Notícias | Dia a dia
Bia reencontra Halep em busca de seu maior troféu
14/08/2022 às 08h10

Bia é a primeira brasileira em uma final de WTA 1000 e enfrenta Halep pela quarta vez no circuito

Foto: Jimmie48/WTA
Mário Sérgio Cruz

Primeira brasileira a atingir uma final de simples em um WTA 1000, Beatriz Haddad Maia luta pelo maior título de sua carreira neste domingo em Toronto. Bia enfrenta a romena Simona Halep, ex-número 1 do mundo e bicampeã do torneio, a partir das 14h30 (de Brasília). Será o quarto duelo entre elas no circuito e o terceiro só nesta temporada. A partida terá transmissão da ESPN 2 e do serviço de streaming Star+.

O histórico de confrontos entre Bia e Halep é favorável à romena, que lidera por 2 a 1. Mas a brasileira venceu o duelo mais recente, durante a campanha para o título na grama de Birmingham em junho. Halep levou a melhor na primeira vez que elas se enfrentaram, ainda em 2017 em Wimbledon, e também no Australian Open deste ano.

+ Bia: 'A cada rodada, eu ficava mais confiante'
+ Bia: 'Trabalho há 15 anos para viver esses momentos'

Paulista de 26 anos, Bia conquistou nesta temporada seus dois primeiros WTA 250, nas quadras de grama de Nottingham e Birmingham. Ela também tem um vice-campeonato em Seul ainda em 2017. Já Simona Halep está com 30 anos, já tem 23 títulos e vai para sua 42ª final do circuito. Só em torneios WTA 1000, a romena acumula oito conquistas e mais nove vice-campeonatos. No Canadá, venceu as edições de 2016 e 2018, quando o torneio acontecia em Montréal.

"Simona é uma jogadora muito competitiva. Para mim, ela é uma das mais competitivas do circuito. Ela é uma campeã e uma pessoa que trabalha muito. Sei que será uma batalha muito dura, mas vou aproveitar e deixar tudo na quadra. Tenho que ser agressiva. Estarei numa quadra grande contra uma tenista top e em uma final de WTA 1000. Esse é o momento de jogar o meu melhor tênis", disse Bia, projetando o confronto deste domingo.

Bia cola no top 15 e se aproxima do grupo do Finals
A campanha até a final em Toronto rende 585 pontos no ranking, com 900 pontos para a campeã. Já o prêmio em dinheiro para a vencedora do torneio canadense é de US$ 439.700 com US$ 259.100 para a vice.

Bia iniciou a semana com a melhor marca da carreira, o 24º lugar, e entrará no top 20 após o torneio. Ela está subindo para o 16º lugar e pode terminar a semana como 14ª do ranking. Já na corrida por uma vaga no WTA Finals, considerando só os resultados de 2022, a brasileira iniciou a semana na 20ª posição e já se aproxima do top 10 da temporada. As oito melhores do ano se classificam para o Finals, que ainda não tem sede definida.

"Acho que rankings e resultados só refletem o quanto eu e o meu time trabalhamos nos últimos anos. Estou muito feliz e orgulhosa deles, e sei que não estou sozinha. Isso tudo só mostra que estamos no caminho certo", avaliou a número 1 do Brasil. "Eu tinha traçado o objetivo de ser top 20 até o final do US Open e estou contente de ter alcançado. Objetivos servem de motivação, para saber para onde queremos ir, e não como pressão. Agora é seguir firme e trabalhando duro. Evoluir todos os dias é o que me move".

Após superar rivais agressivas, Bia encara outro estilo de jogo
Ao longo da semana, Bia venceu quatro jogadoras do top 20: A série começou com Leylah Fernandez, e passou pela número 1 do mundo Iga Swiatek, além de Belinda Bencic e Karolina Pliskova. Mas depois de ter enfrentado algumas rivais de estilo mais agressivo, especialmente Swiatek e Pliskova, a brasileira precisa se preparar para aguentar a solidez de fundo de Halep, que consegue sustentar as trocas de bolas mais longas com frequência, fazendo com que as adversárias cometam mais erros.

