Londres (Inglaterra) - Treinador do suíço Roger Federer em seus últimos anos no circuito profissional, o croata Ivan Ljubicic falou um pouco sobre sua relação com o tenista da Basileia, que irá se aposentar do circuito nesta sexta-feira, jogado duplas com o espanhol Rafael Nadal na Laver Cup. Em entrevista ao Tennis Majors, ele destacou dois momentos opostos de emoção: a vitória na final do Australian Open de 2017 e a derrota na final de Wimbledon em 2019.
Lembrando o vice de Wimbledon de três anos atrás, Ljubicic contou como foi o clima após o jogo. “Não foi uma tragédia de proporções épicas, mas foi uma pena porque ele jogou magnificamente e eu estava orgulhoso do que fez. No final acabou sendo sua última chance de ganhar um Grand Slam, mas não sabíamos disso na época. Sempre pensamos que teríamos mais uma”, comentou o treinador de Federer.
Já ao falar do título de Federer na Austrália em 2017, ele garantiu que estava confiante no pupilo. “Naquela época, o histórico dele com o Rafa era muito negativo, havia cicatrizes ali, então essas coisas significavam muito. Ele jogou com a convicção de que poderia vencer, isso era o mais importante para mim como treinador. Quando vi o Roger no quinto set, apesar de estar perdendo por 3/1, fiquei tranquilo porque estava jogando da maneira certa e a oportunidade estava por vir. Foi uma vitória muito emocionante”.
Ljubicic disse que ser treinador na elite do tênis é mais sobre passar tempo juntos e tentar mudar a mente do jogador em algum momento em um processo demorado. “Muitas vezes ouvi na televisão um comentarista dizer: 'Olha, o treinador mudou isso', depois de passar só um mês juntos. Não há como dizer no que Goran e Novak estão trabalhando agora, simplesmente não dá. Talvez até eles próprios tivessem dificuldade em explicar. O segredo está em passar tempo juntos, treinar e esperar por algo natural. Uma pequena mudança pode trazer excelentes recompensas”, comentou.
Sobre o trabalho com Federer, ele enalteceu a absorção que o suíço tinha nas ideias conversadas. “Está sempre aberto a experimentar coisas novas. Se eu lhe dissesse para tentar o backhand de duas mãos, ele tentaria. Roger está ciente de que sua personalidade é forte e seu carisma pode surpreender as pessoas, Mas como treinador, ele sempre realmente ouve o que você pensa, não está interessado em que lhe digam o que ele quer escutar. Nesse sentido, podemos dizer tudo o que pensamos, então ele já processa a informação”.
Por fim, o técnico falou também sobre a despedida de Roger e da preparação para a Laver Cup. “Eu o vi treinar e ele estava bem, batendo bem na bola, mas fisicamente não posso avaliar. Tenho certeza de que será um show, embora não seja ideal se despedir dessa maneira. Mas também é verdade que Roger gostaria de jogar até os 100 anos. Estou preparado para uma noite emocionante”, encerrou Ljubicic.