Patrícia Medrado
Especial para TenisBrasil
Cheguei em Stuttgart na segunda feira passada, na efervescência da estação dos aspargos, vegetal muito apreciado pelos alemães, marcando presença em vários pratos, e dia do início do Porsche Tennis Grand Prix.
Pouca coisa lembra o torneio que me acostumei a participar. O local foi mudado para um arena multiuso e o piso passou para o saibro sintético - o que aliás me pareceu uma grande solução para torneios de quadras cobertas, uma vez que ameniza a falta de unidade.
Ainda assim tive boas lembranças da época em que participava. Sua primeira edição foi em 1978 e de lá até hoje cada campeã leva um Porsche 0 km para casa, além da premiação estipulada.
Nunca cheguei perto disso, mas aqui obtive vitórias importantes, com destaque para o ano que venci uma das melhores jogadoras da Alemanha na ocasião, Claudia Kohde Kilsch, sendo derrotada nas quartas de finais pela Martina Navratilova.
Esse ano, a convite da WTA, vim participar de um encontro especial entre jogadoras de todas as épocas. Entre outras, Betty Stove, Francoise Durr, Tracy Austin, Kim Clisters eram as estrelas pelo número de Grand slam vencidos.
Entre muitos bate papos e atualizações das histórias de vida de tanta gente se reencontrando, o assunto mais comentado da noite e da imprensa era bem atual: o retorno de Sharapova, suspensa do circuito por dois anos em função de ser flagrada no exame antidoping, como já sabem os fãs de tênis.
Embora tenha cumprido a pena, diminuída pela sua defesa legal para 15 meses, a grande polêmica residiu no fato de ter sido dado a ela um convite para participação direta na chave principal e pelo fato de a pena terminar exatamente à meia noite de terça-feira, tendo como única possibilidade jogar a primeira rodada na quarta feira, fato considerado como um privilégio.
Apesar da insatisfação das jogadoras e das críticas declaradas, o fato é que essa volta trouxe um brilho especial para o torneio, fazendo com que os ingressos dessa noite fossem facilmente esgotados.
Maria não decepcionou. Perdeu na semifinal, após três excelentes vitórias. Jogou excepcionalmente bem para alguém parada há tanto tempo. Foi agressiva, surpreendeu nos saques com aces até nos segundos serviços e mentalmente demonstrou confiança.
Na reestreia, a torcida respeitosa, se dividiu entre ela e a italiana Roberta Vinci, embora o fiel fã clube da russa aparecesse com faixas e cartazes em apoio ao "come back" mais esperado do ano.
Da minha parte, nunca fui muito fã dessa tenista que irrita a muitos com seus grunhidos prolongados mas reconheço sua importância para o tênis feminino e de sua marcante personalidade. Trabalhadora, merece voltar e provar agora que pode chegar entre as melhores, dessa vez pelo seu próprio esforço.