Belgrado (Sérvia) - Cada vez mais próximo de retornar ao circuito profissional depois da deportação da Austrália, Novak Djokovic concedeu uma nova entrevista. Depois de ter falado para a BBC, o número 1 do mundo também falou para a emissora sérvia RTS. Ele disputa seu primeiro torneio do ano na próxima semana em Dubai.
A matéria foi ao ar na última quinta-feira e Djokovic comentou sobre o desejo de voltar a disputar o Australian Open no futuro e a meta de conquistar uma medalha nos Jogos Olímpicos de Paris em 2024. Apesar de ainda não estar vacinado contra a Covid-19 e de ter dito recentemente que abriria mão de novos torneios que exijam o comprovante de vacinação completa, o sérvio diz que não gostaria de ter seu nome associado a movimentos antivacina.
"Como atleta de elite, quero checar três vezes tudo o que entra no meu corpo. Se algo muda para 0,5% no meu corpo, eu sinto. Sou apenas cauteloso antes de tomar qualquer decisão e estou mantendo minha mente aberta. Vou viver com as consequências disso", disse Djokovic. "Defendo a escolha e a autonomia de cada indivíduo e que cada pessoa tem o direito de decidir sobre sua saúde. Não gosto de ser rotulado e colocado na mesma categoria com certas iniciativas ou movimentos, nunca disse que apoio nenhum deles. Eu sempre tentei respeitar as escolhas de todos, espero que as pessoas possam respeitar as minhas também".
He also intends to be back in Australia and "play on Rod Laver Arena again". By @ozmo_sasa https://t.co/XG5BVR7Sk8
— Tennis Majors (@Tennis_Majors) February 17, 2022
"Uma medalha olímpica, principalmente a de ouro, é sempre um grande desejo. Infelizmente, não tive a chance de lutar por isso no passado. Pretendo estar em Paris em 2024. Assisti à minha partida com Zverev em Tóquio muitas vezes, tentando descobrir o que deu errado. Joguei soberbamente até um certo momento, mas senti que estava ficando sem fôlego, tanto mental quanto fisicamente", acrescentou o sérvio, que ficou em quarto lugar nos Jogos Olímpicos de Tóquio e saiu do Japão sem medalhas.
Nove vezes campeão do Australian Open, o jogador de 34 anos espera poder voltar a competir em Melbourne no futuro. "Apesar de tudo o que aconteceu, tenho uma grande conexão com a Austrália. Sempre me lembrarei de todas as coisas boas que aconteceram para mim em Melbourne. Eu tive muitos momentos lindos profissionais e pessoais lá. Meus resultados em Melbourne mostram como eu me sinto quando estou lá. Tudo o que aconteceu este ano foi totalmente inesperado. Será difícil esquecer, mas quero voltar para a Austrália no futuro e jogar na Rod Laver Arena novamente".
Boa relação com Medvedev
Como já havia dito à BBC, o sérvio assistiu trechos da final em que Rafael Nadal venceu Daniil Medvedev e conquistou seu 21º Grand Slam. "Não foi fácil para mim assistir às finais, mas minha esposa e meu filho estavam assistindo e então eu acompanhei um pouco. Não vi o jogo todo, estava fazendo outras coisas em casa também. Mas fui neutro. Não importava quem iria ganhar, porque eu já perdi, certo? Eu não queria me envolver muito emocionalmente. Eu queria estar na quadra".
O líder do ranking da ATP também falou sobre a relação respeitosa que tem com Medvedev, número 2 do mundo. "Daniil é um cara extremamente bom, temos uma relação ótima e respeitosa. Eu acho que ele é grato por eu ter treinado muito com ele e o ajudado quando ele era juvenil. Eu dei conselhos e respondi algumas perguntas. Nosso relacionamento continua crescendo. Ele me mandou uma mensagem 45 minutos depois da final, o que me surpreendeu".
Sérvio reconhece o erro por entrevista após teste positivo para Covid
Djokovic também comentou sobre a entrevista para o jornal francês L'Equipe no fim do ano passado, quando ele sabia que estava diagnosticado com Covid-19 e participou de um encontro presencial com os jornalistas. Ele reconheceu o erro e diz que entende as críticas que recebe. "Isso foi um erro. Respeito o jornalista Franck (Ramella) que deu a entrevista, ele está no tênis há mais tempo do que eu. Atrasamos essa entrevista por algum tempo e descobri que estava positivo depois que ele já havia desembarcado em Belgrado. Eu usei minha máscara durante toda a entrevista e mantive distância física. Só tirei minha máscara para a sessão de fotos, mas tanto Franck quanto o fotógrafo estavam a alguns metros de mim. Admito que foi egoísta o que fiz, foi um erro que cometi. Sei que nem todas as pessoas vão me perdoar e eu entendo as críticas".
Reação dos colegas do circuito e apoios de Kyrgios e Cornet
Apesar de ter relatado olhares negativos de colegas de circuito nos quatro dias em que foi autorizado a treinar na Austrália, Djokovic agradeceu pelas mensagens de apoio de alguns jogadores, especialmente Nick Kyrgios e Alizé Cornet, que o defenderam publicamente.
"Respeito meus colegas e entendo que alguns deles não quiseram se manifestar. Alguns me criticaram ou não gostaram da forma como entrei na Austrália. Eu só queria que eles ouvissem o meu lado da história. Mas a posição deles não era fácil, havia tanta atenção em toda a saga e eles queriam falar sobre si mesmos e sobre o torneio. Nick Kyrgios me surpreendeu positivamente, agradeci a ele e a todos os outros que me defenderam, como a Alizé Cornet, por exemplo. Recebi muitas mensagens privadas de alguns jogadores, mas eles não quiseram falar publicamente. Eu entendo, a situação era complicada".