Londres (Inglaterra) - A equilibrada partida das oitavas de final de Wimbledon, entre Victoria Azarenka e Elina Svitolina, terminou ao som de vaias na Quadra Nº 1 do All England Club. Não houve um cumprimento junto à rede entre as duas jogadoras, como tem acontecido em outros jogos de tenistas ucranianas contra rivais da Rússia ou de Belarus. As duas jogadoras lamentaram o ocorrido, especialmente Azarenka, que também amargou uma dura derrota de virada com parciais de 2/6, 6/4 e 7/6 (11-9).
"Não consigo controlar a torcida. Não tenho certeza se muitas pessoas estavam entendendo o que estava acontecendo. O que concordamos é que não foi justo. Mas o que posso fazer?", disse Azarenka, durante a entrevista coletiva. "Conheço a Elina há muito tempo. Sempre tive um bom relacionamento com ela. As circunstâncias são o que são. Ela não quer apertar a mão de russas e bielorrussas. Eu respeitei a decisão dela. O que eu deveria ter feito? Ficar esperando? Não há nada que eu pudesse fazer. Então fiz o que pensei ser a solução mais respeitosa com a decisão dela".
Desde o início da guerra na Ucrânia, os tenistas da Rússia e de Belarus têm disputado as competições do circuito sob bandeiras neutras e sem o uso de símbolos nacionais. No ano passado, houve até um banimento em Wimbledon, que não foi mantido para a atual temporada. Svitolina reiterou que não irá cumprimentar essas jogadoras junto à rede enquanto a guerra durar. E ela própria já foi vaiada por isso em Roland Garros, quando não apertou as mãos de Aryna Sabalenka nas quartas.
"Sempre que uma jogadora perde e não aperta a mão da adversária, ela é vaiada. É assim que eu sinto. Foi assim comigo em Paris. Tive um apoio incrível da torcida nas outras partidas. Mas nas quartas de final, fui vaiada quando saí da quadra. Também foi injusto", afirmou a jogadora de 28 anos. "Não sei se a reação do público seria diferente se eu perdesse. Eu realmente não posso responder a esta pergunta. Mas já disse várias vezes que até que as tropas russas saiam da Ucrânia e retomemos nossos territórios, não vamos apertar as mãos".
"Pessoalmente, acho que as organizações do tênis devem fazer uma declaração de que não haverá aperto de mão entre jogadores russos, bielorrussos e ucranianos. Talvez isso não esteja claro para as pessoas. Algumas pessoas realmente não sabem o que está acontecendo. Então eu acho que essa é a maneira certa de fazer", sugeriu a ex-número 3 do mundo.
A experiente Azarenka, de 33 anos, acha que o assunto já deveria estar superado nas discussões com a imprensa. "Essa conversa sobre apertar as mãos não é um assunto que muda as nossas vidas. Mas quanto mais as pessoas falam disso, mais longo esse assunto fica. E na minha opinião, não é uma conversa que tenha substância. No final do dia é apenas uma partida de tênis. O resultado está feito. Nada que eu possa fazer para mudar. Tenho continuar trabalhando duro para da próxima vez tentar novamente".
Vitória nas oitavas e duelo com Iga na próxima fase
De volta às quartas em Wimbledon após quatro anos, a ucraniana comemorou o poder de reação na partida e agradeceu à torcida pelo apoio. "Eu não joguei o meu melhor, mas estava lutando. Quando eu perdia por 0/2 no segundo set, ouvia o público torcendo por mim e quase tive vontade de chorar. Ponto a ponto, tentei encontrar o caminho para vencer. Eu estava pensando em casa, com muitas pessoas torcendo por mim. Eu sei o quanto qualquer momento de felicidade significa para eles. É uma sensação inacreditável".
Svitolina enfrenta nas quartas a número 1 do mundo Iga Swiatek. Será o segundo duelo entre elas, com vitória da polonesa no saibro de Roma. "Ela é uma grande campeã e também uma excelente pessoa. Sou muito grata por seu apoio ao povo ucraniano, fazendo tudo o que está ao seu alcance e falando sobre isso sempre que pode. Ela também teve uma batalha duríssima hoje. Ainda não conversei com meu técnico sobre qual será o plano de jogo. Mas eu vou amanhã ter um dia de treino e a prioridade vai ser a recuperação. Só amanhã vou repassar o plano de jogo, ver como posso encontrar uma maneira de vencê-la".