Djokovic fala por que não é querido
Por Chiquinho Leite Moreira
novembro 7, 2023 às 1:30 pm
Djokovic revela uma mescla de orgulho e insatisfação

Djokovic revela uma mescla de orgulho e insatisfação

Em meio a mais um título importante, como o Master 1000 de Paris, novos recordes, conquistas históricas e a perspectiva de chegar ainda mais longe, Novak Djokovic revela-se preocupado com a opinião pública. É aquela história de que o sucesso incomoda muita gente. Em recente entrevista publicada no tabloide Kurir de Belgrado, Sérvia,  repostado pela Eurosport, o número 1 do mundo demonstra uma mescla de orgulho e insatisfação, com a seguinte frase:

“I’am going for every possible record all that I can achieve, I’ve never had a problem saying that. That’s why people don’t like me”

Algo mais ou menos assim: vai buscar todos os recordes possíveis, nunca teve qualquer problema em admitir e por isso as pessoas não gostam dele.

Vejo a situação de Djokovic sob uma outra ótica. Afinal, ele surgiu como um estraga festa. Em meio a uma enorme idolatria e torcida para Roger Federer e Rafael Nadal, o sérvio chegou ganhando dos dois e vai seguir além do Fedal. É claro que algumas de suas atitudes são controvertidas. Assumiu uma postura fiel às suas convicções e até pagou bem caro por isso.

Por tudo isso, é claro que Djokovic tem uma torcida enorme ao redor do mundo. Com vitórias e gestos agradáveis ganhou a simpatia de um verdadeiro exército de fãs, muitos fanáticos. Mas também é evidente que tem contestações.

Acho curioso esta preocupação de Novak Djokovic. Será mesmo que ele não é tão querido? E o que isso poderia mudar o rumo de sua carreira? Segue fazendo enorme sucesso e conta com super patrocinadores, além de uma torcida entusiasmada.

Certo dia destes no clube, um bom tenista amador, Gustavo Aleixo, disse que se adversários como Carlos Alcaraz, Daniil Medvedev  entrou outros, não encontrarem uma forma, Djokovic vai ganhar tudo daqui pra frente. E, não resta dúvida, de que o sérvio tende a estabelecer números ainda mais expressivos, quer gostem ou não.

Enfim, Djokovic vai estabelecer uma rivalidade muito forte diante de uma geração talentosa, sem dúvida. Jogadores excelentes e carismáticos, mas que, por ora, não demonstraram forças para deter o sérvio. Melhor para ele e fruto de um trabalho árduo, sem dívida nenhuma.

Bia recoloca o Brasil no mapa múndi do tênis
Por Chiquinho Leite Moreira
outubro 30, 2023 às 6:24 pm

É curioso que desde os tempos de juvenil Bia Haddad Maia estava predestinada a fazer sucesso mundialmente. E num fim de semana memorável para o tênis brasileiro, com as medalhas no Pan de Santiago, ela celebra o maior troféu de sua vida no Elite Trophy, em Zhuhai, na China, ao conquistar os títulos de simples de duplas, de um torneio de formado semelhante ao Finals. E mesmo com os olhos da mídia especializada para o Masters de Paris e o WTA de Cancún, a brasileira mereceu destaque internacional.

Já contei essa história antes, mas vale a pena repetir. Quando Bia ainda era juvenil e disputava a final de duplas da categoria, ao lado de uma jogadora do Paraguai, Gustavo ‘Guga’ Kuerten assistia ao jogo, na então quadra 2 – que fica justamente à sombra da central -. Em certo momento o saudoso Antônio Carlos de Almeida Brada, o ‘Braguinha” (que foi um dos grandes incentivadores do esporte brasileiro, além de outros notáveis talentos) perguntou para o tricampeão de Roland Garros sobre o futuro da jovem brasileira. Guga olhou para trás e apontando o dedo indicador para a Philippe Chatrier profetizou: “No futuro o lugar dela será jogar nesses grandes palcos”.

Por causa de algumas adversidades, Bia demorou, mas chegou, ao sucesso internacional. Ano passado conquistou dois títulos na grama, mas na atual temporada vinha sem título e com muitos altos e baixos. Agora, justamente no final do ano, recebe uma injeção de ânimo e até pode terminar 2023, entre as dez primeiras do ranking mundial.

