Londres (Inglaterra) - Logo depois de conquistar o título de Wimbledon neste sábado, Ashleigh Barty classifica sua participação e campanha no Grand Slam londrino como um "milagre". A número 1 do mundo havia sofrido uma lesão no quadril pouco antes de Roland Garros, e teve que abandonar o torneio em Paris e correr contra o tempo para poder jogar em Londres. Barty atuou em Wimbledon sem dor e conseguiu vencer sete jogos seguidos, mas logo depois ouviu de sua equipe que o problema no quadril poderia deixá-la ainda mais tempo longe das quadras.
"Eu estava conversando com meu time agora, depois que saímos da quadra, eles mantiveram muitas cartas na manga e não me disseram muitas das probabilidades. Suponho que sejam informações que eles obtiveram de outros especialistas. Não havia muitos radiologistas na Austrália que tivessem visto os meus exames. Em certo sentido, era uma lesão para dois meses de recuperação. Jogar aqui em Wimbledon foi quase um milagre", disse Barty em sua entrevista coletiva após a vitória sobre a tcheca Karolina Pliskova na final por 6/3, 6/7 (4-7) e 6/3.
Ash Barty tells reporters that her team didn’t tell her all the information regarding the extent of her RG hip injury. “It was a two-month injury”. Calls the title run “nothing short of a miracle”.#Wimbledon
— WTA Insider (@WTA_insider) July 10, 2021
"Acho que o fato de eles não me falarem isso só prova o quanto estávamos contra todas as probabilidades. Jogar sem dor neste evento foi incrível. É engraçado, às vezes as coisas se encaixam e você pode pensar positivamente e se planejar. Às vezes, as estrelas se alinham e você pode perseguir seus sonhos. Certamente agora, conversando com minha equipe, parecia muito menos provável do que eu sentia. Acho que foi um mês incrível", acrescentou a australiana de 25 anos, que já conquistou quatro títulos na temporada.
Barty acredita que as duas semanas em Wimbledon proporcionaram uma experiência bastante valiosa em termos de crescimento pessoal e profissional. "Nas últimas duas semanas tive um crescimento enorme. Acho que cresci como pessoa e como tenista. Certamente fui capaz de usar minha experiência para superar alguns problemas nos jogos desta semana. Senti que fui capaz de ficar melhor e melhor a cada jogo e confiar mais em mim mesma a cada vez que entrava em quadra".
Com uma longa história de amor com Wimbledon, que começou há dez anos quando ela foi campeã do juvenil, Barty nunca escondeu que seu maior sonho era vencer a competição. "Foi a sensação mais incrível que já experimentei em uma quadra de tênis. Certamente houve descrença em alguns momentos. Mas eu trabalhei muito em toda a minha carreira, com minha equipe e com as pessoas que mais significam para mim, para tentar alcançar meus objetivos e meus sonhos. Ser capaz de fazer isso hoje foi incrível", explica a australiana, que venceu seu segundo Grand Slam. O primeiro havia sido no saibro de Roland Garros em 2019.
Australiana precisou manter o foco no terceiro set
A vitória deste sábado poderia ter vindo de forma mais tranquila, já que Barty chegou a sacar para o jogo no segundo set, mas acabou sofrendo uma quebra de serviço, além de perder a parcial no tiebreak. Foi fundamental para a número 1 do mundo conseguir uma quebra cedo no terceiro set, além de manter o equilíbrio emocional nos momentos decisivos da partida.
"No início do terceiro set, disse a mim mesma para continuar lutando. Ela é uma competidora incrível e trouxe à tona o que há de melhor em mim. Foi uma partida excepcional e estou muito orgulhosa de ter conseguido voltar ao meu melhor nível, quebrar o saque dela e controlar as emoções no final. Não posso agradecer a minha equipe o suficiente por terem sacrificado seu tempo e energia para que eu realizasse o meu sonho. Sobre o match point? Eu não consigo me lembrar!"
Barty também encerrou um jejum de 41 anos sem conquistas das mulheres australianas em Wimbledon. A última havia sido Evonne Goolagong em 1980. Curiosamente, a número 1 do mundo homenageava Goolagong no uniforme, em comemoração aos 50 anos da primeira conquista de sua compatriota em Wimbledon, em 1971. "Não dormi muito na noite passada pensando no jogo, mas quando entrei na Quadra Central, eu me senti em casa. Espero ter deixado Evonne orgulhosa".