Nova York (EUA) - Em sua primeira entrevista desde que chegou a Nova York, o número 1 do mundo Novak Djokovic foi questionado sobre as duas principais polêmicas que envolveram seu nome durante os cinco meses em que o circuito ficou paralisado pela pandemia da Covid-19.
Falando ao New York Times, Djokovic explicou seu ponto de vista a respeito de uma possível vacinação obrigatória no circuito e também sobre a realização do Adria Tour. Ele promoveu dois torneios, na Sérvia e na Croácia, com a presença de público no estádio e poucas medidas de distanciamento. Com isso, o próprio Djokovic e outros jogadores acabaram contraindo a doença.
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"Vejo que a imprensa internacional tirou isso um pouco do contexto, dizendo que sou totalmente contra as vacinas. Meu problema aqui com as vacinas é se alguém estiver me forçando a colocar algo no meu corpo. Isso eu não quero. Para mim, isso é inaceitável", disse Djokovic. "Não sou contra a vacinação, porque quem sou eu para falar disso quando há tantos profissionais da medicina salvando vidas em todo o mundo?"
"Tenho certeza de que existem vacinas com poucos efeitos colaterais que ajudaram as pessoas e ajudaram a impedir a propagação de algumas infecções ao redor do mundo", acrescentou o sérvio de 33 anos, expressando uma preocupação sobre possíveis problemas com uma vacina contra o coronavírus. "Como podemos esperar que isso resolva nosso problema quando este coronavírus está sofrendo mutações regularmente?".
Sérvio diz que repetiria Adria Tour
A série de eventos promovidos por Djokovic terminou mais cedo que o previsto devido aos casos de coronavírus dos atletas Grigor Dimitrov, Borna Coric, Viktor Troicki, o próprio Djokovic, sua esposa Jelena e o técnico Goran Ivanisevic, além de familiares e profissionais das equipes dos jogadores.
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Além de o torneio chamar atenção pelas arquibancadas lotadas, os tenistas participaram de uma série de atividades extra-quadra, como clínicas com crianças, jogos de futebol e basquete, visita a pontos turísticos, além de festas e jantares. Djokovic diz que seguiu as orientações dos governos locais, num momento em que os efeitos da pandemia não eram tão sentidos nesses países, e que repetiria o evento no futuro.
"Tentamos fazer algo com as intenções certas", comentou sobre o evento. "É claro que algumas coisas que poderiam ter sido executadas de forma diferente, mas serei então eternamente culpado por cometer um erro? Se este for o caminho, tudo bem, tenho que aceitar, porque é a única coisa que posso fazer. Se é justo ou não, vocês me dizem, mas eu sei que as intenções eram boas e se eu tivesse a chance de fazer o Adria Tour novamente, eu o faria de novo".
"Para ser honesto, não acho que fiz nada de ruim. Eu sinto muito pelas pessoas que foram infectadas. Mas não me sinto culpado por todo mundo que foi infectado a partir daquele momento na Sérvia, Croácia e região. É como uma caça às bruxas, para ser honesto. Como você pode culpar um indivíduo por tudo?", afirmou o atual líder do ranking. "Concordo que as coisas poderiam ter sido feitas de maneira diferente, na boate, por exemplo. Os patrocinadores que organizaram. Eles convidaram jogadores. Estávamos confortáveis lá e tivemos um evento de sucesso. Todo mundo estava muito feliz e alegre".
O experiente atleta também falou que está buscando informações sobre os efeitos do vírus na saúde a longo prazo: "Fiz uma tomografia computadorizada do meu tórax e está tudo Ok. Também fiz vários testes desde o meu exame negativo para o coronavírus, bem antes de vir para Nova York. Fiz meus exames de sangue, de urina, de fezes e tudo o que posso. Obviamente, estou fazendo isso tudo por prevenção, mas não sabemos realmente com o que estamos lidando".