Principal nome do tênis brasileiro em cadeira de rodas, Ymanitu Silva segue quebrando paradigmas. O catarinense, número 8 do mundo, alcançou na Austrália sua terceira final de Grand Slam e ficou com vice-campeonato na divisão Quad, destinada aos tenistas com deficiência em pelo menos um membro superior.
Ymanitu e o sul-africano Donald Ramphadi foram superados pelos holandeses Sam Schroder e Niels Vink, principais favoritos, que venceram por 6/1 e 6/3. Ao encerrar sua participação em Melbourne, o jogador de 39 anos afirmou estar feliz com seu desempenho e que pretende continuar como referência no esporte.
“Muito feliz com meu desempenho. Já são 14 anos disputando torneios em cadeira de rodas. Sou apaixonado pelo o que faço. Só de estar aqui já é uma vitória. Quero agradecer minha equipe e meus familiares pelo apoio de sempre”, disse Ymanitu Silva em entrevista exclusiva a TenisBrasil. Além do vice-campeonato na Austrália, ele possui outros dois segundo lugares em Roland Garros, em 2019 e 2022, sempre nas duplas.
Formado em Gestão Ambiental, o catarinense iniciou na modalidade Quad, após conhecer o seu treinador, Wanderson Cavalcante, em uma clínica de reabilitação em Brasília. "Não nasci numa cadeira de rodas. Eu sofri um acidente de carro, e quando estava no processo de reabilitação, conheci Wanderson que me apresentou ao esporte. Eu tive que passar por uma classificação ocasional e obrigatória para disputar esse tipo de competição", explicou Silva.
Top performance from the top seeds 👏
— #AusOpen (@AustralianOpen) January 27, 2023
🇳🇱 @SamWCTennis / Niels Vink take the quad doubles title with a convincing 6-1 6-3 win over Ramphadi/Silva.@wwos • @espn • @eurosport • @wowowtennis • #AO2023 • #AusOpen pic.twitter.com/XBEZia2ija
Jogando em cadeira de rodas, desde 2008, Ymanitu disse que sua carreira decolou mesmo em 2019, quando iniciou sua trajetória em torneios do Grand Slam. “Orgulho de estar levando o tênis brasileiro de cadeira de rodas comigo para o mundo. Tudo no nosso país e dificil, entao queria agradecer a minha familia, a minha equipe técnica e patrocinadores pelo apoio”, disse o catarinense
Primeiro brasileiro a ser top 10 do ranking mundial, ele afirmou que vem trabalhando forte desde 2020, e que tem focado cada vez mais no aspecto tático do tênis. “Sou realista. Sei o que preciso para alcançar voos maiores”, ressaltou. O catarinense, que chegou a atuar na Margaret Court Arena na estreia de simples, tem como objetivo o Parapanamericano, no Chile, e os Jogos Paralímpicos, em Paris. “Quero ter uma boa participação nestes torneios, além de continuar jogando os Grand Slams”.
Ymanitu disse que encara com naturalidade o fato de ser o principal nome da America do Sul na modalidade. “Trabalho para ser número 1, mas tenho que ser realista. É preciso continuar sonhando alto e jogando em alto rendimento pelos próximos 10 anos”. O brasileiro tem como grande inspiração, o seu conterrâneo e lenda do tênis mundial, Gustavo Kuerten.
Satisfeito com seu desempenho na Austrália, ele se considera um vencedor e diz que está sempre na busca por melhores resultados. “Se a gente ficar em casa, esperando pelos outros, nada vai acontecer. Tem que trabalhar, se dedicar, e os sonhos podem se tornar realidade. Foi uma cadeira de rodas que me proporcionou uma mudança de vida. A deficiência não é uma barreira, mas sim uma nova visão de mundo e abertura de possibilidades”.