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Sandgren veta questões sobre envolvimento político
24/01/2018 às 15h11

Diferente do que fez na rodada anterior, Sandgren não respondeu sobre política na coletiva

Foto: Divulgação

Melbourne (Austrália) - Ao mesmo tempo em que comemorou seu melhor resultado na carreira, Tennys Sandgren teve que se explicar por conta de seu passado nas redes sociais. Conforme a imprensa internacional foi pesquisar informações sobre o norte-americano de 26 anos, que chegava às quartas de final em um Grand Slam pela primeira vez, foram encontradas postagens e curtidas relacionadas ao movimento 'alt-right', extrema direita norte-americana que apoia teses como a supremacia branca e consequente segregação de minorias étnicas e religiosas nos Estados Unidos e no mundo.

Depois que o caso se tornou público, primeiro em blogs que acompanham o circuito challenger e posteriormente em uma longa reportagem do jornal New York Times, Sandgren decidiu deletar postagens feitas desde junho de 2016, mês em que supremacistas brancos realizaram uma polêmica marcha em Charlottesville.

Ao final de sua participação no Australian Open, com a derrota por 6/4, 7/6 (7-5) e 6/3 para o sul-coreano Hyeon Chung, Sandgren entrou na sala de imprensa para a entrevista coletiva e leu um comunicado que havia escrito em seu próprio celular. No texto, o atual 97º do ranking ataca os jornalistas e afirma que não responderia questões sobre suas opiniões políticas.

"Vocês procuram colocar as pessoas em pequenas caixas para que vocês possam ordenar o mundo de acordo com suas idéias preconcebidas já assumidas", declarou Sandgren. "Com base em um punhado de pessoas que eu sigo e curto no Twitter, meu destino foi selado em suas mentes para escrever uma história raivosa e criar cobertura sensacionalista".

"Vocês preferem perpetuar máquinas de propaganda em vez de pesquisar informações sob uma série de ângulos e perspectivas em vez de estarem dispostos a aprender, mudar e crescer. Vocês desumanizam com a caneta e o papel para colocar vizinho contra vizinho. Vou fazer perguntas sobre a partida, se vocês não se importarem. Obrigado", complementou o 97º do ranking.

A postura é bem diferente da adotada pelo próprio tenista depois da vitória sobre Dominic Thiem nas oitavas de final, quando ele havia se mostrado receptivo a esse tipo de pergunta. "Vocês podem me perguntar sobre minhas crenças. Isso é legal. Perguntem-me sobre quem eu sou. Eu me sinto perfeitamente bem respondendo a esse tipo de pergunta", afirmou na última segunda-feira, quando superou Thiem em cinco sets.

"Quem você segue no Twitter não deveria importar nem um pouco. A informação que você vê não determina o que você pensa ou quem você é. Acho que é uma loucura pensar isso", disse o jogador após sua vitória nas oitavas de final. "Dizer que: 'Se ele está seguindo a pessoa X, então ele acredita em todas as coisas que essa pessoa acredita' é ridículo. Não é assim que a informação funciona. Se você assistir a um canal de notícias, não quer dizer que a pessoa que concorda com tudo o que o canal expõe", comenta o tenista de 26 anos.

Perguntado há dois dias se ele apoia o movimento 'alt-right', o jogador foi evasivo e disse apenas defender sua religião. "Não. Eu apenas acho alguns dos conteúdos interessantes. Como cristão, não apoio coisas assim. Eu apoio a Cristo e sigo apenas a ele. Isso é o que eu apoio".

Em entrevista à ESPN norte-americana, Sandgren disse que decidiu deletar as postagens antigas não porque é "algo de que ele realmente precisa ter vergonha", mas porque ele pensou em recomeçar do zero: "As pessoas podem printar a tela, salvar e distribuir o que elas quiserem. Eu sei disso e está bem. Eu apenas pensei que não seria uma maneira ruim de seguir em frente", explicou. "Tive que deixar as redes sociais de lado, aceitar as críticas e avaliar as coisas boas e ruins para continuar aprendendo e crescendo como pessoa".

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