Rio de Janeiro (RJ) - A longa e bem sucedida carreira de Thomaz Bellucci teve fim na noite desta quarta-feira no saibro do Jockey Club. Convidado para o ATP 500 do Rio na condição de mero 915º do ranking, ele foi superado pelo argentino Sebastian Baez, 35º, por 6/3 e 6/2. Ao longo de 1h35 de um jogo bem disputado, foi possível ver sorrisos do canhoto.
Nascido em Tietê, no interior paulista, Bellucci se profissionalizou ainda aos 17 anos em 2005 e assim permaneceu no circuito por 19 temporadas, algumas incompletas. Viveu seu primeiro auge entre 2010 e 2012, sofreu problemas físicos mas se recuperou em 2015. Na volta de uma suspensão de cinco meses por doping, em janeiro de 2018, iniciou um processo de queda contínua até tomar a decisão de se aposentar.
O primeiro título de nível ATP veio em Gstaad, em 2009, e pouco depois ganhou Santiago, em 2010, e o sucesso sobre o saibro o impulsionou para o mais alto ranking da carreira, o 21º, em julho de 2010, que permanece o mais relevante entre os homens depois de Gustavo Kuerten. Por duas vezes na carreira, esteve a uma vitória de entrar no top 20.
Ele voltaria a ganhar Gstaad em 2012 e brilhou novamente no saibro europeu em 2015, com a conquista de Genebra. A combinação entre saibro e altitude foi a que ele mais destacou. Somou ainda quatro vices, três no saibro e um na quadra dura: Sauípe (2009), Moscou (2012), Quito (2016) e Houston (2017) e venceu um ATP de duplas em Stuttgart em 2013, com finais em Quito (2016) e Rio Open (2019).
Thomaz Bellucci hangs up his rackets with an impressive CV 🌟
— Tennis TV (@TennisTV) February 22, 2023
- 200 career wins
- Career-high No.21 ranking
- 4 ATP titles (2009 Gstaad, 2010 Santiago, 2012 Gstaad, 2015 Geneva)
- 6 top 10 wins, including #4 Murray at 2011 Madrid
- One of just 5 players to bagel Djokovic on clay pic.twitter.com/4PXRGLLz94
Totalizou 200 vitórias de primeira linha no circuito, mas não jogava a chave principal de um ATP desde abril de 2021. A premiação oficial recebida foi de US$ 5,36 milhões.
Bellucci operou o joelho ainda como juvenil e venceu o primeiro 'future' em Santos, em 2004, despertando interesse por seu potencial. Canhoto de 1,88m, dono de poderoso saque e forehand muito pesado, faltou um grande resultado em nível Grand Slam - fez oitavas em Roland Garros de 2010. Pouco depois, no saibro alto de Madri, realizou a grande campanha de sua carreira, ao derrotar o top 5 Andy Murray e o sétimo do mundo Tomas Berdych para ir à semifinal do Masters 1000, onde abriu 6/4 e 3/1 sobre o então invicto Novak Djokovic antes de levar a virada. Descobriu depois sofrer de um problema de suor excessivo que minava energia em jogos muito longos.
Sua relação com o público e a torcida brasileira sempre foi conflituosa devido a sua timidez natural. Num dos pontos marcantes de sua carreira, deixou o ginásio do Ibirapuera sob vaias ao perder a semifinal do Brasil Open de 2013. No mesmo lugar, um ano depois, derrotou Pablo Andujar e Roberto Bautista para levar o Brasil ao Grupo Mundial da Copa Davis e saiu muito emocionado de quadra.
Também venceu outros jogos marcantes, como contra o grande sacador John Isner em melhor-de-cinco numa quadra e coberta nos Estados Unidos pela Davis, ou diante de David Ferrer nas lentas condições do saibro de Monte Carlo.
Outra grande temporada do paulista foi em 2016, quando derrotou nomes do top 15 como Gael Monfils e David Goffin, aplicou um 'pneu' em Novak Djokovic no saibro de Roma, jogou uma semifinal de ATP no piso duro em Shenzhen e fez grande campanha nos Jogos Olímpicos do Rio, parando diante de Rafael Nadal nas quartas.
Soaking it all in 🥹
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The last changeover of Thomaz Bellucci's career...#RioOpen pic.twitter.com/9KjdvJKdre
Despedida honrosa
Apesar de não enfrentar um tenista de nível top 40 desde justamente o Rio Open de 2018, quando perdeu para Fabio Fognini na primeira rodada, Bellucci não fez feio contra um adversário especialista no saibro, 13 anos mais jovem e com dois ATPs já no currículo, um deles há dez dias em Córdoba. Sem disputar partidas desde setembro, ele sofreu quebra logo em seu primeiro game de serviço e isso fez toda a diferença no set inicial. Depois, jogou melhor com o primeiro saque e procurou tirar o máximo do forehand, embora algumas vezes faltassem profundidade ou direção.
Chegou a ter duas chances para recuperar a quebra no terceiro game, que Baez evitou com muita consistência na base, e depois evitou dois set-points no oitavo game. Algumas escolhas ruins eram evidentes, como deixadas muito altas e subidas sem confiança à rede.
Baez voltou a tirar o serviço de Bellucci muito cedo no segundo set, agora no terceiro game, e cada vez mostrava melhor trabalho de pernas e ótimas variações defensivas. Bellucci já demonstrava falta de pernas, mas ainda salvou dois match-points com seu clássico forehand de dentro para fora. Chamou a torcida na última virada de lado de sua carreira antes de ver Baez jogar na rede outro match-point mas enfim concretizar sua clara superioridade.
Obrigado por tudo, Thomaz 🫶
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Competing in his final ATP tournament at age 35, Thomaz Bellucci goes down to Sebastian Baez 6-3 6-2 at the #RioOpen 🇧🇷 pic.twitter.com/8aVovv1XGT