Melbourne (Austrália) - Pouco mais de semanas depois de protagonizarem uma partida de dois tiebreaks pela Copa Hopman, Roger Federer e Stefanos Tsitsipas voltaram a se encontrar neste domingo pelas oitavas de final do Australian Open. Diferente do clima amistoso da competição que abriu a temporada em Perth, a disputa em Melbourne foi muito mais acirrada e decidida em quatro sets, sendo outros três tiebreaks. Tsitsipas prevaleceu no duelo de gerações na Rod Laver Arena e derrubou Federer com parciais de 6/7 (11-13), 7/6 (7-3), 7/5 e 7/6 (7-5) em 3h45.
Com apenas 20 anos, Tsitsipas conquista sua oitava vitória contra top 10 e já se torna o primeiro jogador grego a chegar às quartas de final de um Grand Slam. O atual número 15 do mundo também é o mais jovem nas quartas em Melbourne desde 2015, quando o anfitrião Nick Kyrgios fez a mesma campanha aos 19 anos. Em Grand Slam, o grego é o jogador mais novo a chegar tão longe desde o russo Andrey Rublev no US Open de 2017.
Tsitsipas aparece atualmente com o melhor ranking da carreira e certamente irá ganhar mais duas posições com os 360 pontos conquistados em uma semana com apenas 10 pontos a defender. Se for semifinalista e fizer 720 pontos, o grego ficará muito perto de se tornar o primeiro atleta de seu país entre os dez primeiros do ranking mundial. O adversário de Tsitsipas nas quartas será o espanhol de 30 anos e 24º colocado Roberto Bautista Agut, em encontro inédito no circuito profissional.
Eliminado nas oitavas, Federer tem sua campanha mais modesta na Austrália desde 2015, quando sofreu uma surpreendente derrota para o italiano Andreas Seppi na terceira rodada. Desde então, o suíço foi semifinalista em 2016 e venceu as duas últimas edições. Com seis títulos no Grand Slam australiano, o veterano de 37 anos está empatado com Novak Djokovic e Roy Emerson entre os maiores vencedores do torneio em todos os tempos.
Como defendeu apenas 180 dos 2 mil pontos que tem a descontar, Federer irá cair da atual terceira posição do ranking para pelo menos o sexto lugar, ultrapassado por Alexander Zverev, Juan Martin del Potro e Kevin Anderson. Enquanto o alemão melhorou seu desempenho em relação ao ano passado, o argentino nem foi a Austrália e o sul-africano caiu ainda na segunda fase. O suíço permanecia entre as cinco primeiras posições desde 3 de abril de 2017. Outro que pode ultrapassar Federer após o torneio é o japonês Kei Nishikori.
Tsitsipas prevaleceu na estatística de aces, liderando por 20 a 12, e fez um winner a mais, 62 a 61. O número de erros não-forçados foi muito desigual, 36 para o grego contra 55 do suíço. Os dois jogadores foram muito à rede, Tsitsipas venceu 48 pontos em 68 possíveis (71%), enquanto Federer subiu 66 vezes e venceu 50 pontos (76%). Chama atenção o número de break points perdidos por Federer. O suíço não aproveitou nenhuma das doze chances de quebra que teve na partida, enquanto Tsitsipas só teve três break points e aproveitou um deles para vencer o terceiro set.
Logo no primeiro game da partida, o árbitro James Keothavong deu duas advertências por tempo a Tsitsipas, o que obrigou o grego a perder o primeiro saque em um dos pontos que disputou. A rígida, porém incomum, marcação causou estranheza até mesmo em Federer, que conversou com o árbitro sobre a situação. O grego salvou dois break points naquele game e confirmou o serviço. Passado esse momento de tensão logo no início, o primeiro set seguiu com amplo domínio dos sacadores e não teria mais nenhum break point. Embora não tenha criado chances de quebra, era Tsitsipas quem fazia mais pontos nas devoluções até o empate por 6/6, eram 9 a 7 para o grego antes do tiebreak.
O game-desempate começou a favor de Tsitsipas, que abriu 2-0 depois de explorar uma subida de Federer à rede. A igualdade viria no quarto ponto, após um erro não-forçado do grego. Pouco depois, o suíço passou à frente e liderou por 5-4, mas cedeu a igualdade de imediato ao isolar um forehand. O que se viu na sequência foi uma série de trocas de vantagem, com cada jogador salvando três set points graças a ótimos saques. Com o placar empatado por 12-12, Federer encaixou uma ótima devolução antes de definir a parcial em seu serviço.
Enquanto Federer confirmou rapidamente todos os seis games de serviço do segundo set e permitiu apenas quatro pontos a Tsitsipas, o grego era fequentemente ameaçado em seu saque. O jovem jogador de 20 anos precisou salvar oito break points ao longo da parcial para levar a partida a mais um tiebreak. Desta vez, Tsitsipas foi superior desde o início e conseguiu três pontos importantes contra o saque do suíço para empatar a partida. Destaque para a diferença no número de pontos vencidos na devolução de saque, apenas sete para Tsitsipas contra 23 de Federer, que ainda assim perdeu o set.
As chances perdidas pelo suíço continuaram na parcial seguinte. Federer teve dois break points quando o placar estava empatado por 3/3, mas cometeu dois erros seguidos com o forehand. O game, que foi o mais longo do set, ainda teria outras três igualdades, mas sem que Tsitsipas tivesse o serviço ameaçado. Logo na sequência, o grego teve suas duas primeiras chances de quebra na partida, mas sequer pôde efetivamente disputar os pontos após bons saques do ex-número 1 do mundo. Parecia que o jogo teria o terceiro tiebreak seguido, mas Federer fez um game muito ruim em um momento crucial da partida, cometeu três erros não-forçados seguidos e sofreu a quebra pela primeira e única vez no jogo.
O quarto set seguiu a linha dos dois primeiros e também não teve quebras ou break points. Como aconteceu nos outros dois tiebreaks entre eles, Tsitsipas abriu 2-0, mas cedeu a igualdade. O equilíbrio prevalecia até que Federer cometesse um erro não-forçado com o placar empatado por 5-5 e permitisse que Tsitsipas tivesse um match point com o saque. O grego aproveitou a chance e garantiu uma das maiores vitórias da carreira.