Melbourne (Austrália) - Com o recorde perfeito de quatro títulos em quatro finais de Grand Slam disputadas, todos na quadra sintética, Naomi Osaka já tem sua meta imediata: vencer no saibro de Roland Garros. "Espero que o próximo aconteça em Paris, porque vem antes de Wimbledon", brinca ela. "Ainda preciso me acostumar a essas duas superfícies. porque não joguei muito nelas como juvenil. Acho que posso me dar melhor no saibro, no ano passado não senti que joguei mal em Paris. Mas preciso me aclimatar melhor".
A atleta mais bem paga do mundo diz também ter aprendido a lidar com a pressão. "Hoje eu tomo isso como motivação. Jogo para agradar a mim mesma". E prefere não fazer prognósticos de quantos Slam poderá ainda somar na carreira, já que ainda tem 23 anos."Por enquanto quero pensar no quinto. Mas acho que sete ou oito são possíveis".
Seu primeiro troféu de Slam veio em setembro de 2018 na tumultuada vitória sobre Serena Williams no US Open. "Aprendi desde então que não há qualquer problema se você se sentir insegura. Sempre me esforcei para ser forte, mas agora acredito que está bem não se sentir assim. É preciso buscar dentro de si mesma e achar soluções. Foi o que me disse durante a quarentena, antes do US Open do ano passado e o que fiz durante o isolamento aqui em Melbourne".
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Nervos e ranking
Sobre a final deste sábado diante da norte-americana Jennifer Brady, que venceu por 6/4 e 6/3, ela diz que já esperava um jogo menos eficiente. "Foi mais uma batalha mental. Nós duas estávamos nervosas. Eu havia dito a mim mesma antes da final que não iria jogar bem. Não queria a pressão de ter que fazer uma partida perfeita, simplesmente tinha que ir lá e lutar por todos os pontos. Queria apenas lutar ao máximo".
Osaka reassumirá nesta segunda-feira a vice-liderança do ranking, mas estará ainda cerca de 1.350 pontos atrás de Ashleigh Barty. Mas a japonesa diz não estar focada nisso. "Sinceramente, não penso em nada sobre ranking. Não jogo todos os torneios do circuito, prefiro jogar bem em todos que entrar. Meu objetivo na temporada é ser consistente, não ter uma grande baixa, principalmente na metade do ano, ali por junho ou julho. Ranking virá se eu continuar assim, jogando bem".
Sonhos e ativista
Questionada sobre seu principal sonho de momento, Osaka surpreendeu: "Vai parecer estranho, mas gostaria que minha carreira fosse longa o bastante para um dia enfrentar uma menina que me dissesse que eu fui sua jogadora favorita. É o mais incrível que pode me acontecer. Eu, por exemplo, não tive a oportunidade de enfrentar Na Li. No passado, ser um exemplo era algo que me assustava. Ficava incerta como seria vista se quebrasse uma raquete, por exemplo".
Um jornalista quis saber de como se passaram as coisas depois que ela se associou ao movimento 'Vidas Negras Importam" ao longo do US Open. "Depois de tudo aquilo, senti medo. Me assustei de me colocar sob os holofotes, um foco que ia além do esporte, algo que jamais havia experimentado. Me perguntavam muitas coisas que eu não tinha pleno conhecimento e não gosto de opinar sobre algo que não tinha tanta noção. Então, aqui eu vim pensando unicamente em tênis".
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Curiosamente, Osaka tem agora sete títulos na carreira e quatro deles são de Slam. "Nunca ganhava muito torneios quando pequena, então sabia que tinha de aproveitar as oportunidades que aparecessem. Era divertido dessa maneira. Também por isso desenvolvi esse prazer de jogar com o público, sempre gostei de jogar diante de muita gente. Também assistia a muitos torneios na Arthur Ashe e os da Rod Laver e criei o desejo de erguer o troféu em todos eles".