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'Médico disse que eu nunca jogaria', diz rival de Pigossi
06/04/2023 às 14h49

A britânica Francesca Jones nasceu com uma condição genética rara e passou por várias cirurgias

Foto: Copa Colsanitas

Bogotá (Colômbia) - Adversária da brasileira Laura Pigossi nas quartas de final do WTA 250 de Bogotá, Francesca Jones faz sua melhor campanha em um torneio da elite do circuito. A britânica de 22 anos já superou a espanhola Nuria Parrizas Diaz, cabeça 3 em Bogotá e 80ª do mundo, e também a canadense Carol Zhao nas primeiras fases. Mas sua trajetória esporte é diferente da maioria dos atletas, e ela chegou a ouvir de médicos que nunca poderia jogar tênis.

Jones nasceu com uma condição genética rara: a síndrome da displasia ectodérmica ectrodactilia (DEE). Por isso, tem quatro dedos em cada mão e três dedos a menos nos pés, o que exigiu cirurgias frequentes ao longo dos anos.

"Os médicos me disseram que eu nunca poderia jogar tênis devido às desvantagens que eles achavam que eu tinha", disse a britânica, em entrevista ao site da ITF em 2021. "Quando fui limitada por alguém, ou houve uma tentativa de me limitar, e isso só me levou a me dedicar ainda mais. Eu pensei: 'Se alguém está me dizendo que não posso fazer alguma, e na verdade acho que posso'. Essa foi uma decisão minha, queria provar que eles estavam errados".

"Obviamente, há muito mais risco de lesões. Na minha mão esquerda, acho que já fiz mais de dez cirurgias. Isso é algo que tenho que lidar de uma maneira diferente, porque tive que trabalhar muito mais no preparo físico. Meus pés funcionam de maneira diferente e isso significa que corro de maneira diferente. Meu equilíbrio passa por meus pés e dedos de uma maneira diferente", ponderou a jovem jogadora.

A britânica teve seu primeiro contato com o tênis aos cinco anos e joga regularmente desde os nove. Ainda na infância, mudou-se para Barcelona quando tinha nove anos para treinar na Sanchez-Casal Tennis Academy. Ela ficou lá até os 16, quando mudou de academia, mas seguiu treinando na Espanha. "Isso me deu muita bagagem. Hoje sou bilíngue e tive o prazer de viver em uma cultura diferente. Acho que um dos meus maiores pontos fortes é minha independência e minha capacidade de resolver problemas sozinha".

Como tenista profissional, Jones conseguiu furar o quali do Australian Open em 2021, temporada em que disputou duas finais de ITF contra Beatriz Haddad Maia. Já em fevereiro de 202, chegou ao 149º lugar do ranking da WTA, mas ficou mais de um ano fora do circuito. Atualmente, a britânica ocupa a 817ª posição, mas pôde entrar na chave de Bogotá com ranking protegido. Neste começo de temporada, ela jogou alguns torneios da ITF no saibro e chegou a vencer três brasileiras, Carol Meligeni, Gabriela Cé e Georgia Gulin. Sua participação mais recente em uma chave principal da WTA havia sido na grama de Wimbledon em 2021.

Em entrevista ao portal Tennis Majors, realizada logo que ela entrou no Australian Open de duas temporadas atrás, Jones comentou sobre os objetivos e o legado que gostaria de deixar o tênis. "Quero causar impacto no mundo. Não almejo fama alguma, mas quero apenas dar algo em troca para o mundo. E para fazer isso, você tem que conseguir algo que muitos consideram ótimo".

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