Melbourne (Austrália) - Apesar do absoluto sucesso na carreira profissional de Novak Djokovic e de outras duas jogadoras sérvias, Ana Ivanovic e Jelena Jankovic, terem liderado o ranking feminino, o tênis ainda é um esporte pouco acessível na Sérvia. Djokovic comenta que em seu país ainda é muito caro para uma família encontrar os equipamentos e estrutura de treinamento adequadas e que por isso o tênis acaba perdendo espaço para outros esportes.
"Para uma família comum na Sérvia é muito caro jogar tênis. Essa é a realidade. Provavelmente eles optariam, se tudo se resumir ao custo, pelo basquete, futebol, handebol ou vôlei. Esses esportes são realmente bem-sucedidos em nosso país. Ainda temos muito trabalho a fazer na base para formar mais jogadores", disse o atual número 2 do mundo aos 32 anos.
"O problema que temos ainda é a infraestrutura, mas também é o sistema que não aproveitou o sucesso tão bem quanto deveria", avalia o vencedor de 16 títulos de Grand Slam. "Eu me considero também responsável e tento fazer algo quando não estou jogando. No clube que administro em Belgrado, durante o meu tempo livre, tento ajudar a federação a estabelecer um sistema de longo prazo, que permitirá que crianças e pais tenham mais acesso ao tênis, com calçados, raquetes e quadras mais baratos, ou coisas assim".
Dada a falta de estrutura no país, Djokovic se surpreende com o fato de tantos tenistas sérvios terem feito sucesso ao mesmo tempo. "Não acredito em coincidências na vida, mas nesse caso parecia uma coincidência, porque não havia um sistema ou estrutura que apoiasse nosso avanço no tênis profissional".
"Mas em um dado momento tínhamos três números 1 do mundo com Ana Ivanovic e Jelena Jankovic no feminino. Quatro, na verdade, com o Nenad Zimonjic nas duplas também. E ainda tivemos o Janko Tipsarevic top 10. Foi uma década incrível para o nosso tênis. Obviamente, isso ajudou a popularidade do esporte em nosso país. Havia muito interesse, com muitos jovens querendo uma raquete", acrescentou o heptacampeão do Australian Open.
Garantido nas quartas de final em Melbourne, Djokovic comemorou o desempenho na vitória por 6/3, 6/4 e 6/4 sobre o argentino Diego Schwartzman neste domingo. "Diego é um jogador de qualidade. Ele fez um torneio fantástico nas três primeiras rodadas. E sabia que se eu desse ritmo a ele, poderia ter problemas. Ele é um dos jogadores mais rápidos do circuito. Tentei variar um pouco o jogo, acertar algumas slices e trazê-lo para a rede às vezes. Funcionou bem hoje".
O sérvio agora se prepara para enfrentar o exímio sacador Milos Raonic, ex-top 3 do mundo e atual 35º colocado. O histórico é amplamente favorável a Djokovic, que venceu os nove duelos anteriores. "Será uma partida bem diferente da de hoje. Ele é um dos caras mais altos e mais fortes fisicamente do circuito e tem um dos melhores saques. Tenho que estar pronto para os mísseis vindos do lado dele da rede. Já joguei contra ele aqui na Austrália e lembro bem. Um dos elementos-chave será a devolução de saque e a confiança nos meus games de serviço. Fico feliz em vê-lo saudável e jogando bem novamente. Ele é um cara legal. Eu o conheço há muitos anos e ele é um bom amigo. É bom vê-lo nas quartas".