possa ser um divisor de águas.

Essa vitória também me remeteu a outros tempos, com resultados que fazem lembrar o que aconteceu nesta terça-feira. Exemplos da partida de Nico Mattar diante de Yannick Noah e de Jaime Oncins contra Ivan Lendl, num dia em que o tenista checo (depois naturalizado norte-americano) saiu de quadra falando que nunca tinha enfrentado uma direita tão boa como a do brasileiro.

Aproveite para conferir o comentário no link abaixo, com parceria https://www.lacoste.com/br/

Roland Garros é uma terra sem seu rei, by L’Équipe
Por Chiquinho Leite Moreira
maio 23, 2023 às 7:08 pm
Criativa capa do principal diário esportivo francês

Criativa capa do principal diário esportivo francês

Muito criativa e bem legal a recente manchete do principal jornal esportivo francês, L’Équipe, que curiosamente tem sua sede em Paris no mesmo bairro de Roland Garros, Boulogne-Billancourt. Em português, diz que este ano RG é uma terra sem seu rei. Vale lembrar que os franceses chamam o saibro (argila) de ‘terre battue’, daí a bela sacada.

É claro que a referência é Rafael Nadal. Mas também serve para demonstrar que o trono está vazio e quem vai ocupá-lo este ano é imprevisível. Ouso dizer que este Roland Garros, pelo menos no masculino, é um dos mais abertos dos últimos tempos.

Nadal fez de tudo para estar em Paris. Tentou jogar em Monte Carlo e não deu, assim como aconteceu também em Barcelona, Madri e agora Roland Garros. O espanhol vive um drama na tentativa de recuperar o seu físico e buscar tempo para admitir o inevitável: a aposentadoria. Vejo que ele deve preparar para o próximo ano um tour de despedida, assim como um grande astro de rock.

A ausência de Nadal também reflete um outro detalhe, com o qual concordo com o colega jornalista argentino e autor da revista Clay, Sebastien Fest, de que a pressão aumenta para Novak Djokovic. Teria, em tese, uma melhor chance de conquistar o 23.º Grand Slam, mas tem muita gente que pode atrapalhar seus planos. Afinal, há uma boa lista de candidatos ao título deste ano.

Outro detalhe é que, como de costume, a FFT (Federação Francesa de Tênis) atendeu ao ranking da ATP para determinar os cabeças de chave. Como o primeiro a atrapalhar os planos do sérvio foi Daniil Medvedev. O russo, com o troféu em Roma, será o cabeça 2.

Como número 3 na chave, Djokovic pode cair tanto do lado de Carlos Alcaraz como de Medvedev. Sei lá o que é pior para ele, mas ainda acho que iria preferir fugir do espanhol. Porém, há muita coisa pela frente. Afinal, o Grand Slam francês tem características próprias. Normalmente uma semana chove e deixa o piso lento e em outra bate o sol forte, mudando a velocidade. Como mais uma variável, ainda instaurou-se a sessão noturna e também jogos com o teto fechado na Philippe Chatrier.

Enfim, Roland Garros promete muitas emoções este ano. E como uma boa novidade para os amantes do tênis e, em especial para mim mesmo, fui convidado a gravar um rápido comentário diário, com análise da rodada e, é claro, notícias de bastidores. Como vocês devem saber estive cobrindo o torneio francês por 30 anos e tenho muitas histórias para contar.

Rei Carlos confirma e as boas lembranças brasileiras em Roma
Por Chiquinho Leite Moreira
maio 8, 2023 às 3:02 pm
Uma das quadras mais bonitas do mundo está no Foro Itálico

Uma das quadras mais bonitas do mundo está no Foro Itálico

Em tempos de coroação, Carlos Alcaraz confirmou seu talento e versatilidade ao confirmar o título do ATP 1000 de Madri. Segue agora para Roma, torneio fortíssimo e que servirá como principal prévia para Roland Garros. Há muito em jogo esta semana, mais até do que a liderança do ranking, virtualmente nas mãos do jovem tenista espanhol. Afinal, dos principais jogadores do momento, apenas Rafael Nadal não jogará nas quadras – mais lentas do que Madri e parecidas com Paris – do Foro Itálico.

O tênis mundial vive um momento intenso. Tanto no masculino como no feminino estamos diante de grandes valores, com perspectivas de bons duelos e muitas emoções. Para o Brasil, Madri representou um título importante de Bia Haddad Maia. Campeã de duplas, ao lado de Vika Azarenka, numa parceria que deve fazer sucesso nas próximas competições, mas acredito que tanto a brasileira como a tenista de Belarus devem sim priorizar a chave de simples.