Foi assim que a romena virou o jogo contra Jessica Pegula na semifinal de sábado. "Eu mudei um pouco as táticas, o jogo no primeiro set estava muito rápido e ela estava batendo muito forte na bola. Eu não estava com ritmo, mas me acalmei e consegui afastá-la um pouco mais da linha de base e funcionou", avaliou Halep.

E por falar em solidez e consistência, é importante prestar atenção no vento, que foi um fator determinante em várias partidas no torneio, inclusive na vitória de Bia sobre Swiatek na última quinta-feira. Nas palavras da número 1 do mundo, a brasileira prevaleceu por ter sacado muito bem e adaptado melhor às condições climáticas daquele dia.

'Estava quase parando de jogar', diz a romena
Já a experiente tenista de 30 anos chega à sua primeira final desde que começou a treinar com o francês Patrick Mouratoglou, ex-técnico de Serena Williams. A romena foi já foi número 1 por 64 semanas e hoje ocupa a 15ª posição do ranking. Ela está voltando ao top 10. Se for campeã, retorna ao sexto lugar.

"Espero que possamos chegar em mais finais no futuro, mas o agradeço por estar ao meu lado. Ele está me motivando a lutar e vencer cada partida que eu jogo. É ótimo tê-lo na equipe", disse a romena. "Antes de trabalhar com ele, estava super em baixa com a minha motivação. Eu estava quase parando de jogar tênis. Então, ele trouxe esse fogo de volta e a motivação. Ele confiou que eu ainda posso jogar um bom tênis e transferiu isso para mim. Então, estamos fazendo um bom time e confio no que estamos fazendo".

Bia convive com as melhores e já é mais estudada por rivais
Na atual temporada, Bia venceu sete dos oito jogos que fez contra jogadoras no top 20, e já tem dez vitórias na carreira contra adversárias desse nível. Além disso, venceu os três jogos que fez contra top 5 em 2022. Técnico da tenista, Rafael Paciaroni falou em julho a TenisBrasil sobre o quanto a maior frequência de confrontos contra grandes nomes tem sido fundamental para sua evolução.

"O ambiente é decisivo na evolução do ser humano, e neste caso da Bia, da jogadora. Estar treinando, jogando, convivendo com as melhores jogadoras do mundo te obriga a estar o tempo todo buscando sua melhor versão e atenta a novos aprendizados, e novas soluções para novos problemas. Isso te obriga a estar concentrada por mais tempo", disse Paciaroni.

"Hoje em dia com a tecnologia e as empresas de análise de jogo e estatísticas praticamente todo mundo tem informação sobre todo mundo. Quanto mais você disputa partidas, mais informações suas estarão disponíveis para o mundo. Por isso temos que trabalhar muito bem no dia a dia para que a nossa qualidade possa estar a altura dos novos desafios".

Quando perdeu para Halep na Austrália, Bia assimilou a lição
Na partida realizada contra Halep durante o Australian Open em janeiro, Bia assimilou as lições da dura derrota por 6/2 e 6/0, e que foram importantes para que ela pudesse enfrentar melhor os grandes nomes do circuito. "A Halep fez um jogo excelente. Ela foi superior em todos os aspectos. Em todos os pontos do jogo ela trabalhou melhor do que eu. Não fiz um bom trabalho, tanto tenisticamente quanto mentalmente", disse a TenisBrasil em janeiro.

"Eu tinha claro o que precisava fazer, sabia desde o começo a estratégia e a forma de encarar esses momentos. Mas não consegui lidar bem com o jogo. Quando você enfrenta jogadoras desse nível, elas não vão te dar uma brecha. Não consegui me superar para de fato enfrentar a Halep. Foi um jogo Bia contra Bia e eu não consegui virar a chave. Mas venho amadurecendo e acho que a minha maior qualidade é a capacidade de aprender e me levantar. Sou muito forte e resiliente e tenho certeza que isso foi só uma pedrinha no meu caminho. Preciso seguir fazendo o meu trabalho, melhorar o que for preciso e seguir em frente".

Relembre os confrontos entre Bia e Halep no circuito.

2022
Birmingham - grama - semifinal - Beatriz Haddad Maia, 6/3 2/6 6/4
Australian Open - sintético - segunda rodada - Simona Halep, 6/2 6/0
2017
Wimbledon - grama - segunda rodada - Simona Halep, 7/5 6/3

Comentários