Melbourne (Austrália) - Nesta segunda-feira, o canal de vídeo do Australian Open publicou um vídeo de 9 minutos destacando as conquistas da carreira de Margaret Court, de 77 anos. Recordista absoluta de títulos de simples de Grand Slam com 24 conquistas, a australiana foi homenageada em quadra antes do início da rodada noturna, apesar das polêmicas declarações contra o casamento entre pessoas do mesmo sexo. Pastora pentecostal desde 1991, ela era uma presença constante no torneio, mas não comparece desde 2017, quando pediu aos australianos para votar contra no plebiscito sobre o casamento gay, que acabou legalizado.
Houve até um movimento pedindo a retirada de seu nome da segunda quadra mais importante do Melbourne Park. A Tennis Australia não se posicionou sobre o assunto, mas com a aproximação dos 50º aniversário de seu Grand Slam, lançou comunicado esclarecendo as dúvidas, inclusive pressionada pela própria ex-jogadora que queria uma definição. Em 1970, a australiana venceu os quatro mais importantes torneios do circuito.
“Por causa dessa marca histórica de Margaret Court, um feito realizado apenas por outras duas tenistas, Maureen Connolly e Steffi Graf, ela, sua família e seus amigos serão convidados para participar de uma homenagem durante o Australian Open de 2020”, disse o comunicado divulgado pela federação australiana no fim de novembro passado.
Court foi a segunda tenista da História a fechar o Slam em uma mesma temporada. A norte-americana Connolly puxa a lista com suas conquistas em 1953. Graff foi a última a conseguir tal feito, vencendo não apenas os quatro Grand Slam em 1988, mas também conseguindo o inédito ‘Golden Slam’, já que conquistou o ouro olímpico nos Jogos de Seul. Court também foi a primeira tenista a retornar a jogar em alto nível após se tornar mãe. Court nasceu em Albury em 16/07/1942 e mudou o nome para Margaret Smith Court depois de se casar em 1967.
No vídeo, Margaret recorda a sua infância sem recursos para tornar realidade o sonho de jogar tênis. “Minha família não tinha dinheiro, não tínhamos carro, meu pai tinha problemas com álcool”, lembra Court, que começou a jogar com 13 anos e aos 15 já tinha ganhado 60 troféus. Ela começou brincando com um pedaço de madeira de uma cerca como raquete. As pessoas perguntavam o que ela queria fazer e ela respondia: “Quero ser a primeira australiana a ganhar Wimbledon.”
Ela foi para Melbourne pela primeira vez aos 15 anos e começou a treinar duro em uma academia para homens. Quando ela se aposentou, em 1977, tinha conquistado dois títulos de Wimbledon (1963, 1965 e 1970), além de 11 títulos do Australian Open, 5 de Roland Garros e 5 do US Open. "Ela era difícil de se enfrentar por causa dos seus braços", relembra Judy Dalton, dona de um Grand Slam nas duplas. Billie Jean King também menciona os braços compridos de Margaret Court. Por isso, a australiana era comparada com um macaco. "Eles não me chamavam de Big Ape sem motivo", comenta a própria Margaret.
