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Diário de Tóquio: A última na terra do sol nascente
02/08/2021 às 14h30
Felipe Priante
De Tóquio, especial para TenisBrasil

Acabou a disputa do tênis nos Jogos Olímpicos no último domingo. Os medalhistas foram condecorados, os perdedores já lamentaram e os russos que “não vieram” para a competição na verdade foram os que se deram melhor no Ariake Tennis Park. Para encerrar minha participação por aqui desde Tóquio vamos à derradeira coluna desta cobertura atípica em tempos de pandemia.

Não foi nada fácil estar aqui, com várias restrições e mudanças nos protocolos da organização, por pouco eu não fico em São Paulo, mas com um pouco de esforço e um pouco de sorte tudo acabou dando certo e consegui acompanhar de perto esses nove dias de torneio e presenciei a história do tênis brasileira sendo escrita. Só pelo bronze de Luísa Stefani e Laura Pigossi já valeu a viagem.

Outro destaque foi sentir o clima do evento e vivenciar o que foi fazer acontecer uma edição de Jogos Olímpicos em meio a uma pandemia. Foram várias as restrições, conforme contei aqui em outra coluna, muitas regras a seguir e pouca margem de manobra. Usar máscara o tempo todo, exceto para comer e beber, não é fácil. Ainda mais em longas jornadas e no calor que fez aqui.

Apesar de tudo isso, pelo menos no tênis as coisas funcionaram bem fora de quadra e talvez o maior percalço tenha sido o teste positivo do duplista holandês Jean-Julien Rojer. Dentro de quadra os imprevistos ficaram apenas para o que é do esporte, com suas surpresas, a maior delas possivelmente foi a queda do sérvio Novak Djokovic nas semifinais.

Estar em Tóquio nestes últimos 10 dias foi uma experiência incrível e mesmo mal conseguindo acompanhar os demais esportes nas Olimpíadas e nem podendo dar sequer uma volta pelo bairro, já que não chegarei a cumprir os 14 dias de bolha antes de ser liberado, valeu a pena demais. Poder conviver com pessoas do mundo inteiro e trocar histórias e vivências, ainda que rapidamente, é o que faz essa competição tão diferente, seja para quem compete, seja para quem cobre.

Fora que há também o contato com a cultura japonesa, mais uma vez limitada pelas restrições. Nestes dias deu para perceber os quão regrados e solícitos são. E neste ponto gostaria de destacar duas coisas interessantes.

A primeira delas é sobre a travessia de pedestres, que é das coisas que achei mais curiosas. Além de só atravessarem na faixa, ninguém cruza uma rua sequer se o sinal estiver vermelho, ainda que não haja um carro num raio de 10 km. Além disso, tem uma coisa ainda mais diferente que é: mesmo com o sinal verde para o pedestre, os carros podem fazer conversões laterais, mas basta você chegar perto da faixa que eles imediatamente param. E às vezes você nem está tão perto e já param.

Outra coisa que gostaria de compartilhar é a dificuldade do japonês em dizer “não consigo te ajudar”, com uma variante mais simples “não sei”. Isso às vezes é um problema porque muitas vezes a pessoa é super solicita e tenta te ajudar, mas o resultado é zero resolução e muito tempo perdido.

Por fim, agradeço a todos os que me acompanharam aqui nestes dias de jornadas nipônicas, de fuso trocado aí com o Brasil (ou com seja lá de onde vocês estiverem lendo). Colocarei abaixo os links com todas as demais colunas que escrevi daqui de Tóquio. Agora é voltar para o Brasil e seguir na jornada de acompanhar o circuito que não para até novembro. Arigatô e sayonara!

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