A histórica campanha de Gustavo Kuerten na Masters Cup de Lisboa em 2000 teve início em 28 de novembro daquele ano. No torneio que reunia os oito melhores daquela temporada, Guga chegava à capital portuguesa com dois objetivos em mente, conquistar um título inédito em sua carreira profissional e, de quebra, tentar assumir a liderança do ranking mundial pela primeira vez.
Então número 2 do mundo no início do torneio, Guga fazia a melhor temporada de sua carreira. Ele conquistou o segundo de seus três títulos de Roland Garros e vencido os torneios no saibro de Santiago e Hamburgo e também no piso duro de Indianápolis. Pouco antes da Masters Cup, antigo nome do atual ATP Finals, conseguiu um grande resultado em Paris ao ser semifinalista do evento disputado em quadras de carpete.
Guga ficou num grupo que também tinha o norte-americano Andre Agassi, o sueco Magnus Norman e o russo Yevgeny Kafelnikov. Na outra chave estava o então líder do ranking, Marat Safin, que tentava sustentar sua posição até final daquele ano. O russo tinha a companhia do norte-americano Pete Sampras, do australiano Lleyton Hewitt e do espanhol Alex Corretja.
Diferente do que acontece atualmente, em que o Finals dura oito dias e oferece um dia de descanso entre cada partida da primeira fase, a Masters Cup daquele ano foi disputada durante apenas seis dias. Isso significa que campeão e vice disputariam cinco jogos na semana tendo apenas um dia de folga ao longo de todo o torneio.
Derrota para Agassi na estreia
A estreia de Guga seria contra o lendário Andre Agassi, ex-número 1 do mundo e então oitavo colocado, em jogo que fecharia a rodada de terça-feira, primeiro dia de jogos no Pavilhão Atlântico de Lisboa. O retrospecto entre os dois até aquele momento apontava uma ligeira vantagem para o norte-americano, que liderava por 4 a 3, mas o brasileiro havia vencido o duelo mais recente, na semifinal de Miami daquele ano.
O começo de partida foi favorável para Guga, que venceu o primeiro set por 6/4. Entretanto, o catarinense, então com 24 anos, não repetiu o desempenho nas parciais seguintes e acabou perdendo oportunidades importantes de quebrar novamente o saque de Agassi. Dois fatores acabaram desestabilizando o atleta brasileiro, um deles era o ambiente do estádio, com a torcida portuguesa apoiando muito mais o norte-americano. O outro foi um desconforto físico. Ele relata na autobiografia Guga, um brasileiro (Sextante, 2014) que sua coluna travou durante a partida. Agassi reverteu o placar e venceu por 4/6, 6/4 e 6/3. Para piorar a situação na busca pelo número 1, Marat Safin venceu Alex Corretja por 6/7 (6-8), 7/5 e 6/3.
"Saí desolado da quadra, com meu time me olhando com expressão triste, menos a minha mãe, que como toda mãe, estava mais preocupada com a saúde do que com o resultado do jogo", escreveu Guga, em sua biografia. "No vestiário, fui direto para a maca receber tratamento. Ali soube que o Safin ganhara a primeira partida dele. Certamente era outro problema", afirmou o brasileiro, que precisou de três horas de tratamento. "Eu tinha um dia de folga até a partida seguinte. Dormi sem saber se ia conseguir jogar ou não".
Guga e Agassi ainda voltariam a se enfrentar naquela semana, mas com final feliz para os torcedores brasileiros.
Especial: 20 anos do Número 1
Em comemoração aos 20 anos da chegada de Gustavo Kuerten ao topo do ranking da ATP, TenisBrasil recorda toda a campanha na Masters Cup de 2000 nos mesmos dias em que cada partida aconteceu até o título no dia 3 de dezembro e sua confirmação como número 1 do mundo no dia seguinte. Também estão previstos depoimentos do ídolo do tênis brasileiro sobre um dos momentos mais marcantes de sua vitoriosa carreira.