Roma é um torneio belíssimo. O cenário é exuberante com uma das quadras mais bonitas do mundo, a Pallacorda, hoje rebatizada como Pietrangeli, o que deixa a competição ainda mais atraente.

O tênis brasileiro tem boas histórias para contar do Foro Italico. Lembro do vice campeonato de duplas de Danilo Marcelino e Mauro Menezes. em 1989. Perderam a final para Jim Courier e Pete Sampras. Mas a grande vingança em cima dos Estados Unidos veio dez anos depois: Fernando Meligeni, então número 58 do ranking, bateu Sampras em dois sets, numa verdadeira aula de como se jogar no saibro. Eu, por um problema na passagem aérea (na época existia uma tarifa chamada de ponto a ponto) planejei voltar à Europa a partir das quartas de final de Roma. E de posse de um outro tipo de ticket aéreo seguiria para Hamburgo, Paris e Londres. Com o resultado brilhante do Fino liguei para o então tour manager e hoje VP da ATP, Nicola Arzani para obter detalhes do jogo. Antes de qualquer coisa, ele me deu uma espécie de bronca, perguntando o que estava fazendo no Brasil e que minha credencial estava na recepção. Apesar do “puxão de orelha” posso dizer que tenho uma boa estrela. Cheguei a tempo de ver Guga Kuerte campeão ao vencer Patrick Rafter na final. O brasileiro também chegou as finais de de 2000 (perdeu para Magnus Norman e saiu exausto da quadra) e em 2001 para Juan Carlos Ferrero, mas em ambos os casos vingou-se semanas depois em Paris.

Na época uma das atrações de Roma era o restaurante La Serenissima. Era próximo ao hotel oficial, o Hilton Cavalieri. E uma das características no lugar era que praticamente não havia cardápio, O dono do lugar enchia a mesa com o antipasti e depois ainda vinha com os pratos principais. Por isso, tinha o apelido de “Assassino”, pois matava a gente de tanto comer. Mas se você saísse vivo de lá entenderia o nome da praça em frente ao restaurante: “Piazza delle Medaglia d’Oro”, sim éramos merecedores de uma medalha de ouro.

 

Alcaraz volta a brilhar mas imprensa europeia destaca Djoko e Nadal
Por Chiquinho Leite Moreira
abril 23, 2023 às 6:35 pm
Amelie Mairesmo, diretora do torneio, diz que é difícil imaginar RG sem Nadal. Será que a tão falada troca da guarda está chegando?

Amelie Mairesmo, diretora do torneio, diz que é difícil imaginar RG sem Nadal. Será que a tão falada troca da guarda está chegando?

A chamada “New Next Gen” segue fazendo sucesso, para nosso conforto. Carlos Alcaraz voltou a brilhar em Barcelona ao conquistar, com todos os méritos, o 9.º título de sua ainda precoce carreira, batendo na final o grego Stefano Tsitsipas em sets corridos. Em Munique, o também jovem tenista, o dinamarquês, Holger Rune sofreu diante do holandês Botic van de Zandschulp, mas depois de salvar quatro match points levantou o 4.º troféu como profissional.

Esses resultados mostram que há muito bom tênis para se admirar, com estes novos astros. já no presente e, certamente, por um longo período. Vejo que o circuito está repleto de bons jogadores, habilidosos, carismáticos e que valem cada centavo do ingresso pago. E o legal é que vários já contam com uma forte torcida e inúmeros seguidores. Recentemente até recebi mensagem para seguir (e assim fiz) um grupo no Twitter aqui do Brasil que acompanha tudo da carreira de Alcaraz.

Agora, como o mundo atualmente está um pouco chato, deixo claro que as conquistas deste fim de semana são manchetes em todo o mundo. Mas chamou minha atenção o destaque dado por diversos colegas da imprensa europeia. Senti que há uma grande preocupação sobre o futuro de Rafael Nadal e Novak Djokovic para Roland Garros. Afinal, ambos estão fora de Madri esta semana e não apresentaram bons resultados, recentemente. É claro que o sérvio ganhou o Australian Open no início do ano, mas me refiro as últimas semanas. Confesso que me sinto triste em ter de ficar explicando tudo para evitar a polarização. Gostava mais do tempo em que “para bom entendedor meia palavra basta’. Mas vamos em frente…

A verdade é que, não sem motivos, a imprensa espanhola destaca que com a desistência do ATP 1000 de Madri, Rafael Nadal vai chegar sem ritmo para Roland Garros. E se Djokovic ganhou um Grand Slam – o que não é nada pouco, muito pelo contrário – o espanhol só jogou quatro partidas este ano. Começou a temporada, na United Cup, perdendo para Alex de Minaur e Cameron Norie em três sets para ambos. Depois no AO estreou com vitória sobre Jack Draper e na derrota para Mackenzie McDonald já apresentou os problemas físicos que esperava estar solucionado em 8 semanas, mas perdura até hoje.

