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Pouille espera ver mais mulheres treinadoras na ATP
23/01/2019 às 11h59

Pouille é treinado pela ex-número 1 do mundo Amelie Mauresmo

Foto: Ben Solomon/Tennis Australia

Melbourne (Austrália) - Semifinalista no Australian Open, Lucas Pouille é um raro de caso de jogador na elite do circuito masculino a ter uma mulher como treinadora. Depois de ter encerrado um longo trabalho com o técnico Emmanuel Planque, o jovem francês de 24 anos apostou na ex-número 1 do mundo Amelie Mauresmo para voltar ao caminho das vitórias.

Vencedor de cinco títulos de ATP, Pouille chegou ao top 10 em março do ano passado, mas não conseguiu sustentar sua posição e aparece atualmene apenas no 31º lugar. Excluindo as situações em que há uma relação uma relação de parentesco entre jogador e treinadora, ele passa a ser o único a ser comandado por uma mulher. Ao atingir seu melhor resultado em Grand Slam, Pouille disse que gostaria de não ser uma exceção ao ser perguntado se outros jogadores poderiam repetir a experiência.

'Sim, eles deveriam [contratar uma treinadora]!", disse Pouille ainda em quadra, depois de vencer Milos Raonic por 7/6 (9-7), 6/3, 6/7 (2-7) e 6/4 nesta quarta-feira. Logo na sequência francês fez questão de enaltecer as qualidades de Mauresmo. "Ela tem a mentalidade certa, sabe tudo sobre tênis. Não se trata de ser mulher ou homem. Isso não importa. Você só precisa saber o que está fazendo e ela sabe".

Em conversa com os jornalistas em Melbourne após a partida, Pouille reiterou sua posição. "Várias jogadoas são treinadas por homens, então porque não o contrário? Como eu disse repetidas vezes, o que importa é saber de tênis e ter um bom estado de espírito. Ela é uma campeã e uma ótima treinadora".

Pouille também foi perguntado sobre possíveis críticas que tenha recebido após o anúncio de Mauresmo na equipe, especialmente por conta de uma experiência de Andy Murray que trabalhou com a mesma treinadora entre 2014 e 2016. Na época, Murray foi duramente criticado e relatou ter recebido uma mensagem de um colega de circuito sugerindo que ele deveria contratar um cachorro como seu próximo treinador. "Acho que os tempos mudaram. Como ele foi o primeiro, pode ter sido por isso que ele recebeu essas mensagens. É uma pena que isso tenha acontecido. Mas, respondendo à sua pergunta, não recebi nenhuma mensagem negativa".

O jovem jogador francês também aprova o ambiente de trabalho com Mauresmo. "Ela é focada em cada bola durante os treinos. Mas ao mesmo tempo, há uma atmosfera legal entre a gente. Não somos tão sérios quando estávamos no banco. Nós podemos rir e podemos fazer piadas. Mas na hora em que vamos bater bola, nós realmente levamos a sério. É bom ter esse equilíbrio".

Mesmo depois de cinco eliminações seguidas em estreias na Austrália e de uma temporada aquém de suas expectativas em 2018, Pouille esperava por um bom resultado depois de mostrar um desempenho satisfatórios nos treinos. "Chegando aqui a meta não era 'chegar à segunda semana ou às quartas de final', mas sim pensar passo a passo e tentar me concentrar no meu jogo e no que eu precisava fazer em quadra, porque eu trabalhei duro na pré-temporada. Fiz boas partidas na Copa Hopman, mesmo perdendo os três jogos, eu estava em bom nível e continuei trabalhando duro".

A respeito da expressiva vitória sobre Raonic em 3h02 de partida, Pouille acredita que foi fundamental ter um aproveitamento em seus games de serviço e encontrar um bom posicionamento para as devoluções. Diante de um dos melhores sacadores do circuito, o francês criou 14 chances de quebra e aproveitou três delas, enquanto Raonic teve apenas um break point em toda a partida, ainda no set inicial.

Tive alta porcentagem de primeiro saque, acho que foram mais de 65% durante a partida", explica o francês que colocou 66% de primeiros serviços em quadra e venceu 84% dos pontos jogados nessas condições. "E nas devoluções eu tentei ficar bem perto da linha de base e não lhe dar tantos ângulos para que ele pudesse variar muito o saque. Ainda que ele tenha feito 25 ou 26 aces, coloquei muitas devoluções na quadra".

"Não tive que enfrentar um break point por quase três horas. Ainda que eu tivesse perdido o terceiro set, na minha mente estava claro que eu tinha que ficar focado nos meus games de serviço, para então tentando colocar o maior número possível de devoluções. No terceiro set, eu tive alguns break points, mas sempre se salvou muito bem com ótimos saques e fez um bom tiebreak. Quando eu chegamos ao quarto set, eu ainda vencia dois sets a um, então não tinha que entrar em pânico. Eu realmente precisava ficar positivo, ainda fazendo o que eu fiz muito bem por 2h30".

Em busca de sua primeira final de Grand Slam na carreira, Pouille terá a missão de enfrentar o número 1 do mundo e seis vezes campeão Novak Djokovic, em encontro inédito no circuito. Dono de cinco vitórias contra top 10 na carreira, o francês confia em suas chances e destaca o bom momento da nova geração. "Acho que todo mundo pode vencer qualquer adversário agora. Mesmo que os melhores ainda sejam os melhores, com Djokovic, Rafa e Roger ainda dominando o tênis, temos mas mais e mais jogadores surgindo. Eu acho isso ótimo para o esporte".

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