Por uma feliz coincidência, o maior título da carreira de Bia surgiu num fim de semana de várias outras conquistas importantes para o tênis do Brasil. A guerreira Laura Pigossi ganhou ouro no Pan em simples e garantiu vaga para Paris 2024. Também venceu em duplas com Luisa Stefani, que se junta a Thiago Monteiro, Gustavo Heide e Marcelo Demoliner,aos jogadores que voltam medalhistas de Santiago.

 

 

 

Nomes como Nadal ou Murray são grandes ‘amadores’ do tênis
Por Chiquinho Leite Moreira
outubro 27, 2023 às 2:45 pm

Apenas como ironia, mas com a mais profunda verdade. A palavra “amador” segundo os dois primeiros itens do dicionário Michaelis significa “o que ama” ou “o que tem amor”. Só assim  mesmo para explicar que jogadores sem mais nada a provar, amplamente consagrados e milionários, como Rafael Nadal ou Andy Murray (apenas como exemplos) seguem sem medir esforços para continuar jogando em alto nível.

É claro que essa insistência de atletas tão brilhantes é muito bom para o tênis. Mostra que são diferenciados. Afinal, recentemente temos observado que alguns jogadores preocupados com a saúde mental resolveram dar um tempo, como Dominic Thiem ou Naomi Osaka e até Garbine Muguruza, mas esta apenas por opção.

Sem jogar desde janeiro, Rafael Nadal manifestou sua intenção de voltar às competições no Aberto da Austrália. O diretor do torneio Craig Tiley festeja esta possibilidade e já dá como certa. Mas tenistas como o espanhol, ex-número 1 do mundo e dono de 22 títulos de Grand Slam não estão acostumados a perder e só entram em ação se estiverem competitivos. Neste assunto, o alemão Boris Becker afirmou nesses dias que Nadal ainda pode ganhar troféus importantes.

Nadal já anda fazendo treinos regulares, alternando entre a parte física na academia e a técnica em quadra. Ele disse que sente falta dos grandes palcos, mas desde sua última cirurgia em junho prefere viver um dia após o outro.

Uma situação semelhante aconteceu com Andy Murray. O britânico chegou até mesmo a anunciar a aposentadoria. Só que depois de colocar um quadril de aço retomou às grandes competições. Curioso que andando parece ter problemas, mas corre costumeiramente verdadeiras maratonas em jogos equilibrados. Perdeu para o argentino Tomas Etcheverry – em três sets, lógico – no ATP 250 da Basileia, competição de um nível que não costumava ser derrotado numa segunda rodada. Mas parece que não se importa. Afinal, está fazendo o que gosta, mesmo com a ameaça de ter sequelas no futuro, como advertiu um médico inglês.

Não sei se alguém ainda lembra, mas para mim é muito forte a emoção. Na sua despedida na Costa do Sauípe, Gustavo ‘Guga’ Kuerten declarou em lágrimas que amaria seguir jogando, mas seu corpo não permitia mais. É outro exemplo de um tenista brilhante que também é um “amador”.

A boa virada de Thiago Monteiro
Por Chiquinho Leite Moreira
outubro 9, 2023 às 5:35 pm

Algumas vitórias tem importância decisiva na carreira de um tenista profissional, como Thiago Monteiro. Não se trata do resultado histórico diante do número 4 do mundo, o dinamarquês Hoger Rune, mas sim do título no ATP Challenger de Campinas, disputado na linda Sociedade Hípica, diante de um público entusiasmado.

A vitória diante do bom tenista argentino – mas pouco experiente – Camilo Carabelli veio num momento que pode determinar uma virada – não por coincidência ao resultado do jogo de 36, 64 e 64 – mas na carreira deste jogador que está perto dos 30 anos. A possibilidade de voltar a figurar entre os cem primeiros do ranking é animadora e importante para um jogador como o Ceará. Ele está em 150 na ATP e com o recente resultado deve ficar próximo a 120, mas a lista só será atualizada depois do Master 1000 de Xangai.

Terminar o ano com um ranking por volta dos cem é importante, pois garante o jogador na chave principal do Australian Open. Afinal, viajar tão longe para jogar o qualifying, talvez não seja algo muito animador. Mas, Monteiro já mostrou seu valor. É um guerreiro em quadra e determinado. Com um jogo previsível, sempre investiu no aperfeiçoamento de seu estilo, também buscou novas alternativas técnicas e estratégias. Ganhou sim um repertório maior de golpes, além de buscar bons treinadores.

