Londres (Inglaterra) - Finalista de Wimbledon pela primeira vez na carreira, Ashleigh Barty tem a oportunidade conquistar seu segundo título de Grand Slam. A campeã de Roland Garros em 2019 disputa no próximo sábado a decisão em Londres contra a tcheca Karolina Pliskova. Além disso, Barty pode encerrar um período de 41 anos sem conquistas da Austrália nas quadras de grama do All England Club. A última jogadora de seu país a triunfar em Wimbledon foi Evonne Goolagong, com as conquistas de 1971 e 1980. Para chegar à decisão, Barty teve uma atuação contundente contra a campeã de 2018 Angelique Kerber e saiu de quadra satisfeita após superar a alemã nesta quinta-feira.
"Isso é incrível. Foi uma grande partida e eu joguei no meu melhor nível em muito tempo. Angie é uma grande competidora e exigiu isso de mim, tive que jogar em um nível muito alto o tempo todo. Estou orgulhosa de mim mesma e de minha equipe. Terei a chance no sábado de viver um sonho de infância", disse Barty, após vencer Kerber por 6/3 e 7/6 (7-3). "Eu não tinha certeza se isso aconteceria, honestamente, mas acho que você tem que continuar se colocando em condições de competir", acrescenta a australiana, que nunca havia passado das oitavas em Londres.
Para evitar a pressão, a número 1 do mundo tenta focar nas mensagens de apoio que recebe das pessoas mais próximas e que acompanham sua trajetória desde o início. "Estou em contato com minha família e sei que eles estão me assistindo. Isso para mim é tudo o que importa. Sei que as pessoas que amo e as pessoas que me amam estão assistindo e vivendo esta jornada comigo. Eu amo o fato de que os australianos em casa e os fãs possam apoiar a todas nós que estamos aqui. Mas não leio os jornais. Não é algo em que me concentro. Acho que sou extremamente sortuda por receber muito apoio em todo o mundo.
Australiana foi campeã juvenil há dez anos
A primeira experiência de Barty nas quadras de grama de Wimbledon aconteceu em 2011, quando ela disputou a chave juvenil e foi campeã. Com isso, a australiana tem chance de se tornar a quarta mulher a vencer o Grand Slam londrino como júnior e profissional, juntando-se a Ann Jones, Martina Hingis e Amélie Mauresmo. "Wimbledon para mim tem sido um lugar incrível de aprendizado. Há dez anos vim aqui pela primeira vez como juvenil e aprendi muito naquela semana. Toda vez que eu posso jogar em Wimbledon, logo vem um sentimento de gratidão e entusiasmo. Tive essa sensação quando eu atravessei os portões do All England Club pela primeira vez, quando eu tinha 15 anos, e essa sensação não mudou até hoje".
Ashleigh Barty is bidding to become the 1st No.1 seed to win #Wimbledon since Serena Williams in 2016.
— WTA Insider (@WTA_insider) July 8, 2021
She is also aiming to become the 4th junior Wimbledon champion in the Open Era to win the Venus Rosewater Dish (Ann Jones, Martina Hingis, Amelie Mauresmo). pic.twitter.com/jjMG50zRFR
"Provavelmente, em 2018 e 2019 tive as minhas semanas mais difíceis aqui no torneio. Mas aprendi muito com aquelas duras derrotas. Na maioria das vezes, seu maior crescimento vem de seus tempos mais sombrios. É por isso que este torneio é tão importante para mim. Aprendi muito com todas as minhas experiências: as boas e as ruins", explica a jogadora de 25 anos, que perdeu para Daria Kasatkina na terceira fase de 2018 e Alison Riske nas oitavas de 2019. Ano passado, o torneio foi cancelado em função da pandemia.
A número 1 do mundo também destaca sua capacidade de adaptação às diferentes condições do torneio, que mudam ao longo das duas semanas de jogo, por conta do desgaste da grama. "Provavelmente, o mais importante nessas quadras é que você precisa ter adaptabilidade. As quadras mudam drasticamente desde o início até o final do evento. Aprender a jogar e se ajustar conforme a grama muda é uma parte importante. Fica mais rápido, fica mais difícil. Acho que ser capaz de entender as diferenças em como as quadras atuam conforme você avança é importante.
Homenagem a Goolagong no uniforme
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Em Wimbledon, Barty também homenageia Goolagong no traje escolhido para usar no torneio, que é inspirado na primeira conquista da compatriota, que completa 50 anos nesta temporada. Barty e Goolagong têm outros pontos em comum, como a ascendência aborígene e o fato de serem as únicas australianas a liderar o ranking da WTA. Ambas também conquistaram os primeiros títulos de Grand Slam de suas carreiras em Roland Garros.
"É um aniversário muito especial para muitos australianos, mas especialmente para os australianos indígenas. Para mim, poder usar uma roupa inspirada no icônico vestido da Evonne é realmente incrível. Eu queria ter certeza de que se sentiria bem com isso. Então, antes de iniciarmos o processo de criação, eu liguei para ela e perguntei se poderia usar. E ela ficou muito animada", explicou Barty, sobre o conjunto utilizado no torneio.
"Acho que isso me fez sentir muito mais confortável sabendo que era seu vestido favorito e que inspirou e inspirou uma geração de jovens indígenas. Espero que a minha versão também possa fazer o mesmo pela próxima geração de jovens indígenas que virão. Evonne foi a primeira a abrir esse caminho e mostrar que não importa o que digam, você ainda pode sair por aí e acreditar nos seus sonhos. Para mim, poder prestar homenagem a isso em um aniversário realmente especial é algo que nunca vou esquecer".