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Bellucci tem meta ousada e busca vaga no top 20
08/12/2016 às 08h00

Bellucci tem como melhor colocação da carreira no ranking da ATP a 21ª posição

Foto: Arquivo
Felipe Priante

Depois de reconhecer que não teve uma das melhores temporadas da carreira em 2016, embora tenha destacado momentos como a campanha olímpica nos Jogos do Rio neste ano, o paulista Thomaz Bellucci afirmou na segunda parte da entrevista exclusiva para TenisBrasil que tem metas ousadas para 2017.

"Quero entrar entre os top 30 e até entre os top 20, pois acredito que é lá onde posso chegar", declarou o atual número 1 do Brasil, que também falou sobre o relacionamento com o cearense Thiago Monteiro, que divide os treinamentos com Bellucci e também o fato de ser canhoto. 

Bellucci falou até um pouco sobre as férias, o esforço que exige cada pré-temporada e inclusive sobre a conquista do título brasileiro pelo Palmeiras, seu clube de coração, revelando que o treinador João Zwetsch ficou "secando" até o momento da definição do campeonato

Veja a segunda metade da conversa com Bellucci: 

Brasileiros e argentinos costumam ser mais próximos no circuito. Como você viu o título deles na Copa Davis?

Foi até uma surpresa eles terem vencido a Copa Davis neste ano. Eles começaram com uma equipe que talvez tenha sido uma das piores que a Argentina já teve e foi assim que conseguiram o melhor resultado da história. Nos primeiros confrontos o Del Potro nem jogou e por isso, para mim, foi uma surpresa este título. Eles merecem muito, foram muito grandes, principalmente neste último confronto, com Del Potro revertendo uma situação dificílima em que estava dois sets abaixo contra o Cilic, que é um grande jogador. Tenho certeza que o Dani (o treinador Daniel Orsanic), com quem já trabalhei, tem um dedo nisso e uma responsabilidade muito grande na união da equipe, administrando os egos em uma equipe. Eles merecem por toda a história que têm, ainda mais por nunca tido ganhado uma Copa Davis até então. 

Você chegou a falar com o Orsanic ou mandou mensagem para ele dando os parabéns?

Perdi bastante contado com ele nestes anos, já faz um tempo que não trabalho com ele. Mas com certeza vou dar os parabéns quando o encontrar pessoalmente. Apesar da distância ele é um grande amigo. 

Sempre que Thiago Monteiro fala sobre você as palavras são muito elogiosas. Qual sua relação com ele e como você viu sua ascensão?

A gente é muito próximo agora. Thiago começou a jogar bem não é de agora, no ano passado a gente fez a pré-temporada junto e eu já falei para o João: 'ele está jogando muito bem, acho que ele vai se meter no top 150 neste ano'. Eu via que ele tinha potencial desde a época que treinava com o Larri, ele tinha 15 ou 16 anos e com um peso de bola e um volume de jogo muito grandes para a idade dele. Ele é um garoto novo, tem ainda 22 anos, é um cara muito disciplinado e trabalhador. Acho legal trabalharmos juntos, um puxa o outro e nem sempre podemos ter isso no tênis. 

Você costuma dar muitas dicas para ele, principalmente por ambos serem canhotos?

De certa forma ele vai ter que passar pelas mesmas coisas que passei, mas converso muito com o João para falar sobre a forma que ele (Thiago) pode jogar taticamente. Às vezes ele me pergunta sobre um adversário do Thiago e dou minha opinião sobre como enfrentá-lo. Ele tem um estilo parecido com o meu, com uma boa direita e um saque legal. Com certeza é importante essa passagem de experiência, pois daqui alguns anos eu vou estar parando e ele é que estará jogando ainda e com certeza como número 1 do Brasil. Por isso é importante eu passar um pouco as fases que enfrentei, é bom ter uma referência mais perto. 

Dá para você sonhar com coisas maiores na próxima temporada?

Espero que sim. É claro que sempre trabalhamos pensando nos resultados, mas eles não veem quando você espera. Acredito que com a pré-temporada bem feita eu possa alcançar melhores resultados no ano que vem. O objetivo é sempre estar entre os 50. Esse ano foi difícil, pois não me mantive lá, mas é tentar começar bem na próxima temporada e 2017 tem tudo para ser bom. Com experiência e maturidade maiores espero conseguir melhores resultados. 

Como estão as metas para 2017? Já tem alguma coisa definida para buscar no próximo ano?

Não sentei para conversar com o João ainda sobre objetivos, mas temos metas bem ousadas de entrar entre os top 30 e até entre os top 20, pois acredito que é lá onde posso chegar. Mesmo sem ter feito um ano tão bom consegui terminar por volta dos 60. Então acredito que se conseguir encaixar as coisas e não sofrer com lesões posso tranquilamente chegar neste ponto. 

Qual a sua relação com o tênis quando está de férias? Tenta acompanhar ou prefere esquecê-lo por um tempo?

É até engraçado, porque na lua de mel eu estava tranquilo lá no quarto e minha esposa ficava louca, falando que a gente estava na lua de mel e eu vendo isso. Se eu ligo televisão e está passando tênis eu paro para ver quem está jogando. Não consigo parar por completo. Assistir por streamming já é demais, se passa na TV eu paro para ver quem está jogando e se for alguém como Murray ou Djokovic eu fico assistindo independente da situação. 

Esportista gosta de competir e agora estamos começando a pré-temporada, em que só tem treino e nada além disso. É esta a parte mais chata do ano?

Você tem que se apegar ao que virá no futuro, porque não é legal ficar cinco ou seis horas em uma quadra sofrendo no calor. É uma questão de correr agora para depois chegar nos torneios e não cansar tanto, chegando mais inteiro nas bolas. Este é o combustível que te faz dar o máximo neste período, que não é o mais gostoso. Com certeza competir é muito mais legal. Jogar para 5 ou 10 mil pessoas é muito melhor do que treinar em um calor de 40º C, mas é um preço que se precisa se pagar, ainda mais se você quiser jogar em um estádio para 10 mil pessoas. 

Como palmeirense , você conseguiu acompanhar bem o título brasileiro? Qual é o seu nível de torcedor para seguir o seu time?

Nível "easy", eu acho....tem o expert, o hard e o easy. Eu acompanho mais apenas os resultados, entro na internet para ver quem fez os gols e raramente abro para ver os melhores momentos. Nos últimos anos devo ter ido umas três vezes no estádio. Gosto mais de ir pelo ambiente, fui na abertura do novo estádio, mas perdemos para o Sport. Eu já fui mais fanático. 

Mas mesmo neste nível "easy" teve alguma expectativa pelo título ou nem se preocupou tanto?

O João (Zwetsch, seu treinador) estava agourando para o Palmeiras não ganhar, falando que ia "pipocar" no final. Mas acho que o time estava muito bem e era difícil não ganhar, só que no final acabou ficando um pouco ofuscado por causa deste acidente da Chapecoense. 

Para vocês atletas que viajam muito, como foi receber a notícia do que aconteceu com o avião da Chapecoense?

É muito triste, uma verdadeira tragédia. A gente está sempre pegando avião de lá para cá e graças a Deus nunca passei por nenhum problema. Quando vi a notícia fiquei muito triste, pois é uma coisa que nem passa pela sua cabeça quando vai viajar, você não sai pensando no que pode acontecer, que o avião pode cair. Você está sempre com outras coisas na cabeça, de passar coisas boas na viagem. Pô, perderam o time todo em uma tacada só e isso comoveu o Brasil inteiro mesmo.

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