Notícias | Dia a dia | Australian Open
Ministro: 'Djoko influencia movimento antivacina'
15/01/2022 às 14h18

Defesa de Djokovic contesta as palavras do ministro da Imigração

Foto: Arquivo

Melbourne (Austrália) - Na véspera da audiência que irá definir o futuro de Novak Djokovic em solo australiano, o ministro da Imigração Alex Hawke falou sobre os motivos que o levaram a cancelar pela segunda vez o visto de permanência do sérvio no país. Segundo Hawke, a presença de Djokovic na Austrália pode influenciar movimentos contrários à vacinação contra a Covid-19. A defesa do tenista contesta a tese apresentada pelo ministro.

Com o novo cancelamento do visto, Djokovic foi detido pela segunda vez desde que chegou à Austrália no dia 6 de janeiro. O sérvio passou por uma entrevista com autoridades do controle de fronteiras na manhã deste sábado e depois foi levado para um hotel que funciona como detenção de imigrantes. Uma audiência marcada para este domingo decide se o número 1 do mundo pode continuar no país para a disputa do Australian Open, que começa na próxima segunda-feira.

"Dado o status de Djokovic e sua posição como modelo no esporte e em toda a comunidade, sua presença contínua na Austrália pode promover desrespeito semelhante aos requisitos de precaução contra a Covid-19 na Austrália", escreveu Hawke em seu parecer. "Em particular, seu comportamento pode encorajar ou influenciar outras pessoas a imitar sua conduta e deixar de cumprir as medidas de saúde apropriadas após um teste positivo de Covid-19, o que pode levar à transmissão da doença e sério risco à sua saúde e de outras pessoas".

"Considero que a presença contínua de Djokovic na Austrália pode levar a um aumento no sentimento antivacinação gerado na comunidade australiana, potencialmente levando a um aumento na agitação civil do tipo anteriormente experimentado na Austrália, com a realização de protestos que podem ser uma fonte de transmissão comunitária", acrescentou o ministro. Neste sábado, houve protestos de grupos contrários à vacinação, que se juntaram aos apoiadores de Djokovic em Melbourne. 

Primeiro-ministro da Austrália apoiou a medida
Na última sexta-feira, o primeiro-ministro do país, Scott Morrison, emitiu um comunicado à imprensa em que expressou seu apoio à decisão de Hawke. "Soube que, após cuidadosa consideração, o ministro da imigração tomou medidas para cancelar o visto do Sr. Djokovic por motivos de saúde e ordem, com base no interesse público de fazê-lo".

Segundo Morrison, a Austrália teve bons resultados no combate à pandemia, graças a um controle rígido adotado há praticamente dois anos. "Essa pandemia tem sido incrivelmente difícil para todos os australianos, mas nos mantivemos juntos e salvamos vidas e meios de subsistência. Juntos, alcançamos uma das taxas de mortalidade mais baixas, economias mais fortes e taxas de vacinação mais altas do mundo", afirmou o primeiro-ministro. "Nossas fortes políticas de proteção de fronteiras mantiveram os australianos seguros".

Defesa de Djokovic contesta as afirmações do ministro
A defesa de Djokovic refuta as palavras do ministro. Apesar de o tenista ainda não ter se vacinado contra a Covid-19, seus advogados disseram ao tribunal que sua declaração pública mais forte contra a vacinação datava de quase dois anos, até abril de 2020, antes que as primeiras vacinas estivessem disponíveis. O advogado Nicholas Wood diz ainda que Hawke "não tem base racional para dizer que a decisão que toma pode aumentar ou minimizar o sentimento antivacina".

"Não havia nenhuma evidência de que o Sr. Djokovic tivesse feito algum comentário sobre seu estado de vacinação ou expressado qualquer opinião sobre a vacinação em qualquer momento durante o período em que ele esteve na Austrália ou em qualquer outro momento em qualquer outro local após abril de 2020", afirma a defesa do tenista.

Já o advogado sérvio Blazo Nedic também contesta a afirmação das autoridades australianas, lembrando que os torneios da ATP e WTA realizados no ano passado em Belgrado, no Novak Tennis Center, ofereciam uma sala de vacinação para os tenistas que estivessem interessados. "Dizem que ele é o líder do movimento antivacina. Mas foi ele quem permitiu que outros jogadores se vacinassem se assim o desejassem, quando as vacinas não estavam amplamente disponíveis. Por outro lado, ele obviamente não quer ser vacinado. Essas são duas coisas separadas e eu levaria isso como um fato ao tribunal".

Sérvio já teve uma decisão judicial favorável
Esta é a segunda vez que Djokovic recorre à Justiça australiana após o cancelamento do visto de entrada no país. Na última segunda-feira, ele já havia obtido uma decisão favorável do juiz Anthony Kelly. No entanto, o parecer de Kelly não entrou no mérito da questão e se baseou em aspectos formais e no descumprimento dos prazos processuais. O juiz entende que houve erros de procedimento no controle de imigração quando Djokovic chegou ao país.

Na nova audiência deste domingo, o caso de Novak Djokovic será ouvido por um tribunal, em vez de um único juiz. Participarão da audiência os juízes James Allsop, Anthony Besanko e David O'Callaghan, que presidiu os procedimentos deste sábado.

Comentários