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Casos de outros brasileiros influenciam pena de Bia
10/02/2020 às 21h40

Mário Sérgio Cruz

O relatório completo da Federação Internacional de Tênis (ITF) a respeito do período de suspensão de Beatriz Haddad Maia por doping foi divulgado nesta segunda-feira. De acordo com a resolução da ITF, os casos anteriores de doping envolvendo jogadores brasileiros influenciaram na pena de dez meses imposta à jogadora.

Bia estava suspensa provisoriamente desde o dia 22 de julho do ano passado, depois de testar positivo para as substâncias SARM S-22 e SARM LGD-4033, que integram a categoria S1 (agentes anabolizantes) da lista de substâncias proibidas da WADA (Agência Mundial Antidoping). O exame foi realizado no dia 4 de junho, durante torneio da série 125k da WTA em Bol, na Croácia. Ela poderá voltar ao circuito a partir de 22 de maio.

A jogadora conseguiu comprovar a contaminação cruzada de um suplemento alimentar, que foi consumido sob prescrição médica. Isso atestou que ela não teria intenção de obter vantagem esportiva e se livrou de uma pena ainda maior, que poderia ser de dois ou até quatro anos. No entanto, a situação não a eximiu de responsabilidades, expostas pela ITF.

No relatório da Federação Internacional são citados três casos recentes envolvendo outros jogadores brasileiros, que também foram punidos depois de testarem positivo em exames antidoping. Marcelo Demoliner ficou afastado por três meses, Thomaz Bellucci por cinco meses e Igor Marcondes por nove meses. Todos os casos foram justificados por contaminação cruzada de medicamentos receitados por farmácias de manipulação.

Há ainda o caso da juvenil Camilla Bossi, afastada por seis meses entre março e setembro do ano passado, mas que só veio a público após a divulgação do relatório completo em novembro. Bossi testou positivo para a mesma substância SARM S-22. Ela chegou a preencher um formulário no dia do exame informando que consumia um suplemento sob prescrição médica.

Por isso, a entidade expõe que, por mais que fosse comprovada a contaminação, Bia deveria ser consciente do risco de consumir o suplemento alimentar, já que os casos anteriores foram amplamente divulgados pela própria ITF e por veículos de imprensa.

No Programa Antidoping do Tênis consta que qualquer substância proibida pode aparecer (listada como ingrediente ou não) em suplementos ou medicamentos. Isso inclui a possibilidade de contaminação. E que mesmo que sejam consumidos com prescrição médica, o jogador é responsável por todas as substâncias que aparecerem nos resultados dos exames. É citada também uma resolução do Tribunal Arbitral do Esporte de que qualquer atleta que toma um suplemento assume o risco de ingerir uma ou mais substâncias proibidas.

A suspensão terá impacto direto no ranking da tenista, que voltará ao circuito praticamente zerada. Bia chegou a ser número 58 do mundo em 2017 e ocupava a 99ª posição na lista da WTA quando foi suspensa provisoriamente. Ela aparece atualmente no 147º lugar do ranking, mas não terá a oportunidade de defender nenhum dos resultados que foram obtidos até 22 maio do ano passado. Além disso, ela perde todos os pontos obtidos a partir de 4 de junho de 2019, data da realização do exame. Isso inclui seus resultados em Bol, Ilkley e Wimbledon.

Dessa forma, a brasileira ficará com apenas dois pontos do quali de Roland Garros da última temporada, mas pelo regulamento da WTA, uma jogadora só tem posição no ranking se fizer dez pontos ou pontuar em três torneios distintos.

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