Outro detalhe importante para Monteiro é que ele não tem medo de avião, ou seja, não hesita em passar semanas e semanas viajando em busca de seus objetivos. Mas tenho uma certeza: jogar em casa, ao lado da torcida, como aconteceu em Campinas é bem interessante. Lembro que o Brasil, há uns bons anos, era um dos líderes na organização de torneios. Se não me falha a memória a gente tinha vários ATPs, como o Guarujá, Búzios, Rio de Janeiro, São Paulo, entre diversas outras competições que pontuavam para o ranking. Isso ajudou muito o tênis brasileiro e, na época, sempre tínhamos cerca de 7 ou 8 jogadores nas chaves de simples dos Grand Slams, inclusive Wimbledon, mesmo sem quadras de grama disponíveis para treinos e jogos.

O Challenger de Campinas e o Rio Open são certamente os dois principais eventos de tênis do País. Os organizadores do torneio na Hípica, Neco e Danilo, viveram o tempo que me referi acima, com muitos tenistas classificados na chave de Slams, e não medem esforços para incentivar o tênis nacional. Vejo também que a CBT tem se empenhado em dar apoio aos atletas e, por isso, a gente nunca perde a esperança de ver novamente um número significativo de tenistas nos principais torneios masculinos e femininos do tour.

Brasil tem vitória empolgante, mas a Davis segue polêmica
Por Chiquinho Leite Moreira
setembro 18, 2023 às 1:05 pm

Sensacional a vitória no Brasil na Copa Davis. Marcar 3 a 1 na Dinamarca de Hoger Rune, numa superfície sintética é realmente empolgante. Assim como foi o resultado histórico do Thiago Monteiro, que venceu um jogo incrível diante do número 4 do ranking da ATP. Ceará sempre teve um jogo previsível, mas ao longo do tempo conseguiu algumas importantes melhorias e ganhou inclusive versatilidade para adaptar seu tênis a qualquer superfície. Aliás, toda a equipe comandada por Jaime Oncins e Marcos Daniel merece elogios. Thiago Wild tem um jogo exuberante, Felipe Meligeni Alves mostrou seu potencial ao furar o quali do US Open, Rafael Matos habilidoso nas duplas e Marcelo Demoliner reviveu seus tempos de simples, quando era treinado por Fernando Roese.

O caminho do Brasil na competição ainda é árduo. Só irá conhecer o próximo adversário em novembro e há muitas possibilidades de ter de enfrentar mais um grande desafio. Mas fica para a história esse resultado diante da Dinamarca. Desde 1999, nos tempos eufóricos de Gustavo Guga Kuerten, não conhecíamos um bom resultado em quadras europeias em confrontos da Davis.

Lembro bem dessa época. Estava em Lérida, na Espanha, e ao chegar a sala de imprensa, um integrante da organização – que já me conhecia do circuito – ironizou minha viagem. Insinuou que estaria perdendo tempo e dinheiro para ver o Brasil perder. Mas ao final, os espanhóis entraram em crise e crucificaram Carlos Moya.

Eram bons tempos da Davis. Quando ainda escrevia para o Estadão costumava definir a competição entre países como a mais empolgante do tênis. O país sede – em todas as fases – escolhia o tipo de piso, o local, a bolinha e tudo mais que poderia favorecer. É claro que houve exageros e por várias vezes a Confederação Brasileira de Tênis chegou a ser punida pelo comportamento da torcida e outras artimanhas para prejudicar o time adversário. Mas, não se pode negar que o clima era eletrizante.

As enormes alterações na Davis vieram para se tentar dar um up grade na competição. Afinal, alguns dos mais importantes jogadores do tour e que costumavam brigar pela liderança do ranking da ATP já não se interessavam mais em jogar pelos seus países. A justificativa é que desperdiçariam semanas importantes na luta pelos seus objetivos em um calendário já bastante apertado e concorrido.

Para o Brasil esse foi um confronto marcante. E há de se destacar o esforço e apoio da CBT, que jamais economizou esforços e recursos para dar boas condições para toda equipe. E agora, com este resultado, vê o retorno aos seus investimentos. Além disso, toda equipe ganha empolgação e confiança para o circuito profissional. Que venham novos desafios.

 

Na corrida do “GOAT” Djokovic lidera com folga
Por Chiquinho Leite Moreira
setembro 11, 2023 às 12:50 pm
By Eurosport

By Eurosport

É claro que muitos já o consideram, mas o Eurosport – um dos mais influentes canais de esporte do mundo – publicou um gráfico em que sugere que a corrida para o “GOAT” (o melhor de todos os tempos) ainda está em andamento. E coloca o número de conquistas de Grand Slams como o índice. Assim, como todos já sabem, Novak Djokovic lidera o masculino com folga com 24, seguido por Rafael Nadal, 22, e Roger Federer, com 20.

