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Murray apoia mudança de nome em quadra do AO
17/09/2020 às 15h16

Londres (Inglaterra) - Cinco vezes finalista do Australian Open, Andy Murray apoia a mudança de nome de uma das quadras do Melbourne Park. O estádio em questão é a Margaret Court Arena, que leva o nome da recordista de títulos de Grand Slam em todos os tempos, com 24 conquistas em simples, sendo 11 na Era Aberta. Entretanto, Court tem a imagem pública bastante negativa por conta de seu histórico de declarações contra os negros e homossexuais.

Desde que encerrou sua carreira no tênis profissional, Court tem sido notícia por conta de suas falas. Ela já se posicionou a favor do Apartheid, regime de segregação racial que ficou em vigor na África do Sul durante quase 50 anos, e frequentemente condena o relacionamento entre pessoas do mesmo sexo. Até por isso, são frequentes os pedidos para que a arena seja renomeada.

Este ano, outras duas lendas do tênis, Martina Navratilova e John McEnroe fizeram um protesto durante o Australian Open. A sugestão deles era homenagear Evonne Goolagong, dona de seis títulos de Slam em simples, sete em duplas e um nas duplas mistas. Goolagong foi a primeira australiana a liderar o ranking da WTA e é uma das três mães a ganhar um Grand Slam, juntamente com a própria Court e Kim Clijsters.

"Court participou de uma cerimônia no Australian Open deste ano para marcar suas conquistas em quadra, mas a recepção que ela recebeu do público foi morna. Ela obviamente ofendeu e aborreceu muitas pessoas ao longo dos anos", disse Murray à revista PrideLife, destinada ao público LGBTQ.

"No que diz respeito a renomear a quadra, eu acho que sim, é algo que deve ser levado consideração. Não sei quem toma a decisão sobre isso, mas não acho que os valores dela representam o tênis. Quando você chega ao Australian Open, quer se concentrar no tênis. Mas as opiniões dela prejudicam isso", acrescentou o vencedor de três Grand Slam e bicampeão olímpico.

Britânico atua em diversas causas sociais
Murray é bastante reconhecido no circuito por seu engajamento em diferentes causas sociais, lutando contra o racismo, apoiando a igualdade de prêmios entre homens e mulheres, atuando nos bastidores a favor dos tenistas profissionais de ranking, dos jogadores do tênis em cadeira de rodas e servindo de mentor para jovens atletas britânicos. Ele diz que daria todo o apoio se algum jogador do circuito fosse assumidamente gay e conta que tem aconselhado seus três filhos, duas meninas e um menino, sobre como viver em um mundo com menos preconceito.

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"Eu seria absolutamente favorável a isso. Acho que seria uma coisa muito positiva. Tento agir da mesma forma como aconselho os meus próprios filhos e odeio pensar que alguém se esconderia por medo de ser ofendido. Eu apoiaria totalmente se algum dos atletas que jogam conosco quisesse se assumir".

O britânico também comenta que o tênis vai aos poucos se tornando um esporte mais diverso nas posições de liderança e que isso já é visto no circuito feminino. "Acho que, como esporte, você só precisa ser o mais inclusivo possível e ter pessoas mais diversificadas nos conselhos e comitês. Precisamos criar uma cultura onde a voz de todos seja ouvida. Acho que ajuda quando, no circuito feminino, alguns dos maiores nomes da história são homossexuais. Acho que, no esporte masculino, esse processo tem sido muito mais lento do que no lado feminino".

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