Melbourne (Austrália) - As tchecas e líderes do ranking Barbora Krejcikova e Katerina Siniakova tiveram de suar muito para confirmar o favoritismo e chegar enfim ao primeiro título no Australian Open. Isso porque Beatriz Haddad Maia e a parceira cazaque Anna Dalinina deram muito trabalho às líderes do ranking e campeãs olímpicas, saindo na frente do placar e cedendo a virada com máximo empenho. As duras parciais foram de 6/7 (3-7), 6/4 e 6/4, em duelo de 2h42.
Bia foi a primeira brasileira a disputar uma final entre adultos na Austrália desde Maria Esther Bueno, em 1965, e também de duplas femininas em Slam, após o título de Bueno no US Open de 1968. Além delas, apenas Cláudia Monteiro também disputou um título de Slam, ao lado de Cássio Motta, em Roland Garros de 1982.
Até então, as melhores campanhas de Bia nas duplas de Slam eram as oitavas de Wimbledon-2017, ao lado de Ana Konjuh, e da Austrália de 2018, com Sorana Cirstea. Agora, soma 112 vitórias e 65 derrotas na especialidade em torneios de primeira linha, tendo vencido três WTA, dois em Bogotá e outro em Sydney, este há duas semanas.
Danilina se tornou opção de última hora de Bia para formar dupla, já que a argentina Nadia Podoroska se contundiu. A cazaque voou da Tunísia para a Austrália com tempo de jogarem em Sydney e aí começaram a surpreender, faturando o título do WTA 500 após passar pelas cabeças 2. A campanha em Melbourne foi difícil. Estiveram atrás por 4/1 no terceiro set diante de Alona Bolsova/Ulrikke Eikeri e perdiam de 6/4 e 3/1 diante de Rebecca Peterson/Anastasia Potapova. Na semi, repetiram vitória sobre Shuko Aoyama e Ena Shibahara.
Ranking e faturamento
O salto da brasileira no ranking de duplas será enorme. Ele entrou em Melbourne como 150 e sairá na 41ª colocação, enquanto sua parceria era 53ª e aparecerá na 25ª nesta segunda-feira. A melhor marca anterior de Bia era o 70º posto, após o Australian Open de 2018.
Nas semanas que passou na Austrália, a paulista de 25 anos terá um faturamento bruto de US$ 268 mil, sendo US$ 110 mil pela vitória na chave de simples, US$ 130 mil pelo vice de duplas e outros US$ 28,4 mil pelos dois torneios anteriores. Dessa forma, seu total na carreira em premiações oficiais sobe para US$ 1,375 milhão, o maior que uma brasileira já obteve.
Tchecas chegam ao quarto Slam
Este foi o quarto título de Grand Slam das duas tchecas, que também venceram Roland Garros e Wimbledon em 2018 e foram bi em Paris no ano passado. Depois, ainda conquistaram o título olímpico em Tóquio e levantaram o troféu do Finals de Guadalajara, o que as colocaram na atual liderança do ranking. Esta foi a quinta tentativa de ganhar o Australian Open, após o vice de 2021.
Krejickova ainda tem mais três troféus de mistas em Melbourne e Siniakova, uma final no US Open de 2017. No geral, este foi o 11º título da parceria.
Settle in for the show 🍿
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Jogo muito equilibrado
Bia e Danilina tiveram um início espetacular de partida, sem mostrar qualquer traço de nervosismo ao pisar no gigantesco estádio Rod Laver. Muito firmes nas devoluções profundas e espertíssimas junto à rede, colocaram grande pressão e tiraram logo o primeiro serviço de Siniakova, embora fosse Krejicikova a mais irregular até então em quadra. Danilina superou um game apertado e as duas abriram 3/1 e depois 4/2, com Bia muito firme no saque.
As cabeças 1 enfim reagiram no oitavo game e muito disso coube a Siniakova, que se mexeu muito junto à rede e foi oportuna. Krejcikova foi mais firme e confirmou a virada para 5/4. Então Bia e Danilina cometeram erros, permitiram 0-30 mas reagiram e a canhota brasileira conseguiu paralela incrível no 30-30. Foi então a vez de Siniakova oscilar demais diante de rebatidas muito pesadas e profundas, perdendo outra vez o serviço. A cazaque sacou para o set e pareceu sentir o momento. O tiebreak de Haddad e Danilina foi quase impecável. Ofensivas, fizeram 5-0 e Bia concluiu com um segundo saque muito forçado e preciso.
Até então, as tchecas não haviam perdido set nos cinco jogos anteriores. Ensaiaram uma reação ao quebrar o saque de Bia logo de cara, muito em função de duplas faltas da brasileira, que pela primeira vez sacou do outro lado e com o sol no rosto. Com dificuldade, abriram 4/2 ao evitar um break-point e sustentaram o serviço até empatar o placar.
Os primeiros games do terceiro set foram completamente abertos. Bia e Danilina por fim perderam intensidade e, apesar dos vacilos de Siniakova em finalizar voleios, Krejcikova fez coberturas magníficas. Com duas quebras, as tchecas foram a 5/2 mas as adversárias lutaram muito e viram Siniakova cometer mais erros. Bia sacou muito e encostou o placar. Por fim, Krejcikova usou sua experiência e liquidou a grande batalha dando balões no fundo da quadra que confundiram a cazaque.
Covering all bases 💪
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