Há opiniões diferentes de quem deve ser considerado o GOAT, mas com o tempo o número de torneios do Grand Slam será o termômetro mais usado. Só que como ficou claro na conquista do US Open, Djokovic deve deixar essa discussão para mais tarde. Afinal, ainda tem muitas ambições pela frente e, sem dúvida, pelo que mostrou na final diante de Daniil Medvedev tem físico, tênis, técnica e mental para atingir números ainda mais expressivos.

Entendo assim, que muito sabiamente, Djokovic vai deixar a questão do melhor de todos os tempos surgir de maneira natural e já próximo de uma ainda distante aposentadoria. Serena Williams usou outros critérios para se considerar GOAT do tênis feminino, pois se retirou com um título a menos de Margareth Court. Enfim, isso demonstra que são utilizados vários fatores.

Para o tenista sérvio o mais importante foi o conjunto da obra para chegar onde está. Por isso fez questão de agradecer aos seus pais Srdjan e Dijana. Vindo de um país em guerra e sob bombardeios da OTAN, a família fez grandes sacrifícios para investir na carreira de Novak, a ponto de reunir economias para mandá-lo a Alemanha treinar com Niki Pilic (ex-tenista também originário dos Balcãs) que ajudou a formar outro campeão, Boris Becker.

Nesse clima, a festa foi entre familiares, amigos e equipe técnica. E para deixar claro que ainda tem planos ambiciosos, revelou na entrevista coletiva sua confiança. Perguntado sobre a rivalidade dos antigos jogadores e dos mais novos, respondeu categoricamente que vê todos com bons olhos, mas enquanto estiver vencendo todos o rumo segue sem alterações.

 

 

Semifinais femininas confirmam celebração da igualdade de prêmios
Por Chiquinho Leite Moreira
setembro 8, 2023 às 3:26 pm

Com a casa cheia e dois jogos emocionantes, as semifinais femininas do US Open confirmaram o entusiasmo na celebração dos 50 anos de igualdade de premiação entre homens e mulheres no Grand Slam norte-americano. Este assunto, porém, sempre foi muito polêmico. Começou já no ano de 1973 em Nova York, com protesto de vários jogadores. E a discussão seguiu nos anos em que os outros torneios também aderiram a igualdade. Isso foi na Austrália em 2001, em Roland Garros, em 2006 e, por último, em Wimbledon em 2007.

Até hoje, tenho a certeza, de que se forem perguntar aos jogadores do tour, ou mesmo aos que já deixaram o profissionalismo, muitos irão expor sua revolta. A maior alegação é a de que jogam em melhor de 5 sets, que as chaves dos Slams no masculino são bem mais equilibradas, enquanto o feminino passa menor tempo em quadra (trabalhando) e muitas sequer se desgastam na primeira semana.

A minha maior lembrança dessas sonoras reclamações vêm de Roland Garros. Em 2006, pressionado pelas irmãs Williams, o então presidente da Federação Francesa de Tênis, Christian Bimes, anunciou a igualdade de premiação. Depois, já com o torneio em andamento, praticamente todos os jogadores perguntados sobre o assunto não acharam justa a decisão, que já existia no AO e no US Open.

Eu sou da opinião de se tem quem pague a conta é justo. Ou seja, se existem patrocinadores interessados, apoio da torcida, como se viu nas semifinais em Nova York, e as transmissões de TV dão audiência, ora por que reclamar?

Posso ainda afirmar que os homens também foram beneficiados pela igualdade de premiação. Lembro bem de quando o BandSports tinha os direitos exclusivos na transmissão dos jogos da WTA, um certo ano, o Finals feminino elevou tanto a premiação que superou o ATP Finals. Na temporada seguinte, o tênis masculino também igualou ao feminino.

Também não vejo erro em as mulheres lutarem por prêmios maiores. E, por isso, os WTA 1000 e 500 irão sofrer alterações para os que forem jogados exclusivamente com chave feminina. Os chamados combinados (masculino e feminino) a igualdade nos prêmios vai demorar um pouco mais.