Difícil prever o futuro próximo de Nadal. Prefiro não apelar para o jornalismo especulativo e acreditar nas palavras do próprio tenista espanhol, em que as coisas se resolvem a cada dia que passa. O melhor é aguardar, pois se em Madri as condições – quadra um pouco mais rápida – não são as ideais para sua volta, Roma já é bem diferente e Roland Garros então nem se fala.

Situação pouco confortável também enfrenta Novak Djokovic. Forçado a abandonar a temporada de saibro, a jornalista francesa Carole Bouchard lembra que o sérvio já apresentou sintomas de que nem tudo estava bem em Monte Carlo e em Banja Luka. E não há dúvidas de que a derrota para o virtual campeão Dusan Lajovic selou a decisão do número 1 do mundo que o melhor seria se tratar, recuperar o cotovelo e o físico, pois sua condição atual não lhe permite competir no seu melhor.

Djoko tem 1870 pontos para defender no saibro. Ano passado foi campeão do Sérvia Open, semifinalista em Madri, campeão em Roma e alcançou as quartas de final de Roland Garros. Esta situação pode lhe custar a liderança do ranking. Mas, sinceramente, no atual estágio da carreira do sérvio acredito que para ele é muito mais importante conquistar títulos do Grand Slam, do que propriamente manter a condição de número 1 do mundo.

Djokovic segue pagando alto por suas convicções
Por Chiquinho Leite Moreira
abril 13, 2023 às 7:00 pm
Djokovic cai nas oitavas de MC e espera renascer como Fênix

Djokovic cai nas oitavas de MC e espera renascer como Fênix

A falta de ritmo ficou evidente na participação do líder do ranking mundial, Novak Djokovic, no ATP 1000 de Monte Carlo. Já na primeira rodada diante do qualifier Ivan Gakhov ficou evidente a dificuldade para impor a sua superioridade. Como gênio que é conseguiu safar-se do problema e avançou na competição, com o agradável apoio de sua família na plateia. Já diante do talentoso italiano Lorenzo Musseti a história foi outra. E o campeão de 2013 e 2015 volta a ser eliminado no evento que praticamente abre a temporada europeia de quadras de saibro, desta vez antes mesmo das quartas de final.

Djokovic, como se sabe, não ganhou o ritmo necessário por suas forçadas ausências nos 1000 de Indian Wells e Miami. Nem vale a pena discutir aqui suas convicções, pois é livre para cada um te suas opiniões e crenças. Mas, apenas no aspecto esportivo, não resta dúvida de que o preço pago por Djokovic é bem alto. Ele talvez lamente, mas não acredito que se arrependa.

É lógico que ainda há muito pela frente. A temporada é longa e ainda temos algumas boas semanas até Roland Garros. Djokovic vai sim encontrar uma forma de se recuperar. Mas é sempre bom lembrar que o melhor combustível para se ganhar confiança no tênis é a vitória, ainda mais quando ela vem de maneira convincente.

Dizem que o tempo é o senhor da razão. Por isso, uma derrota ainda nas primeiras competições desta temporada de saibro pode sim servir como alerta. Pior seria se acontecesse em Roland Garros. Mas um tenista com as características do sérvio, sem dúvida, sabe como tirar proveito desta situação e como na lenda de Fênix renascer ainda mais forte.

O outro lado do mais charmoso ATP 1000 do ano
Por Chiquinho Leite Moreira
abril 10, 2023 às 7:42 pm
Uma história de amor à cozinha italiana

Uma história de amor à cozinha italiana

Assim como a Fórmula 1, o tradicional Master – hoje ATP – 1000 de Monte Carlo é uma das mais concorridas competições esportivas do Principado. A micro cidade estado, localizada na Riviera Francesa e com o Mar Mediterrâneo como pano de fundo, é endereço também de alguns dos mais sofisticados eventos mundialmente famosos. Conhecido como ponto de recreação de ricos originários dos quatros cantos do planeta, no pequeno país – acreditem se quiser – existe um outro lado muito charmoso, gostoso e acessível.

