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Curada do câncer, Suárez joga bem e se emociona
01/06/2021 às 19h22

A espanhola disputou seu primeiro torneio desde a cura do câncer e equilibrou as ações contra Stephens

Foto: Divulgação
Mário Sérgio Cruz

Paris (França) - A terça-feira em Roland Garros foi especial para todos os fãs de tênis, com o retorno de Carla Suárez Navarro às quadras. Recentemente recuperada do tratamento contra o câncer, a espanhola de 32 anos disputou sua primeira partida desde fevereiro de 2020 e atuou em bom nível. Suárez Navarro enfrentou a norte-americana Sloane Stepens, 59ª do ranking, e começou à frente no placar, mas perdeu a partida com parciais de 3/6, 7/6 (7-4) e 6/4 em 2h24.

Diagnosticada com linfoma de Hodgkin em setembro do ano passado, Suárez Navarro passou por sessões de quimioterapia durante seis meses e comemorou sua cura da doença em abril. Também no mês passado, participou de treinos com jogadoras de alto nível antes do WTA 1000 de Madri, voltando a vivenciar o ambiente da elite do circuito. Por conta dos ajustes no sistema de pontuação do ranking durante a pandemia, a espanhola não teve uma queda tão grande e conseguiu entrar diretamente na chave. Ela é atual 118ª colocada e ocupava o 94º lugar na data de fechamento das inscrições.

Logo após a partida, a ex-número 6 do mundo se emocionou na quadra Simonne Mathieu. Ela revelou aos jornalistas na entrevista coletiva, que as lágrimas tinham diferentes significados, inclusive a raiva, pela oportunidade perdida de vencer o jogo. A espanhola chegou a sacar para fechar a partida quando liderava o segundo set por 5/4 e ficou a dois pontos da vitória. Naquele momento, errou um voleio por pouco, que poderia dar-lhe um match point e teve o serviço quebrado logo depois.

"A verdade é que eu não estou feliz com o resultado. Eu tive 5/4 e saque. E logo em seguida, perdi também o tiebreak que poderia fechar a partida. Talvez com o tempo eu veja isso de forma diferente, mas agora eu não estou tão feliz. Eu estava aqui para vencer aquela partida", disse Suárez Navarro após a partida. "Aquele choro no fim foi de muitas coisas, até de raiva. Eu queria muito vencer hoje".

Suarez teve um bom primeiro set, especialmente por conta de ótimas devoluções com seu clássico backhand de uma mão. Ela conseguiu quebrar duas vezes o serviço de Stephens e mostrou um jogo firme do fundo de quadra. Primeira a quebrar também no segundo set, ficou muito perto da vitória em sets diretos. Ainda durante o tiebreak, passou a cometer mais erros não-forçados que custaram caro. Sem repetir o mesmo nível, foi quebrada no início do terceiro set e viu Stephens abrir 4/2, ela até buscou o empate, mas voltaria a perder o serviço logo na sequência.

"No começo eu estava muito nervosa, e sentia isso no meu saque. Mas depois eu comecei a jogar melhor. Tentei me preparar da melhor forma que pude. Obviamente, preciso de mais tempo, mas mostrei bom nível na minha partida. Claro que me senti cansada no final. Eu sabia que se eu não fechasse a partida em dois sets, será muito difícil vencer. Estou muito orgulhosa de mim mesma e muito feliz por ter a chance de jogar aqui uma última vez. Mas estou muito triste porque perdi. Quer dizer, toda vez que eu entro na quadra, eu quero vencer", comenta a espanhola, que está em seu ano de despedida do circuito. "O tempo todo, a única coisa que estava na minha mente é que eu queria voltar. Eu estava sonhando todos os dias com isso".

A espanhola também falou sobre todo o apoio que recebeu das colegas de circuito e sobre o fim do jogo com estádio vazio por conta do toque de recolher. "No começo, tinha um pouco de torcida, o que eu gostei bastante. Mas então eu fiquei muito triste quando eles tiveram que ir embora. Quando saiu a programação ontem e eu vi que eu faria o último jogo dessa quadra, já imaginei que isso acontecer", comentou "Eu vi muitas jogadoras em Madri, estava lá para treinar e conversamos muito nos vestiários ou durante os almoços. Estou muito feliz em vê-las novamente e estar de novo com todos elas. Recebi muito amor de todas as jogadoras".

Suarez Navarro também desejou uma boa sequência de torneio a Stephens, campeã do US Open em 2017 e finalista em Paris no ano seguinte. A norte-americana agora enfrenta a tcheca Karolina Pliskova, cabeça 9 do torneio, que venceu a croata Donna Vekic por 7/5 e 6/4. "Fiquei feliz de jogar contra a Sloane. Preferia jogar contra ela, que é uma campeã do Grand Slam e alguém que eu conheço há muito tempo. Quando vi o sorteio, eu gostei. Era melhor do que enfrentar uma jovem ou alguém que não conheço. Estou feliz que ela tenha passado para a segunda rodada".

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