Essa de se reclamar e pedir prêmios maiores é muito comum no tênis (e acredito também na vida profissional de todos) vem de longe. Lembro bem do Yvgeny Kafelnikov dizendo que os tenistas deveriam ganhar o mesmo que os golfistas faturam, sem contar ainda que ficava indignado que as federações dos Slams sempre ficam com a maior parte do bolo. Enfim, nunca se consegue contentar a todos né.

Bia revela frustração, enquanto Alcaraz brilha, canta e dança
Por Chiquinho Leite Moreira
agosto 30, 2023 às 8:28 pm

Coisas que acontecem nesse mundo repleto de desafios. Enquanto Bia Haddad Maia, durante uma entrevista para a TV, revelava toda sua frustração em um semblante triste pela derrota na segunda rodada, diante da norte-americana Taylor Townsend, Carlos Alcaraz brilhou, cantou e dançou após sua estreia no US Open, na sempre eletrizante atmosfera do Arthur Ashe.

Sem a arrogância de muitas estrelas e sim muito pelo contrário, Bia confessou não ter jogado o seu melhor. Disse que se preocupou demais com a habilidosa adversária, que a americana foi mais corajosa nos pontos importantes. E assim ela deixou de apresentar o seu melhor. O resultado é realmente frustrante. Afinal, pode tirá-la do grupo das 20 primeiras do ranking da WTA e dificulta seu objetivo de estar no Finals. Mas não há dúvidas de que tem potencial para dar a volta por cima, embora esta seja uma derrota difícil de digerir. Só que um dos maiores segredos dos bons tenistas é justamente saber como esquecer, apagar, as decepções e criar ainda maior motivação para aperfeiçoar seu talento. Uma pena que a brasileira tenha deixado a chave de simples tão cedo. O momento fica para reflexão.

CAMISETA REGATA – Descontraído e carismático, Carlitos Alcaraz contou que desde o ano passado queria jogar o US Open com camisas sem manga. Eu particularmente acho horrível. Sei que ninguém está interessado na minha opinião, mas peço licença poética para dizer o que penso. A preocupação do jovem espanhol era de não querer estar muito parecido a Rafael Nadal. Mas este ano, ao entrar na competição com o status de número 1 do mundo, criou coragem e mostrou seu estilo.

Campeão em 2022, Alcaraz teve sorte na sua estreia e nem precisou terminar seu jogo, pois o adversário, o alemão Dominik Koepfer, desistiu por contusão. E numa festiva entrevista após a partida, comandada pelo ex-tenista, hoje treinador, Brad Gilbert, o carismático espanhol foi incentivado a performar uma música de sua playlist. Dármelas de Vagabundo, autoria do cantor, compositor e produtor musical colombiano, Sebastián Yatra, que estava na plateia. E ele não só cantou, como dançou e brilhou.

Para os curiosos, o principal refrão é assim: “Tatuarte la Biblia entera no te va ayudar a olvidarte de um amor que no se va a acabar/ Puedo estar con todo el mundo… nananana” Em português, alguma coisa assim: Tatuar a Biblia inteira não vai de ajudar a esquecer um amor que não vai acabar. Eu posso estar com todos… nananana.


Emoção marca vitória de Bia, em meio a um agitado bastidor
Por Chiquinho Leite Moreira
agosto 29, 2023 às 2:18 pm

O mais festivo dos quatro Grand Slams, o US Open, revelou já no primeiro dia de jogos da chave principal outra de suas características mais marcantes: a emoção. E esse sentimento ficou claro na boa vitória de Bia Haddad Maia, em acirrada disputa com a ex-campeã do torneio Sloane Stephens. E o mais legal é que mesmo diante de uma tenista da casa, a torcida brasileira ganhou tanta atenção durante a transmissão pela TV, que levou o entrevistador a pedir para a brasileira algumas palavras em português.

O clima, sempre eletrizante do torneio, vai ganhar destaque nos 14 dias de jogos da chave principal nesse espaço. Como sigo entre os credenciados gostaria de dividir as inovações do US Open. Neste ano temos links em que se pode acompanhar até mesmo as entrevistas coletivas ao vivo. O app do torneio também é bem interessante e vale a pena baixar.

E no behinds the scenes o que tomou conta dos colegas em Flushing Meadows foi, no mínimo, o desagradável comentário do polêmico Alexander Bublik. Após perder para o ex-campeão do US Open Dominic Thiem declarou: “I’m sick of giving careers back to disabled people”, ou seja ele já estaria doente, cansado, de devolver a carreira para jogadores incapazes. Mas não é a primeira vez que este habilidoso jogador se envolve em confusão. Certa vez afirmou que não tem qualquer amor ao tênis e joga apenas por dinheiro.