Com pouco mais de 2 quiômetros quadrados de área é muito simples, por exemplo, hospedar-se em território francês. Aliás, a própria sede do torneio, o Monte Carlo Country Club, não fica em Monte Carlo ou Mônaco, mas sim avança 150 metros no território francês, em Cap Martin.

Ora, se o próprio torneio é disputado na França não há mal nenhum em procurar um local mais acessível para hospedar-se, bem ao lado do Principado. Nos meus bons tempos do Tour sempre ficava em Beausoleil, uma bela cidade vizinha e que também tem vista para o Mar Mediterrâneo, só que a alguns poucos quarteirões. As melhores opções para quem iria passar um bom período são os apart hotéis. Há dois muito próximos, os Adágios Palais Joséphine e o bem legal Adagio Monte Cristo – este um pouquinho mais longe -.

Levado por alguns colegas argentinos e animado com a companhia de vários jogadores “hermanos” , além do ex-tenista e então técnico Gabriel Markus fomos, certa vez, para dois 3 estrelinhas e nos dividimos entre os hotéis Continental e Diana, que são vizinhos de parede. numa rua em que de um lado é França e do outro Mônaco. Apenas cinco minutos andando para a direita do Casino ou 15 minutos para à esquerda do torneio. Como não gosto de jogar roleta etc e tal só passava na frente de um dos cartões postais para ir à Fnac. Ah… as vezes a gente tirava fotos ao lado dos cartões em frente ao Hotel de Paris.

O dia a dia em torneios não permite muitos passeios. Como gosto de acompanhar treinos, além dos jogos sempre chegava cedo no clube. Este “sacrifício “ em Monte Carlo era compensado pelo fato de nas provisórias instalações do evento não tinha sessão noturna. Os colegas do Tour gostavam de usar a frase “I hate night sessions “. Hoje todos nós temos de “engolir” vários torneios mesmo no saibro europeu invadindo à noite – vide Roland Garros -. Mas nem sempre foi assim e o legal de Monte Carlo que, invariavelmente, às 20 horas (3 da tarde no Brasil) tudo estava resolvido.

Um detalhe no credenciamento de imprensa de Monte Carlo é que a organização dá um efusivo “graças a Deus” quando não se pede o parking lot – que nada mais é que uma rua interditada ao longo da competição enquanto duram os jogos-. Assim quando termina a jornada, praticamente ainda a luz do dia, disponibilizam um carro oficial para levarem até o hotel, mesmo que você esteja em Nice. Numa dessas perguntei ao motorista o que me parecia impossível na cidade: um restaurante BB. E não é que o chauffeur – para usar um termo adequado né- deixou-nos no La Saliere. Guarde esse nome em caso de uma visita ao Principado. Fica localizado à frente da Casa Grimaldi, numa marina secundária, numa espécie de comunidade italiana, idioma dominante nesta região. O local é uma história de amor à cozinha italiana e o anti pasti preenche todos os espaços da mesa.

Nas quadras do Monte Carlo Country Club vários tenistas brasileiros brilharam por lá, como Guga e Meligeni entre vários outros. Tenistas da chave principal ficavam hospedados no Hotel Meridian Beach a poucos metros do torneio. Mas, mesmo assim, com o temor de não se encontrar vaga de estacionamento os jogadores recebiam uma scooter para andar pela cidade. Divertido como muitas coisas que marcam esta competição. Guardo histórias hilárias, como no dia em que fomos declarados amigos do príncipe Albert. Mas melhor deixar para uma outra oportunidade né.

 

Bia esbanja confiança e competência para o tour europeu
Por Chiquinho Leite Moreira
abril 6, 2023 às 5:33 pm
Bia enfrenta os desafios do tour europeu e espera sucesso Foto João Pires

Bia enfrenta os desafios do tour europeu e espera sucesso
Foto João Pires

Com potencial para sonhar ainda mais alto, a 14a. colocada no ranking da WTA, Bia Haddad Maia, segue com muita confiança – e competência não lhe falta – para um ciclo desafiador no tênis mundial, a charmosa temporada europeia de quadras de saibro. Nesta última semana em São Paulo ela participou de um “media day” junto com lançamento do RTB ( Rede Tênis Brasil). Esses eventos são bem interessantes. Servem para aproximar a imprensa de uma modalidade que praticamente é disputado fora do País, para caso de tenistas do nível da brasileira. Afinal, só quem andou ou vive o tour conhece de perto as agruras e sacrifícios enormes para brilhar num esporte tão competitivo.

