Londres (Inglaterra) - Um dos maiores críticos sobre o comportamento dos circuitos da ATP e WTA em relação à guerra na Ucrânia, o ucraniano Sergiy Stakhovsky manteve a linha em entrevista ao The Guardian. Ele criticou não apenas a postura dos dirigentes, mas também a de alguns atletas e lamentou que a posição firme de Wimbledon, impedido russos e bielorrussos de competir no ano passado, foi algo isolado.
“No ano passado, Wimbledon mostrou grande coragem. Eles foram pioneiros em termos do que deveria ser certo e do que deveria ser errado. Infelizmente, não encontraram nenhum apoio dentro de suas próprias fileiras. Estou falando de torneios de Grand Slam. Então tivemos uma situação particularmente triste em que nossas próprias turnês multaram Wimbledon por fazer isso”, reclamou Stakhovsky.
Para ele, o resto do mundo do tênis decepcionou Wimbledon e a Ucrânia. “Puniram aqueles que realmente se opunham à guerra. Russos e bielorrussos deveriam ser os primeiros a dizer: 'Esta é uma situação terrível, não apoiamos nosso governo neste banho de sangue que eles criaram no território da Ucrânia matando civis, crianças e mulheres.' Porém, dizem que o esporte deveria ficar fora da política”, acrescentou.
Stakhovsky destaca que não apertar as mãos de russos e bielorrussos é uma mensagem forte, só que nem isso tem sido compreendido pelo mundo do tênis. “Em Paris vimos uma má recepção da torcida (referindo-se às vaias para Elina Svitolina na partida contra Aryna Sabalenka). Seria diferente se os jogadores não competissem contra os russos, mas financeiramente seria diferente para um torneio quando de repente eles não tivessem uma semifinal ou uma final”, comentou o ucraniano.
“Por outro lado, é estranha a forma como Sabalenka se apresenta como vítima nesta situação, é patética. Um ano após o início da guerra, ela não está disposta a responder a uma pergunta direta sobre se ela, como indivíduo, condena os atos praticados por seu país. Pode-se dizer que no ano passado eles temiam por suas famílias, por seus parentes, com medo de serem processados em seus países quando falavam. Mas passou um ano e meio depois da guerra e tiveram a chance de partir e levar suas famílias”, finalizou.