Talvez por conhecer este histórico de Bublik, Dominic Thiem esteve respeitoso e tranquilo ao comentar as declarações na entrevista coletiva. Com elegância deu de ombros para a questão e festejou sim sua vitória no Grand Slam em que já foi campeão.

Outro detalhe que chamou a atenção pelos corredores de Flushing Meadows foi o cheiro de maconha em algumas quadras próximas ao parque. Vários jogadores relataram isso. Maria Sakkari comentou o assunto. Disse que o cheiro era forte, mas não prejudicou sua atuação ou serviu de desculpa para sua derrota. “Estamos próximo a um parque público e cada um faz o que quer”, disse a grega, que chegou a chorar na coletiva, mas por um motivo bem mais preocupante. Após mais uma derrota na primeira rodada de um Slam, ela acha que vai precisar dar um tempo, cuidar de sua saúde mental para voltar mais forte”. Infelizmente esse é um problema que vem afetando diversos jogadores.

E se me permitem, com a presença no US Open por 21 anos, tenho razões de sobra para gostar muito de Roland Garros, mas quando me perguntam qual o melhor Slam para assistir, não tenho dúvidas em responder que é o de New York. E um detalhe chamou minha atenção nesses dias é a informação de que os ingressos chegam a custar 300 mil reais. Sem querer ser patrulheiro, mas na minha escola de jornalismo aprendi a checar informações. E foi o que fiz. Para a rodada deste dia 30 de agosto, por exemplo, há ingressos a 180,58 dólares. Encontrei um por 348 dólares no bom setor 115, fila A. Enfim, é claro que para as finais sempre existem os exploradores, mas pela facilidade de acesso – metrô tranquilo -, atmosfera festiva e ingressos no site, sem dúvida o US Open é uma boa opção para quem quer conhecer um torneio desse porte.

Só que nem tudo é assim tão simples. Um colega de longa data contou que para comer uma salada Caesar e uma garrafa de água pagou 34 dólares. Ele ficou indignado…

Vitória de Djokovic esquenta duelo de gerações
Por Chiquinho Leite Moreira
agosto 21, 2023 às 1:45 pm

Abraçados e sorridentes na cerimônia de premiação do ATP 1000 de Cincinnati o duelo de gerações ganhou novos ingredientes na atual rivalidade entre o número 1 do mundo, Carlos Alcaraz, e o 2, Novak Djokovic. A vitória do sérvio, talvez não apague a frustração de Wimbledon, mas deixa claro que este genial tenista ainda tem muito a dar, aos 36 anos – 16 a mais que espanhol – e revelar aos amantes do tênis espetáculos sensacionais, de altíssimo nível, como os dois apresentaram no último domingo.

Djokovic entrou como ‘estraga festa’ nos tempos mais intensos do “Fedal”. Agora segue muito forte e não restam dúvidas de que o sérvio vai ajudar Carlos Alcaraz a ser um jogador cada vez melhor. A vitória em Cincy foi marcada pela plena sabedoria do que fazer para superar tantos desafios.

A experiência teve um papel fundamental. Djokovic parecia preocupado com suas condições físicas. Mas soube como dosar as energias para chegar ao resultado final, após 3h50 de uma verdadeira batalha de titãs. Esperto também conseguiu quebrar o clima. E com uma frase marcante “Garoto (Alcaraz) você nunca desiste, Jesus Cristo”, tirou o espanhol do choro e o levou ao seu já conhecido largo sorriso. Mais do que o 39.º título de ATP 1000, este jogo fez muito bem ao tênis. Um esporte tão apaixonante segue repleto de emoções.

NOVA CARA – Com Carlos Alcaraz, entre vários outros nomes, o tênis – masculino e feminino – vem com uma nova geração de grandes talentos. E pelo licença para mudar um pouco de assunto e revelar que o TenisBrasil também vem de cara nova por aí.

Comandado pelo jornalista José Nilton Dalcin, o TênisBrasil é um site de vanguarda. Há algumas décadas, quando sequer se falava em blogs, Dalcin apresentou-me uma proposta para contar minha experiência no circuito mundial, entre as várias coberturas internacionais. Inauguramos na época o “Recado do Chiquinho”, que depois foi rebatizado de Tênis.comChiquinho. A ideia é mostrar as várias facetas do esporte, com diversas opiniões e histórias.