Eu, particularmente, não tive a oportunidade de estar nesse evento. Mas aproveitei bem a boa reportagem do Felipe Priante, no TenisBrasil, assim como o podcast. Fiquei bem impressionado com o nível de confiança da Bia. Ela enfatizou que por já ter tido boas experiências diante das líderes, atuando em alguns dos principais palcos do tênis, não se intimida mais. Afinal, já venceu 1 do mundo e perdeu também para jogadoras de pior ranking do que o seu, experiências comuns na modalidade.

Outro detalhe que ela destacou é que o saibro não deve fazer muita diferença nos próximos torneios, embora a brasileira tenha conquistado troféus importantes em superfície bem diferente, como a grama. Há tempos que o tênis feminino está um pouco mais aberto e semelhante. As meninas jogam muito parecidas, com algumas exceções como Ons Janeur ou a aposentada Ashleigh Barty.

O tour europeu para a Bia começa com a disputa da Billie Jean King Cup, num compromisso difícil diante da equipe alemã em Stuttgart. Ela segue na cidade para um WTA 500 e depois os 1000 em Madri e Roma. A temporada encerra-se em grande estilo com Roland Garros. Aliás já contei aqui uma história no Grand Slam francês. Vou tentar resumir: quando Bia ainda era juvenil, ela estava jogando finais de duplas na antiga quadra 2 de Paris. Braguinha (Antônio Carlos de Almeida Braga) estava apenas uma fileira atrás de onde estava sentado. O então conhecido “mecenas” do esporte perguntou para Guga Kuerten, que estava um pouco mais à frente, o que esperar da jovem tenista. O tricampeão de RG apontou o dedo para a Philippe Chatrier, ao lado, e disse “ o lugar dela é na central”. E não restam dúvidas de que vamos sim poder ver Bia nos principais palcos do tênis mundial.

Medvedev: o Rei das quadras duras
Por Chiquinho Leite Moreira
abril 3, 2023 às 3:03 pm
Títulos em quadras duras desde 2019…

Títulos em quadras duras desde 2019…

Tennis TV copiou meu título kkkk

Tennis TV copiou meu título kkkk


Curiosamente na história o mundo do tênis, pelo menos que lembre e com raras exceções, apenas coroou o Rei do Saibro. Alguns exemplos são Rafael Nadal, Gustavo “Guga” Kuerten, Thomaz Muster, que dominaram com ênfase na chamada terra batida. Agora, será que também não seria justo colocar Daniil Medvedev como o “Rei das quadras duras?”

O que o russo fez nesse ano é digno de uma coroação. Ele recentemente disputou cinco finais nas duras venceu quatro e foi vice em outra. Levantou os troféus do 250 de Doha, dos 500 de Roterdã e Dubai e agora conquista o 1000 de Miami. O primeiro torneio dessa categoria desde Toronto 2021. Seu retrospecto na superfície é merecedor de registro: 24 vitórias contra apenas uma derrota, justamente para Carlos Alcaraz na decisão de Indian Wells.

Entendo que muitos não queiram dar um título de tamanha nobreza para um tenista russo de comportamento, por vezes, controvertido. Além da triste herança da guerra na Ucrânia, Medvedev é um pouco reclamão. Mas tem a virtude do arrependimento. Em Indian Wells xingou a quadra e depois, na cerimônia de premiação, declarou seu amor à superfície.

O calendário do tênis coloca agora à prova seu reinado. A mudança para o saibro até foi motivo de certa ironia de seu “freguês “ Jannik Sinner. O prodigioso tenista italiano colocou uma espécie de desafio para o russo nas próximas competições em quadras mais lentas.

Aliás vejo Sinner repleto de confiança para charmosa temporada de quadras de saibro. Ainda mais depois da sensacional semifinal de Miami, em que não só venceu Carlos Alcaraz como brilhou – no que para muitos – ganhou o ponto mais bonito da atual temporada.

Esta vitória de Sinner nas semifinais mexeu bastante no grupo dos top ten. Veja a seguir – e não confundam com leaderboard de golfe né –

1• Novak Djokovic (+ 1) 2• Carlos Alcaraz (-1) 3• Stefanos Tsitsipas (=) 4• Daniil Medvedev (+ 1) 5• Casper Ruud (- 1) 6• Andrey Rublev (+ 1) 7• Felix Auger-Aliassime (- 1) 8• Rolger Rune ( = ) 9• Jannik Sinner ( + 2) e Taylor Fritz ( = )