Londres (Inglaterra) - Mais uma vez o sérvio Novak Djokovic mostrou que sair atrás não é um problema para ele. Na final de Wimbledon deste domingo, foi o australiano Nick Kyrgios que venceu o primeiro set, mas foi ‘Nole’ que no fim comemorou o título, derrotando o rival pela primeira vez em três duelos, com uma virada conquistada com o placar final de 4/6, 6/3, 6/4, 7/6 (7-3), após 3h03 de confronto.
Esta foi a sétima conquista de Djokovic na grama do All England Club, igualando o britânico William Renshaw e o norte-americano Pete Sampras como segundo maior vencedor do torneio, atrás apenas das oito conquistas do suíço Roger Federer. O sérvio tem um retrospecto quase impecável em finais no torneio, perdendo apenas uma das oito que disputou, em 2013 para o tenista da casa Andy Murray.
Djokovic também volta a se aproximar do espanhol Rafael Nadal na briga pelo recorde de Grand Slam entre os homens. Ele faturou seu 21º troféu deste porte e está apenas um atrás do rival de Mallorca, que tem os mesmos 22 da alemã Steffi Graf. À frente, somente a norte-americana Serena Williams, com 23, e a australiana Margaret Court, a recordista absoluta com 24.
Campeão pela quarta vez seguida em Wimbledon, o sérvio igualou a sequência de conquistas de Sampras, ficando em segundo nesta lista, atrás de Federer e do sueco Bjorn Borg, que chegaram a vencer cinco títulos seguidos. Aos 35 anos e 49 dias, ele se tornou o segundo mais velho a vencer a competição, perdendo apenas para Federer, que em 2017 levou o título com então 35 anos e 342 dias. A conquista de Wimbledon foi a nona de Djokovic depois dos 30 anos, deixando para trás Nadal com oito.
A vitória na final foi a 86ª de Djokovic no torneio, segunda maior marca da Era Aberta, perdendo para as 105 de Federer. Com isso, Wimbledon é agora seu Grand Slam com mais triunfos, deixando Roland Garros para trás, com 85. Contudo, em relação a títulos, o principal para o sérvio ainda é o Australian Open, onde levantou a taça em nove oportunidades. No número geral, o tenista de Belgrado chegou a 334 triunfos em Slam, ficando cada vez mais perto das 369 de Federer.
O título vai render a Djokovic uma premiação de 2 milhões de libras (R$ 12,6 milhões), ao passo que Kyrgios 1.050.000 de libras (R$ 6,6 milhões). Em contrapartida, o sérvio sairá sem pontos no ranking, perdendo os 2 mil pontos do ano passado depois de todo o imbróglio envolvendo russos, bielorrussos, a organização do torneio e a ATP. Por conta desta situação, ele cairá da atual terceira colocação para a sétima na próxima segunda-feira.
Vivendo uma temporada conturbada, não podendo disputar alguns torneios por ter escolhido não se vacinar contra Covd-19, o sérvio faturou neste domingo apenas seu segundo título no ano, se tornando apenas o nono com mais de uma conquista em 2022, empatando com Matteo Berrettini, Taylor Fritz, Cameron Norrie, Reilly Opelka e Casper Ruud. Os espanhóis Rafael Nadal e Carlos Alcaraz lideram com quatro, seguidos pelo russo Andrey Rublev com três.
Kyrgios manteve um nível bem alto durante toda a partida e oscilou muito pouco para os seus padrões. No primeiro set, ele foi absoluto com o saque, anotou 7 aces, venceu 80% com o primeiro serviço e 83% com o segundo, não enfrentando um break-point sequer contra. O australiano conseguiu aproveitar uma das duas chances de quebra que teve e com isso largou na frente.
Ao perder o primeiro set pelo terceiro jogo consecutivo, Djokovic igualou uma rara marca negativa na grama. Apenas em outras duas oportunidades ele perdeu três ou mais seguidas a parcial inicial em partidas neste piso, uma delas entre 2005 e 2006, contra Guillermo Garcia Lopez, Sebastien Grosjean, Alexander Waske e Jan Hernych, e a outra entre 2006 e 2007, contra Mikhail Youzhny, Mario Ancic e Robert Kendrick.
Só que com o decorrer da partida, o sérvio foi conseguindo dar mais trabalho com suas devoluções e Kyrgios passou a vencer menos pontos de graça e trabalhar um pouco mais para confirmar o saque. O desempenho do australiano com o serviço saiu de 81% no primeiro set, foi para 57% no segundo, 58% no terceiro e 74% no quarto, que foi o mais parelho dos últimos três, definido apenas no tiebreak.
O jogo foi equilibrado do principio ao fim e definido com margens mínimas. Se no set inicial foi Kyrgios que se deu bem, nos outros Djokovic fez valer a maior experiência para crescer nos momentos importantes. No segundo, o sérvio anotou uma quebra no quarto game e administrou a vantagem até o final, quando sacou em 5/3 e teve que salvar quatro berak-points, saindo de 0-40, para confirmar o serviço e fazer 1 a 1.
Djokovic não conseguiu em momento algum ter as rédeas da partida, mas foi bem firme com o saque no terceiro e quarto sets, não enfrentando um break-point contra. Ele aproveitou uma das três chances que teve no terceiro e no quarto passou sem quadras, com a definição indo para o tiebreak. Na hora do aperto, a maior consistência do sérvio fez toda a diferença e ele comemorou sua primeira vitória sobre Kyrgios.