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Vice-campeão, Ymanitu espera se tornar referência
27/01/2023 às 06h00

Ymanitu e o sul-africano Donald Ramphadi ficaram com o vice-campeonato de duplas em Melbourne

Foto: Divulgação
Diego Diegues
Especial para TenisBrasil

Principal nome do tênis brasileiro em cadeira de rodas, Ymanitu Silva segue quebrando paradigmas. O catarinense, número 8 do mundo, alcançou na Austrália sua terceira final de Grand Slam e ficou com vice-campeonato na divisão Quad, destinada aos tenistas com deficiência em pelo menos um membro superior.

Ymanitu e o sul-africano Donald Ramphadi foram superados pelos holandeses Sam Schroder e Niels Vink, principais favoritos, que venceram por 6/1 e 6/3. Ao encerrar sua participação em Melbourne, o jogador de 39 anos afirmou estar feliz com seu desempenho e que pretende continuar como referência no esporte.

“Muito feliz com meu desempenho. Já são 14 anos disputando torneios em cadeira de rodas. Sou apaixonado pelo o que faço. Só de estar aqui já é uma vitória. Quero agradecer minha equipe e meus familiares pelo apoio de sempre”, disse Ymanitu Silva em entrevista exclusiva a TenisBrasil. Além do vice-campeonato na Austrália, ele possui outros dois segundo lugares em Roland Garros, em 2019 e 2022, sempre nas duplas.

Formado em Gestão Ambiental, o catarinense iniciou na modalidade Quad, após conhecer o seu treinador, Wanderson Cavalcante, em uma clínica de reabilitação em Brasília. "Não nasci numa cadeira de rodas. Eu sofri um acidente de carro, e quando estava no processo de reabilitação, conheci Wanderson que me apresentou ao esporte. Eu tive que passar por uma classificação ocasional e obrigatória para disputar esse tipo de competição", explicou Silva.

Jogando em cadeira de rodas, desde 2008, Ymanitu disse que sua carreira decolou mesmo em 2019, quando iniciou sua trajetória em torneios do Grand Slam. “Orgulho de estar levando o tênis brasileiro de cadeira de rodas comigo para o mundo. Tudo no nosso país e dificil, entao queria agradecer a minha familia, a minha equipe técnica e patrocinadores pelo apoio”, disse o catarinense

Primeiro brasileiro a ser top 10 do ranking mundial, ele afirmou que vem trabalhando forte desde 2020, e que tem focado cada vez mais no aspecto tático do tênis. “Sou realista. Sei o que preciso para alcançar voos maiores”, ressaltou. O catarinense, que chegou a atuar na Margaret Court Arena na estreia de simples, tem como objetivo o Parapanamericano, no Chile, e os Jogos Paralímpicos, em Paris. “Quero ter uma boa participação nestes torneios, além de continuar jogando os Grand Slams”.

Ymanitu disse que encara com naturalidade o fato de ser o principal nome da America do Sul na modalidade. “Trabalho para ser número 1, mas tenho que ser realista. É preciso continuar sonhando alto e jogando em alto rendimento pelos próximos 10 anos”. O brasileiro tem como grande inspiração, o seu conterrâneo e lenda do tênis mundial, Gustavo Kuerten.

Satisfeito com seu desempenho na Austrália, ele se considera um vencedor e diz que está sempre na busca por melhores resultados. “Se a gente ficar em casa, esperando pelos outros, nada vai acontecer. Tem que trabalhar, se dedicar, e os sonhos podem se tornar realidade. Foi uma cadeira de rodas que me proporcionou uma mudança de vida. A deficiência não é uma barreira, mas sim uma nova visão de mundo e abertura de possibilidades”.

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