Melbourne (Austrália) - Meses depois de se tornar a primeira representante de seu país em uma chave principal de Grand Slam, quando atuou em Roland Garros no ano passado, Mayar Sherif deu mais um passo importante ao se tornar a primeira mulher egípcia a vencer um jogo em torneios deste porte. Vinda do qualificatório no Australian Open, Sherif superou nesta terça-feira contra a francesa Chloe Paquet, 187ª colocada, por duplo 7/5.
Em franca evolução no circuito profissional, Sherif está com 24 anos e ocupa o 131º lugar no ranking da WTA. Sua próxima meta é ser a primeira mulher do país no top 100. Formada no saibro, ela reconhece que teve dificuldade para atuar no piso duro e celebra o fato de conseguir adaptar seu estilo de jogo às condições mais rápidas em Melbourne.
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Mayar Sherif becomes the first Egyptian woman to win a main draw match at a Grand Slam 🇪🇬 ⭐️#AusOpen | #AO2021 pic.twitter.com/M2BkFtZBvy— #AusOpen (@AustralianOpen) February 9, 2021
"Obviamente, essa vitória significa muito porque era uma barreira mental que eu tive que superar", disse Sherif após a partida em Melbourne. "Foi muito para eu adaptar o meu jogo às condições. Demorou um pouco. As quadras estão mais rápidas, e com o calor, tudo acontece muito rápido. Foi muito difícil de controlar a bola".
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"Estas são as quadras mais rápidas em que já joguei, mas ainda assim consegui competir e vencer. Estou jogando no mais alto nível aqui, então esse resultado significa muito para mim", explicou a egípcia, que agora enfrenta a eslovena Kaja Juvan, 104ª do ranking. "Mesmo que não seja o meu piso favorito, eu ainda lutei, consegui adaptar meu jogo e ganhei. Eu ainda preciso, obviamente, de muita experiência e fazer mais jogos como este, porque eu preciso frequentar mais esse tipo de torneio e enfrentar mais adversárias desse nível".
Egípcia teve dificuldades financeiras no início
Depois de ter sido top 50 no ranking mundial da ITF, e de atuar no circuito universitário norte-americano, Sherif encontrou dificuldades financeiras em sua transição para o tênis profissional. Um fator decisivo para que ela continuasse jogando foi receber o apoio do Fundo de Desenvolvimento mantido pelos Grand Slam, que apoia alguns tenistas de países onde o esporte não é tão difundido. Ela agora tenta incentivar a nova geração de jogadoras de seu país.
"As pessoas muitas vezes me param na rua e querem uma foto. Ou apenas dizem boa sorte para os próximos torneios", disse Sherif, quando questionada se é reconhecida no Cairo. "É uma sensação muito boa, especialmente quando as crianças ou jovens tenistas me reconhecem. Para mim, isso significa muito porque essa é a próxima geração e quero que eles acreditem em si próprios. Então, quando alguém me diz: 'Eu quero um dia ser como você', eu respondo: 'Não, você tem que ser melhor que eu, tem que realizar algo mais, tem que buscar mais'".