Melbourne (Austrália) - Com uma campanha impecável até a final do Australian Open, sem perder sets e sofrendo apenas duas quebras de serviço durante seis jogos na competição, Rafael Nadal falou sobre o tênis de altíssimo nível que tem exibido em Melbourne. Ao saber, por meio dos jornalistas, que o grego Stefanos Tsitsipas, adversário nesta quinta-feira, teria ficado surpreso com a agressividade em quadra, o espanhol explicou que sempre foi um jogador agressivo e que são feitas leituras equivocadas sobre seu estilo de jogo.
"Eu fui agressivo porque estou jogando bem, não? Não é novidade que sou agressivo. O problema comigo é que porque eu tive muito sucesso no saibro, as pessoas provavelmente acham que eu não sou agressivo. Eu realmente acredito que quem pensa está completamente errado", disse Nadal, após a vitória por 6/2, 6/4 e 6/0 sobre Tsitsipas.
"Claro que não estou fazendo saque e voleio e não vou fazer winners em todas as bolas, mas não há melhor maneira de ser agressivo do que acertar todos os golpes com o objetivo de causar dano ao adversário. Esse foi meu objetivo durante toda a carreira", avaliou o número 2 do mundo e vencedor de 17 títulos de Grand Slam.
"Hoje eu pude causar esse dano um pouco mais cedo, porque durante este evento eu tenho sacado muito bem. Então, quando você saca muito bem, a primeira bola normalmente é um pouco mais fácil. Essa é provavelmente a única razão. Eu tive a determinação de fazer isso acontecer", explicou o jogador de 32 anos, que chega à final na Austrália pela quinta vez na carreira.
"Não posso jogar como o Roger [Federer] quando não tenho o saque dele. O Roger ganha muitos pontos livres, que começam com um bom saque, então ele tem um forehand não muito difícil. Não foi o meu caso durante toda a minha carreira porque nunca tive esse saque", acrescentou o campeão de 2009 no torneio australiano.
"Mas hoje eu estou sacando melhor. É por isso que posso fazer mais winners na primeira bola. Essa é a única razão. Para o resto das coisas, sempre tentei ser agressivo. Eu tenho minha mentalidade. Não posso jogar tentando acertar os winners em todas as bolas se eu não entender o esporte dessa maneira. A parte mental tem que ir na frente do jogo. Foi o que fiz durante toda a minha carreira", complementou o espanhol, que superou o jovem grego de 20 anos pela terceira vez.
A respeito de seu desempenho na semifinal diante do número 15 do mundo, Nadal destaca a evolução de seu backhand, ainda mais afiado que nos jogos passados em Melbourne. "Esta noite foi ainda melhor do que as rodadas anteriores. Joguei sólido com o meu saque e fui agressivo. Provavelmente, o backhand foi melhor hoje do que no resto dos dias. Isso também é importante para mim, porque o forehand já vinha funcionando perfeitamente durante todo o torneio, mas o backhand foi melhorando ao longo dos jogos".
O Australian Open é o primeiro torneio que Nadal disputa desde setembro do ano passado, quando abandonou a semifinal do US Open por lesão no joelho direito. Desde então, o espanhol ainda teve problemas no músculo abdominal, fez uma cirurgia no tornozelo e desistiu de atuar em Brisbane, na primeira semana de 2019, por lesão na coxa esquerda. "Estou voltando ao meu melhor. Então, em termos gerais, é claro que tenho que estar muito feliz com o jeito que joguei".
Nadal também falou sobre o desapontamento mostrado por Tsitsipas após a dura derrota. "Isso faz parte do jogo. As vezes você ganha, as vezes você perde. Ele é jovem. Eu já perdi o suficiente para saber disso. Todo mundo precisa passar por essa experiência", afirmou. "Toda semana há apenas um vencedor, e o resto, todo mundo perde. Quando você joga este esporte, você tem que saber disso. Esta noite eu joguei muito bem, mas ele também fez um grande torneio. Foi a primeira semifinal para ele. Ele é jovem e tem tudo para se tornar um grande campeão. Não há muitas razões para ficar triste quando você mal começou a temporada".
O adversário de Nadal na disputa pelo título virá do confronto entre seu rival e número 1 do mundo Novak Djokovic contra o francês Lucas Pouille, ex-top 10 e atual 31º do ranking aos 24 anos, que se enfrentam nesta sexta-feira. "Claro que Novak é o favorito amanhã. Ele esteve nessa posição muitas vezes. Para Lucas é a primeira vez. Mas vamos ver. É uma partida de tênis e tudo pode acontecer. Mas eu só tenho que pensar no que eu tenho que fazer. Apenas continuar jogando do jeito que estou jogando. Esse é o meu objetivo. Eu estou fazendo muitas coisas bem, então não posso reclamar. Quero continuar assim e, então, espero ter um daqueles dias especiais".