Melbourne (Austrália) - A vitoriosa carreira de Andy Murray, infelizmente, chegará ao fim ainda em 2019. Mesmo passado um ano depois de operar o quadril, o ex-número 1 do mundo afirma que continua sentindo dores e segue insatisfeito com o nível de tênis que tem apresentado. Em sua primeira entrevista coletiva no Australian Open, que começa na próxima segunda-feira, Murray se emocionou ao falar à imprensa e declarou que pretende se aposentar em Wimbledon, onde conquistou dois de seus três títulos de Grand Slam, além de ser palco da primeira de suas duas medalhas olímpicas de ouro.
"Eu preciso ter um ponto final, porque estou apenas jogando sem a menor ideia de quando a dor vai parar. Tomei essa decisão e acho que posso chegar até Wimbledon. É lá que eu gostaria de parar de jogar, mas não estou certo de que sou capaz de fazer isso", disse Murray, que ocupa atualmente apenas a posição de número 230 no ranking mundial da ATP.
O britânico reforça que há possibilidade de até mesmo este Australian Open ser o último torneio de sua carreira. "Há uma chance disso, sim, com certeza. Não tenho certeza se vou conseguir suportar a dor por mais quatro ou cinco meses".
Até por isso, Murray garante que jogará em Melbourne. Ele enfrenta o espanhol Roberto Bautista Agut, número 22 do mundo, na rodada de estreia. "Sim, eu vou jogar. Eu ainda posso jogar, mas não em um nível que eu me sinta feliz jogando. A dor é muito grande, e não quero continuar jogando dessa maneira".
"Não me sinto bem. Obviamente, tenho lutado há muito tempo e sinto muita dor há uns 20 meses. Fiz praticamente tudo o que pude para tentar melhorar meu quadril e isso não ajudou muito", explica o ex-número 1 do mundo, que também já comunicou sua equipe sobre a decisão. "No final de dezembro, durante a pré-temporada, falei com meu time e disse a eles que não posso continuar fazendo isso", comenta o escocês, que também descartou a hipótese de seguir apenas nas duplas.
O jogador de 31 anos e pai de duas filhas também falou sobre como é lidar mentalmente com a situação. "Eu falei demais sobre o meu quadril nos últimos 18 meses. É uma coisa diária. Não são apenas as pessoas com quem trabalho que me perguntam, são todas. Todo mundo que eu conheço me pergunta sobre isso, e é bem desgastante. Falei com psicólogos sobre isso, mas nada ajuda porque você está com muita dor e não consegue fazer o que quer, o que gosta de fazer. Não é mais agradável fazer isso".
Murray considera até mesmo a hipótese de passar por mais uma cirurgia. O procedimento seria menos focado no tênis e mais em sua qualidade de vida, já que até mesmo atividades corriqueiras causam-lhe muita dor. "Eu tenho uma opção de fazer outra operação, que é um pouco mais severa do que a que eu fiz antes, mas me daria uma melhor qualidade de vida. Alguns atletas fizeram e voltaram a competir, mas não há garantias disso. E a razão para fazê-la não é voltar ao circuito", afirmou. "Há pequenas coisas no dia a dia que também são muito difíceis. Seria bom fazê-las sem dor. Colocar sapatos, meias, coisas assim. Essa é a principal razão para fazer essa cirurgia".