Paris (França) - Os polêmicos comentários de Marion Bartoli, que defendeu acabar com os torneios de duplas e direcionar dinheiro das premiações a jogadores de simples com ranking mais baixo, rapidamente repercutiram no circuito.
Campeã de Wimbledon em 2013, Bartoli acusou os duplistas de treinarem menos que atletas de simples e, ainda assim, conseguirem manter equipes de até seis pessoas. Duplistas contestaram as opiniões da francesa e expuseram as dificuldades que enfrentam.
Uma das posições mais enfáticas veio da canadense Gabriela Dabrowski, sétima no ranking mundial das especialistas em duplas e integrante do conselho das jogadoras da WTA. Por meio do Twitter, a canadense de 28 anos enumerou uma série de motivos para contestar a fala de Bartoli.
"Tenho certeza de que muitos jogadores de duplas adorariam passar mais horas nas quadras de treino, mas na maioria dos torneios isso significaria chegar às 7h da manhã, o que nem sempre é permitido, porque alguns clubes não abrem tão cedo, ou esperar até tarde da noite para treinar. Nunca temos tempo suficiente nas quadras de treino durante o horário normal do dia, pois somos os últimos na lista de prioridades", disse Dabrowski.
Thoughts on Marion’s comments about doubles, my first thread
— Gaby Dabrowski (@GabyDabrowski) May 28, 2020
1. I’m a little bit in shock but I’ll do my best to address everything said.
2. Marion is suggesting to take money away from those who earn on average less than 19% of what a singles player makes? Does she realize that
“Marion está sugerindo tirar dinheiro daqueles que ganham, em média, menos de 19% do que um jogador de simples ganha? Você percebe que jogadores de duplas ainda têm que dividir entre eles esses 19%, certo?" questionou a canadense.
"Um tenista que joga predominantemente duplas pode ter uma carreira mais longa no tênis, porque o desgaste do corpo não é o mesmo. Embora Marion possa considerar que isso é algum demérito, para muitos, isso lhes permitiu continuar perseguindo seus sonhos e continuar praticando um esporte que eles amam por muito mais tempo. Sugerir que esses atletas desapareçam é inescrupuloso", complementou a integrante do conselho.
Je suis jaloux!!! Moi qui pensais avoir un staff étoffé, peux tu me présenter le joueur de double qui voyage avec 6 personnes stp? 😊@bartoli_marion https://t.co/h0g8hw1qak
— Nico Mahut (@nmahut) May 27, 2020
O veterano francês Nicolas Mahut, que já foi top 40 em simples e é o número 3 do mundo em duplas, criticou a fala da compatriota e comparou a situação com a exigência de prêmios iguais para homens e mulheres nos Grand Slam. "Estou com ciúmes! Eu pensei que tinha uma equipe grande. Você pode me apresentar o jogador de duplas que viaja com seis pessoas, por favor?", questionou o atleta de 38 anos. "Se eu seguir o seu raciocínio até o final em relação ao conceito de esforço, você acha que as mulheres não devem ter o mesmo prêmio que os homens porque não jogam em melhor-de-cinco?"
O belga Joran Vliegen, 36º do ranking de duplas, também se manifestou. "A Bartoli acha que não devemos jogar em duplas e dar dinheiro aos jogadores de challengers e qualis de simples pois podemos dar ao luxo de ter seis pessoas em nossa equipe. Além disso, nós treinamos de cinco a seis horas por dia. Acho que isso não é suficiente para ela", declara o jogador de 26 anos. "Concordo plenamente com ela que há um problema com a distribuição de prêmios em dinheiro para os rankings mais baixos. Na minha opinião, porém, este não é o caminho para mudar isso".
M. Bartoli thinks we shouldn’t play doubles and give money to singles Q & challengers bc we can afford to have 6 people in our team. We’ve only recently added a traveling coach bc we could never afford it. Also, we practice 5-6 hours a day. Guess that’s not enough for her https://t.co/7bdLSUy2mN
— Joran Vliegen (@joranvliegen) May 27, 2020