Paris (França) - No mesmo dia em que estrearam com vitórias tranquilas em Roland Garros, Novak Djokovic e Rafael Nadal tiveram que falar sobre o próximo Grand Slam. Tudo por conta da decisão da ATP de não distribuir pontos no ranking durante a disputa de Wimbledon, como resposta à direção do torneio de não aceitar inscrições de jogadores russos e bielorrussos. O Slam londrino em quadras de grama também não vai valer pontos para a WTA e nem para a ITF.
Djokovic apoiou a decisão da ATP, acreditando que foi uma resposta necessária aos organizadores de Wimbledon. "Tenho falado com a administração e o presidente da ATP e alguns dos membros do conselho nos últimos dias. Coletivamente, estou feliz que os jogadores se uniram à ATP, a entidade máxima do tênis masculino, e mostraram ao Grand Slam que quando há um erro acontecendo, e houve da parte de Wimbledon, nós temos que mostrar que vai haver algumas consequências", disse após a vitória sobre o japonês Yoshihito Nishioka por 6/3, 6/1 e 6/0.
"Então eu apoio os jogadores, unificação sempre. Eu sempre disse isso. Em um nível pessoal, é claro que fui muito afetado negativamente por isso sem ter a chance de jogar e defender meus 4.000 pontos da Austrália e de Wimbledon", acrescentou o sérvio, citando ainda sua ausência do Australian Open em janeiro.
O número 1 do mundo criticou a falta de comunicação por parte de Wimbledon aos jogadores. "Há alguns dias, descobri que havia um documento de recomendação do governo inglês para o All England Club e eles tinham várias opções. Não havia apenas uma na mesa. Eles não discutiram isso com ninguém da ATP ou com os jogadores, ou mesmo com os russos ou bielorrussos. Poderiam apenas se comunicar e entender se há um terreno comum em que ambos os lados podem chegar a um acordo".
"Então eu acho que foi uma decisão errada. Eu não apoio isso de forma alguma. Mas, você sabe, durante esses tempos, é um assunto supersensível, e qualquer coisa que você decidir, infelizmente vai criar muito conflito, muita separação em vez de unificação. Havia ideias diferentes, mas nunca houve, infelizmente, uma comunicação forte vinda de Wimbledon", complementou o vencedor de 20 títulos de Grand Slam.
Apesar das críticas, Djokovic planeja jogar em Londres. "Eu não olho para isso através da lente de pontos ou prêmios em dinheiro. Para mim, é outra coisa. Mas, novamente, tem que haver critérios. Sempre haverá alguns grupos de jogadores que serão afetados mais negativamente, e que reclamarão mais. É difícil dizer o que é certo, o que é errado. Este é um tipo de situação em que todo mundo perde e sempre haverá alguém que sofre mais.
Nadal cobra maior união das entidades que comandam o tênis em busca de soluções que agradem todos os lados. "Não tenho uma opinião clara. O problema com o lado dos jogadores é sempre o mesmo. Do lado do torneio, há sempre uma pessoa e um conselho que toma decisões. E o resto das pessoas que dirigem o evento seguem. No circuito, cada jogador tem uma opinião diferente. E é por isso que nunca alcançamos as coisas que poderíamos ter se estivéssemos juntos. Não importa se todo mundo tem uma opinião diferente, é necessário alguém que tome decisões. A diretoria da ATP toma uma decisão e precisamos aceitar", disse após a vitória por triplo 6/2 sobre o australiano Jordan Thompson.
"Acho que nós, jogadores, não estamos preparados o suficiente para tomar decisões importantes, porque no final é um esporte individual. Todo mundo tem sua visão pessoal em termos de quanto lucro eles obtêm de cada decisão. Entendo os dois lados. Respeito e entendo a posição de Wimbledon, sem dúvida, mas por outro lado, entendo e respeito também que a ATP está protegendo seus membros. Espero que a ATP e Wimbledon possam estar juntos, sentar juntos e negociar um futuro melhor para ambos os lados".