por Mário Sérgio Cruz
Depois de uma rodada surpreendente nas semifinais da última quinta-feira, Garbiñe Muguruza e Sofia Kenin decidem o título da chave feminina do Australian Open na manhã deste sábado. Elas se enfrentam a partir das 5h30 (de Brasília). Kenin levou a melhor no único duelo anterior, disputado no fim do ano passado em Pequim.
Ambas chegam embaladas por vitórias sobre favoritas. Kenin eliminou a número 1 do mundo e grande estrela australiana Ashleigh Barty na semifinal. Já Muguruza, que havia passado pelas top 10 Elina Svitolina e Kiki Bertens no início do torneio, derrotou também a terceira do ranking Simona Halep para chegar à decisão. Os dois jogos tiveram o mesmo placar, 7/6 e 7/5.
Espanhola tenta recomeçar após dois anos abaixo da média
Ex-número 1 do mundo, Muguruza tem dois títulos de Grand Slam. Ela foi campeã de Roland Garros em 2016 e de Wimbledon no ano seguinte. A espanhola de 26 anos ainda tem um vice-campeonato na grama londrina. Mas após duas temporadas aquém de suas expectativas e do rompimento com o treinador francês Sam Sumyk, ela aparece atualmente apenas no 32º lugar do ranking. Dona de sete títulos da WTA, ela venceu seu último torneio no início do ano passado em Monterrey.
Disposta a retomar o caminho das vitórias, Muguruza voltou a treinar com a compatriota e ex-número 2 do ranking Conchita Martínez, que esteve ao seu lado na conquista em Wimbledon. A espanhola começou o ano com uma semifinal em Shenzhen e uma desistência em Hobart, onde contraiu uma virose. Logo na rodada de estreia do Australian Open, levou um 'pneu' da norte-americana Shelby Rogers, mas conseguiu se recuperar e deu início à ótima campanha em Melbourne.
Acostumada a lutar pelas primeiras posições do ranking, Muguruza não ficava fora da relação de cabeças de chave de um Grand Slam desde 2014. Ela pode se tornar apenas a terceira não-cabeça de chave a ser campeã na Austrália, juntando-se a Chris O'Neil em 1978 e a Serena Williams, que voltava de lesão e era apenas a número 81 do mundo em 2007. Tentando ser a primeira espanhola a vencer o torneio, Muguruza já repete a campanha de sua treinadora. Conchita Martínez ficou com o vice em 1998. Além delas, Arantxa Sánchez-Vicario foi finalista nos anos de 1994 e 1995.
Promessa norte-americana tenta ratificar o bom momento
Estreante em finais de Grand Slam, Sofia Kenin foi escolhida a jogadora que mais evoluiu na temporada passada do circuito. Ela saltou do 48º para o 12º lugar do ranking ao longo de 2019, com destaque para três títulos de WTA e outras boas campanhas no circuito como as semifinais em Toronto e Cincinnati. A jovem jogadora de apenas 21 anos até disputou uma partida no WTA Finals como alternate já em novembro.
Embora Kenin tenha nascido na Rússia, a família se mudou para os Estados Unidos quando ela tinha poucos meses de vida. A jogadora é até hoje treinada pelo pai, Alexander. Antes da excelente campanha em Melbourne, ela nunca havia chegado tão longe em Grand Slam. No máximo, havia chegado às oitavas em Roland Garros no ano passado.
Esta é apenas a terceira participação de Kenin no Australian Open e ela já está na final. Ela havia caído na estreia em 2018 e na segunda rodada do ano passado. Em caso de vitória neste sábado, irá repetir os feitos de Steffi Graf (1988), Mary Pierce (1995) e Martina Hingis (1997), que também venceram o torneio na terceira participação. O recorde dessa estatística pertence a Monica Seles, campeã logo em sua primeira aparição no torneio em 1991.
Aos 21 anos e 80 dias, Kenin é a finalista mais jovem do Australian Open desde 2008, quando Maria Sharapova e Ana Ivanovic tinham 20 anos quando protagonizaram uma decisão vencida pela russa. A japonesa Naomi Osaka, campeã na última temporada, era só um pouco mais velha na época e levantou o troféu aos 21 anos e 102 dias.
🚨We're taking you back to 2005! 🚨
— WTA (@WTA) January 30, 2020
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Pontos, dinheiro e desgaste
A conquista do Australian Open vale 2 mil pontos no ranking, com 1.300 pontos para a vice-campeã. Muguruza está recuperando muitas posições e já garante a volta ao 16º lugar. Se vencer o torneio, será a número 11 do ranking. Por sua vez, Kenin debutará no top 10, assumindo a nona posição, podendo chegar ao sétimo lugar em caso de título.
O prêmio em dinheiro para a campeã do Australian Open é de AUD 4,12 milhões, o equivalente a US$ 2,78 milhões. Isso é quase o mesmo valor que Kenin tem acumulado em toda sua carreira, com US$ 2,95 milhões. Mais experiente, Muguruza já ganhou US$ 19,27 milhões em premiações de torneios. A vice-campeã recebe AUD 2,06 milhões.
As duas jogadoras passaram praticamente o mesmo tempo em quadra durante o torneio. Kenin atuou por 9h49, com doze sets vencidos e apenas um perdido. Já Muguruza permaneceu em quadra por 9h54 e cedeu apenas dois sets nos seis jogos anteriores.
Relembre o único duelo anterior entre Kenin e Muguruza
2019 - Pequim - sintético - primeira rodada - Kenin, 6/0 2/6 6/2