Chegou ao fim a vitoriosa carreira profissional de Teliana Pereira no circuito. A pernambucana de 32 anos anunciou sua aposentadoria nesta segunda-feira, em entrevista ao podcast "Match Point", do Grupo Globo. Teliana foi responsável por quebrar várias barreiras do tênis brasileiro e recolocou o país no mapa do circuito feminino. Ela chegou a ser número 43 do ranking mundial e conquistou dois títulos da WTA, em Bogotá e Florianópolis em 2015.
Várias escritas que já duravam pelo menos duas décadas do tênis feminino brasileiro foram quebradas por Teliana nos melhores anos de sua carreira. Em 2013, ela foi a primeira atleta nacional no top 100 desde Andrea Vieira em 1990. No ano seguinte, foi a primeira brasileira a jogar um Grand Slam desde 1993. Teliana ainda fez mais que isso e atuou na chave principal dos quatro Slam, o que não acontecia desde os tempos de Maria Esther Bueno.
A pernambucana venceu jogos no saibro de Roland Garros em três edições seguidas, chegando a enfrentar Serena Williams em Paris na segunda rodada de 2016. Também representou o Brasil nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro. Sua maior vitória foi sobre Elina Svitolina, então número 27 do mundo, que viria a se tornar uma das três melhores do circuito, na semi de Bogotá em 2015.
Eu vou te amar pro resto da minha vida mas agora é hora de dizer “ Até logo” . https://t.co/sAwgu2gqUv pic.twitter.com/Mx2DZdqsro
— Teliana Pereira (@telianapereira) September 28, 2020
Na melhor temporada de sua carreira, em 2015, quebrou um jejum de 27 anos do Brasil ao conquistar em abril o primeiro título de WTA da carreira em Bogotá. Já em agosto, conquistou o segundo troféu em Florianópolis e tornou-se a primeira brasileira desde 1988 a ganhar um torneio desse nível em solo nacional. No ranking, conseguiu ser a terceira tenista mais bem classificada da história no Brasil, atrás apenas de Maria Esther Bueno e Niege Dias.
Atualmente apenas no 377º lugar do ranking mundial, Teliana atuou pela última vez em fevereiro deste ano, quando disputou o confronto entre Brasil e Alemanha pela Fed Cup em Florianópolis. Ela acumula 419 vitórias e 248 derrotas no circuito profissional e mais de US$ 1,068 milhão em premiações de torneios.
História de superação e lesões
Teliana e sua família também têm uma longa história de superação. Ela é a natural de Águas Belas, no sertão pernambucano, e tem seis irmãos. A família migrou para o Sul do país quando o pai, José, foi trabalhar na construção civil. Uma das oportunidades para o pai de Teliana foi na academia de Didier Rayon, em Curitiba, construindo quadras de tênis. Assim, ela e mais dois irmãos tiveram o primeiro contato com a modalidade. O mais novo, José Pereira, segue jogando nos circuitos challenger e future. Já Renato, mais velho, é técnico e administra a própria academia.
Além disso, a pernambucana passou por uma série de lesões, especialmente no joelho direito, que já foi operado duas vezes e fez com que ela ficasse mais de um ano parada. Nos últimos anos, outro problema físico que surgiu foi no cotovelo direito. Por esse motivo, precisou fazer uma nova pausa na carreira em 2017. Nesse intervalo, aproveitou para se dedicar à família. Ela se casou com o parceiro de longa data, Alexandre Zornig, e viu o crescimento projeto da academia de seu irmão. Também atuou como comentarista de TV para a ESPN Brasil em transmissões do Australian Open e US Open.
"Fui muito além do que imaginava", afirmou Teliana
"Eu não sei exatamente o que eu vou fazer. Não pretendo sair do tênis, eu amo isso, ainda tenho muita coisa para dar a essas meninas que estão chegando", disse Teliana, na entrevista em que anunciou o fim de sua carreira. "Acho que vivi todos os níveis, conheço os torneios e tenho muita experiência. Então, espero poder ajudar com isso. Comentar na TV é uma coisa que eu adoro, gosto muito, então também espero poder fazer isso. São minhas paixões. Mas, ainda não sei o que eu vou fazer".
"O processo para tomar essa decisão levou um tempo. Eu fui amadurecendo a ideia em um período mais ou menos de um ano. Comecei a realmente pensar nisso que cada dia era mais difícil viajar, pegar avião, levantar para treinar. Eu percebi que já não era tanto mais a prioridade. Foi aí que pensar em parar de jogar", contou Teliana, por meio de sua assessoria de imprensa.
"Quando eu tomei a decisão eu estava muito certa do que queria. Eu estou muito feliz com a decisão tomada. É uma fase da minha vida que encerra. Eu tenho muito orgulho de tudo que fiz, das pessoas que estavam ao meu lado e que me ajudaram bastante. Estou muito satisfeita com a minha carreira", explicou a pernambucana.
"Fui muito além do que imaginava, com dois títulos de WTA e sempre superando as minhas expectativas. Estou ansiosa para fazer coisas diferentes, iniciar algo novo. Ainda não sei o que vai ser. Estou curtindo esse momento para ter ideias, estou refletindo bastante, relembrando momentos bons e os mais difíceis que foram de muito aprendizado. Levou um tempo, mas a partir do momento que tomei a decisão final, me deu muito alegria por tudo o que eu já fiz".
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