Quando um aluno adulto chega para sua primeira aula, a primeira
questão é
descobrir qual o seu objetivo. Aprender o jogo, se
divertir com os amigos, cuidar
da saúde, jogar torneios e ser o
melhor tenista que puder ser?
O tênis é um esporte bastante técnico, com muitos
pontos de atenção em cada
golpe para que o executemos com
a maior eficiência possível e com o menor risco
de
lesões no curto e no longo prazo.
Vamos pensar em duas situações básicas: o aluno
adulto que veio aprender o
jogo do zero e aquele que já joga
há muitos anos.
O aluno adulto que nos procura hoje tem uma série de vantagens
com relação aos
adultos que iniciavam no tênis
há mais de 15 anos, mas citarei apenas uma: o
sistema "Play and
Stay", que se utiliza de bolas com velocidades mais lentas
(vermelha,
laranja e verde) e espaços reduzidos de jogo.
Com o sistema "Play and Stay", raquetes mais leves e precisas e professores
bem
preparados, é possível aos adultos que nos procuram
aprender a técnica e a tática
do tênis conjuntamente,
trocar muitas bolas, ativar o sistema cardiovascular e
realizar partidas
desde a primeira aula. Isso é muito bom para nossa modalidade,
pois temos maiores chances de trazer e manter novos praticantes.
O bom professor de tênis para a iniciação fica de olho na
técnica, estimulando
durante a aula bons hábitos nos golpes
(empunhaduras, posição de expectativa,
ponto de contato,
bases de golpeio com as pernas), mas proporcionando
situações gostosas de jogo ao novo praticante, para que ele curta
o processo de
aprender uma nova modalidade e sinta-se capaz de evoluir.
OK, e quando o aluno já joga e procura um professor para melhorar,
com algumas
dificuldades biomecânicas muito estabelecidas? E
quando ele jogou tênis num
bom nível, ficou muito tempo sem
jogar e volta com aquela sede ao pote, mas
com o corpo completamente
diferente?
Precisamos ter MUITO cuidado com nossa prática pedagógica
nesses dois casos!
O aluno que tem movimentos biomecanicamente
ineficientes, mas que numa
prática recreativa ocasional não
apresenta riscos de se lesionar, precisa entender
que qualquer
mudança levará tempo para se estabilizar e que, num primeiro
momento, seu jogo na prática sofrerá um pouco, mas que
depois subirá de
patamar.
Aí vêm as perguntas: a aluna topa o desafio? Ela se
compromete a praticar as
sugestões de melhoras biomecânicas,
mesmo que perca jogos inicialmente? Em
caso afirmativo, é preciso
que o professor planeje bem suas aulas, pois qualquer
mudança
biomecânica exige muitas repetições e o corpo da aluna ou
aluno
precisa estar preparado para elas.
O aluno que possui hábitos nos golpes que poderão
levá-lo a sérias lesões futuras
- se ainda não
teve -, como tennis elbow por exemplo, precisa ser alertado
imediatamente
pelo professor, que explica como a lesão acontece e como vale a
pena neste caso adquirir o novo gesto esportivo, que prevenirá
lesões futuras.
Precisa entender, como no caso acima, que
haverá ocasional perda de jogos
momentaneamente, mas que no
longo prazo valerá a pena!
Alunos que jogaram muito bem e estão há muitos anos
parados: alerta vermelho!
Ainda mais em situação de
pandemia, na qual muitas pessoas passaram 3, 4
meses sem atividade
física regular, a volta ao tênis precisa ser gradual,
eventualmente até utilizando as bolas ponto verde (25% mais lentas do
que a
utilizada pelos profissionais), com trocas de bola que exijam
poucos
deslocamentos e nenhum deslocamento brusco.
Com esses cuidados, poderemos aproveitar essa onda de novos praticantes
que
vieram nos procurar, já que o tênis é um dos
esportes mais seguros para a saúde
nestes tempos de pandemia.
Vamos dar excelentes aulas para trazermos e retermos cada vez mais
pessoas
neste esporte que amamos!